Esta é fugaz oportunidade de renascer ou reconstruir, do berço nordestino, a verve do poeta repentista, que volta, também no físico, ao seu sertão, último destino, melhor, industrializado, com água na calha do Velho Chico. Alegria sincera corre-me dos olhos em forma de pingos, até de chuvas, agora com um ritmo mais apurado de aboio dobrado, torrente de cântaros e do Rio São Francisco, adoçando - me até os lábios, de onde sempre se ouviu: "Sua bênção, meu Padim Ciço" ! Depois de viver longe da origem, encoberto, no meio do garimpo, ao tropel, volto ao meu ser tão deserto, para este pequeno ensaio de trovador muito honesto. Lá, de onde venho, o cabra se desmancha no manchão ou no golfo, tirando pedras do barro e do barranco, do monte e do rio, para achar brilho ilusório, como as falas do mau patrão, explorador finório. Aos trancos e barrancos, na poeira das estradas, aos solavancos, chego de volta, livre dos quarenta quilos de matula e escafandro do garimpo, mas grato até os prantos... Mas, que volta e que surpresa... ! Achei meu povo mais feliz, agora sem o coronéis, que se mudaram para a Capital, morar de graça, nos apartamentos funcionais, por imposição de leis que eles próprios colocam nos papéis, fingindo que são indispensáveis a nós, seu rebanho, cercados fora do Distrito Federal. O AUTOR Nascido em 21 de dezembro, Olímpio Alves de Menezes (Monge Salamargo) voltou ao mundo em Tesouro. Filho do pernambucano Elizeu A de Menezes e da baiana Maria A de Menezes, é um dos dez filhos da vasta família originária do Nordeste. Foi seminarista católico, gráfico, repórter, radialista, escrevente de cartório, Escrivão Eleitoral, Técnico de Urna Eletrônica e Oficial de Justiça e atualmente é um artesão de pedras preciosas. Tem 36 obras publicadas na plataforma canadense-coreana Wattpad, e atualmente publica também na KDP Amazon .
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