"Ser ridicularizada por tantos anos me ensinou que ser invisível é o melhor super poder que alguém poderia ter."
- melissa
São Paulo
Oito meses antes...Ainda estava escuro lá fora quando me levantei da cama apressada. Me concentrei em tomar um banho rápido e lavar meus longos cabelos, escovei os dentes e vesti o uniforme o mais rápido que pude.
Era meu último dia de trabalho na cafeteria mais famosa do meu bairro. O último dia antes de eu me mudar para o Rio de Janeiro e morar com a minha tia Carmem.
[...]
Eram seis e quarenta e cinco quando eu passei pelas portas da cafeteira recebendo um sorriso gentil da minha chefe, uma mulher realmente extraordinária uma das melhores pessoas que eu já conheci.
- Bom dia minha querida, sente-se - puxei a cadeira de madeira de uma das mesas muito bem distribuídas pela cafeteria. Uma xícara de chocolate quente e uma pilha de panquecas foram postas a minha frente - coma, não quero que passe mal.
Eu sorri, um dos únicos sorrisos sinceros de minha vida. Me concentrei em comer enquanto a senhora em minha frente fazia o mesmo com seu bolinho de banana recém assado.
- Vou sentir sua falta querida, você foi a melhor funcionária que eu tive em anos.
- Sentirei sua falta também Anna, você foi minha melhor e única chefe em anos - disse fazendo a senhora de quase cinquenta anos sentada em minha frente sorrir.
- Espero que você finalmente encontre o que sempre esteve procurando querida, você realmente merece ser feliz. - eu sorri pela segunda vez naquela manhã. Anna era mais que uma chefe para mim, ela era parte da minha família, a pessoa que me apoiou em todas as minhas decisões sempre que pode e me acolheu sempre que foi necessário. Eu devia muito a ela.
- Eu também espero, Anna - apertei a mão da mesma carinhosamente - não se esqueça de mim, por favor - minha voz saiu baixa e recebi um sorriso da mulher a minha frente.
- Jamais poderia me esquecer de você querida.
[...]
Eram quase sete da noite e eu estava agora a caminho do aeroporto, meu vôo era as dez mas meus pais não tinham tempo para me trazer depois então eu teria que esperar três horas sozinha antes de embarcar pela primeira vez em um avião.
- Bom, se comporte e obedeça a sua tia não quero receber reclamações - a voz autoritária e firme de minha mãe ecoou assim que chegamos a área de espera do aeroporto.
- Não nos ligue a menos que seja muito importante, queremos aproveitar New York. - dessa vez foi o meu pai que falou.
Ele estava se referindo a viagem que ele e minha mãe fariam juntos, começariam em New York passando por diversas outras cidades e países. É claro que eu poderia ir com eles e voltar para casa no início das aulas, mas eles deixaram claro que eu só atrapalharia tudo. Acompanha-los durante as férias escolares também não era uma opção eles nem precisavam dizer o quanto queriam se livrar de mim, era óbvio.
- Façam uma boa viajem. - foi tudo o que eu disse não recebendo nem mesmo um "obrigada" ou um "igualmente" eles apenas deram as costas me deixando ali, sozinha.
Era isso. Eu teria que aprender a ser invisível a partir de agora. Eu não estou pronta para viver tudo de novo, o bullying, as piadas, a exclusão.
Ser ridicularizada por tantos anos me ensinou que ser invisível é o melhor super poder que alguém poderia ter.
Dessa vez eu é quem iria me excluir dos outros, me afastar o suficiente para não haver brechas para ser alvo de brincadeiras de mal gosto. Eu nem ao menos seria notada.
01. Espero que esse capítulo tenha ficado bom.
02. Me desculpe qualquer erro ortográfico.
03. Eu não sou uma escritora profissional, sendo assim me perdoem se a história estiver ruim.
04. Não se esqueçam de votar ♡
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invisible
Romance"eu sempre acreditei que almas gêmeas estavam destinadas a se amarem para sempre a partir do momento em que se encontram. Acabei descobrindo que almas gêmeas estão destinadas a se encontrarem mas não a ficarem juntas." Melissa Alencar sempre foi uma...