CADA DIA COM A SUA ALEGRIA

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Entendido afastar de todo ritual sem sentido, voltar, como girassol para o sol amigo, vendo em cada criatura um ponto de abrigo, Heladio Elmo de Deus  teve toda a sua vida sentindo que a boa lida se abre a quem estuda as ciências, as belas artes, humanas, exatas, biológicas ou as leis do coração, depois levando a sério a mágica da visualização.

Sem nunca se descurar de tudo quanto diz respeito à vibração, como contido no livro de Hermes Trismegisto, Caibalon, Heladio partiu para a ação de cura da própria energia e do seu maravilhoso coração.

As tradições e dogmas  criados para a caridade do servir a Deus presente no necessitado, pois o amor contagia, deixando o humano se subliminar, pecar, perdoar, penitenciar, errar de novo e se arrepender,

Viu, com notável paciência que. nas mãos  dos maus, o dom de profecia é de revelação,  tem sido usado  para o negócio da fé crescer, mantendo tudo como está em mãos do Poder.

A transformação do vil metal em ouro é o que resulta de tratar da melhor forma quem te acolhe aos gritos, como passo a contar no grande romance da vida deste amigo bendito, de uma vida inteira dedicada à apascentar rebanhos de cabritos,  com muita estrada e seu sonho bonito.

- Não sou pastor destes bodes, pois esta palavra foi ferida de morte na cidade - alertava Heladio Elmo de Deus, demonstrando compreensão de tudo quanto foi travado nas trevas para desacreditar o Criador e todos os verdadeiros Profetas do céu de sua imaginação.

- Vivo trocando de pastagens esses animais com fama ruim, mas vejo em cada bafejar das criaturas o sinal da maior ternura, e ,  aprendi, que  apascentar consiste em espalhar ternura.

Essa era uma das muitas conversas do grande Heladio com vizinhos mais chegados. Era um típico caboclo do mato, alto, moreno, olhos castanhos claros, cajado na mão direita e um terço na esquerda, levando o rebanho de uma à outra margem do Rio São Simão e seus afluentes, Pidaival e Moreiral, no sentido Leste-Oeste, as vezes sentido contrário, fechando esta rosa dos ventos como coletivo de ponto cardeal.

Heladio fazia o percurso com seu rebanho, contando nas contas do rosário,  como em oração, parando para dar e receber atenção, mas na sua fala mansa e pausada nunca demonstrou irritação, mesmo sob sol a pino e os bodes trepando nos arbustos mais próximos ao chão, para comerem galhos tenros e mais finos.

Era um devoto fervoroso das causas do seu ser, soube separar o EU SOU superior do avatar-corpo terráqueo, o eterno em si do externo em dó, tendo sido abandonado recém ferido de morte ao pé de uma árvore, na localidade de Jequié, sobrevivendo graças à sua coragem interna, e também a sua grande fé, depois que bandidos o feriram de morte, roubando sua montaria, abandonando-o à própria sorte.

Quando recobrou os sentidos, apenas viu um velhinho cobrindo seu frágil dorso naquele leito de morte, e, silencioso, tomando a trilha de volta evaporou na linha do horizonte Norte.

A barba branca rouba a cena cinquenta anos depois da afronta lá nas terras do coroné,  onde era apenas um jovem lutando pelo amor de Jurema, filha de um dono de terras milionário e com fama de muquirana e ruim com a ralé.

O muquirana tinha a herdeira como moeda de troca, para aumentar suas posses feitas de terras, arames farpados, rebanho de gado bovino, casa de séde bem estruturada, curralama e plantio de cana, napiê e uma floresta devastada.

Havia se tornado usurário depois de fazer muitas contas adquiridas de uma vida mundana e depravada, por isso perdeu filhos, amásia, e até a certeza de redenção. Seu nome era Sarapião das Flores, dono da Agropecuária do Perdigão. A última herdeira tinha morrido pelas mãos de um genro rico, mas escolhido por Sarapião para juntar suas terras dos dois lados do Baixão.

Em
desespero, Coronel Sarapião matou o seu
derradeiro vínculo com a a possibilidade de divisão, num ato de justiça com a própria mão, trucidando o péssimo genro com a própria  mão e, morto o último parente aderente o enterrou o mais fundo no chão.

   VIDA, ARQUITETURA DE MUITAS MÃOS                                       CordelOnde histórias criam vida. Descubra agora