Um grito fino e animado cutucou os ouvidos de Trafalgar Law, o fazendo franzir as sobrancelhas, mas não irritado, até porque esperava essa reação vinda de sua companheira, acreditava que todos viam a alegria dela antes de chegarem por definitivo em terra firme, e ao se virar, apenas para conferir sua certeza, viu uma cena que se propagava na mente como uma predição do futuro.
Com um galho pontudo na mão, [Nome] cutucava a bolha que desgrudava do solo pegajoso do Arquipélago de Sabaody, os olhos arregalados ao máximo tal qual estivesse vendo uma coisa de outro mundo, por total fora de sua realidade pirata.
Law não sabia se a reação condizia por ela estar vendo pela primeira vez o fato incomum daquele lugar, ou se disfarçava muito bem para que ninguém desconfiasse de seus conhecimentos para com diversas partes da Grand Line. Ela fez isso uma vez, e o capitão dos piratas do coração, mesmo tão perspicaz, acabava acreditando na mulher, mas de toda forma, isso não era alarmante.
— Olha Bepo, não estoura — exclamou [Nome], saltitando pelas bolhas que surgiam e as cutucando com a ponta do galho. — Não estoura! O que é essa bolha estranha? Por que será que elas saem do chão?
A encarou como se visse uma criança, por mais que não se desse muito bem com crianças. Ela portava o espírito ingênuo de um típico aventureiro que descobria coisas novas, algo que internamente considerava importante na vida de um pirata, afundado em muitas outras coisas que compunham esse perfil perseguido pela marinha. Era fácil imaginar que [Nome] seria de bom proveito em ambos os lados diferentes da sociedade, ela sem dúvidas era alguém interessante.
— As raízes dos manguezais puro músculo secretam uma resina natural especial — respondeu Penguin, a fitando continuar sua "pesquisa" pessoal cutucando as bolhas e tentando as estourar, sem sucesso.
— Sério? — [Nome] retirou uma das luvas brancas que usava e passou a palma no chão, torcendo a boca em desgosto para a meleca nos dedos. — Que nojo, parece caca de lesma. — Limpou a mão no macacão laranja que continha a Jolly Roger de seu bando no peito.
— Quando as raízes respiram, elas formam bolhas de resina — concluiu Penguin, cruzando os braços e parecendo orgulhoso de si mesmo por saber disso, por mais que não fosse grande coisa. Entretanto, Law lembrava que [Nome] e ele possuíam um pequeno atrito e que Penguin não media esforços para querer estar sempre um passo à frente dela, nem que fosse nas coisas mais fúteis existentes.
Deve ser o efeito "tenho uma recompensa três vezes maior que a sua". E de fato, ela tinha.
A informação dita por Penguin aumentou o fascínio da mulher em respeito as bolhas flutuantes e resistentes, os olhos pareciam brilhar através da camada transparente, e Trafalgar a assistiu abraçar uma bolha e saltar dela com uma agilidade impressionante. Em menos de segundos ela jazia metros acima, sendo nada mais que um pingo diante seus olhos.
Caso não estivesse enganado, as bolhas de Sabaody tinham um certo limite até que finalmente estourassem, e a restrição era um ponto específico da ilha.
— Sua maluca, o que você está fazendo tão alto?! — esganiçou Bepo, o urso branco que ocupava a posição de navegador do bando, balançando os braços desesperado, até ele sabia o quão [Nome] podia ser desmiolada em certos momentos. — Desça daí agora, não viemos aqui brincar!
Ela nem o dava ouvidos, subindo e subindo, curiosa para ver até onde poderia chegar.
— Bepo, pula aqui, é muito alto! – gritou [Nome]. — Eu consigo ver um parque de diversões e quase todo o manguez...
E Law esperava por aquilo, mais uma de suas predições corretas, e desta vez o fato de as bolhas grudentas estourarem é curioso e significante para o que vieram fazer no arquipélago: revestir o submarino para que conseguissem chegar à ilha dos homens peixe.
[Nome] despencou de onde estava devido a bolha ter encontrado o limite e estourado, mas a queda que lhe renderia algumas dores não foi sentida, no segundo em que o corpo se encontrava em queda livre, de repente apareceu sentada ao lado de Trafalgar. Ela arregalou levemente os olhos processando o que tinha acontecido, até notar que Law havia usado a habilidade da Ope Ope para que não desse de cara no chão, mesmo que não precisasse, pois portava uma resistência monstruosa e a queda nem sequer lhe traria um arranhão, talvez uma dor nas nádegas.
Uma risada rasgou o barulho das bolhas surgindo e explodindo no céu, [Nome] queria subir de novo, e só não o fez porque Bepo estava gritando em seu ouvido.
A euforia estampada na face não combinava nenhum pouco com o cartaz de procurada que a exibia. [Nome] carregava uma recompensa de bons quinhentos milhões, era conhecida ainda que não fazendo parte de um bando fixo, seus feitos contam com ataques em bases da marinha e algumas ilhas, a taxavam como um verdadeiro demônio em forma de mulher que causava destruição por onde passava. E Law questionava onde se escondia tamanha hostilidade, o governo adorava incluir histórias nos piratas novatos que se destacavam, se bem que de pirata novata ela não tinha nada. [Nome] agora fazia parte dos piratas do coração, um ganho para que se tornassem triplamente mais fortes.
— Não vá tão alto — alertou o cirurgião.
— Me desculpe, capitão. — [Nome] se ergueu, a excitação voltando aos poucos. — Mas é tão legal!
— Não vai ser legal cair de lá de cima — ralhou Bepo, e ganhou apenas uma risada como resposta, ela não se incomodava nenhum pouco.
— Vamos, vamos, não temos tempo a perder — disse Penguin, empurrando os dois piratas.
Enquanto os companheiros de bando seguiam em frente, Law abaixou o olhar para a mulher de macacão agarrada ao urso branco. De fato, [Nome] é uma pessoa interessante.
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Bolhas
FanficDe fato, [Nome] era uma pessoa interessante. Ela carregava uma euforia que não combinava nenhum pouco com o cartaz de procurada que a exibia.