Desabafos de uma Menina em Desenvolvimento

Realidade vs Ficção

Não sei se os outros sentem isso... Mas não é a primeira vez que me pego perdida entre o que é realidade e ficção. Um provável efeito colateral do tempo dentro do meu maior refugio: minha própria mente.

Creio que começou na minha infância, uma criança em meio aos seus sonhos e desejos provenientes dos milhares de filmes românticos que assistiu. Esta menina criou um mundo, uma realidade, um universo paralelo, tudo dentro de sua própria mente.

Ele pode se alterar dependendo dos personagens e das reviravoltas que o envolvem, mas são sempre fascinantes e inspiradores.

Ela é capaz de até mesmo pular no tempo! Ir e voltar sem ter que passar por processos longos e chatos se tornou seu passatempo preferido quando dentro de si mesma.

Ela se sente viva sabendo que ninguém mais conhece aquele mundo. Um mundinho só dela cheio de amor, sorrisos e felicidade pra onde quer que olhe!

Ele a leva para um ápice de felicidade e realização diferente que ela jamais sentiu anteriormente. Uma sensação de desprendimento, uma esperança nova, uma luz no fim de um túnel escuro e complicado chamado vida.

Neste mundo novo, ela é capaz de experimentar o namoro perfeito, o beijo perfeito, o pedido perfeito, o casamento perfeito.

Todos entendem o que ela sente.
Todos os seus sonhos se realizam.
Tudo sempre dá certo no final não importa o quão difícil é a situação.

Nessa perspectiva é fácil entender como ela foi capaz de mergulhar por completo. De tal forma que mesmo que ela abra os olhos e olhe ao seu redor, ainda se sinta nele. De forma que mesmo de olhos abertos é capaz de enxergar os personagens.

No entanto, essa realidade começou a se confundir com a realidade dela. Recobrar a consciência do universo onde se está tem se tornado cada vez mais difícil. E com ela vem o questionamento:

"Será que eu não deveria parar com isso e viver o aqui e agora? 'Seja sonhadora!' Eles disseram, mas não ser pé no chão está atrapalhando!"

Mas sinto como se fosse tarde demais. Abrir mão de sua maior válvula de escape não é assim tão fácil.

Pego-me até mesmo questionando se eu realmente vivi aquilo ou se sonhei e foi tão real que eu achei que tinha acontecido. Até mesmo fico com medo de um pesadelo depois de acordada, apenas percebendo que não é real ao ouvir a voz de minha mãe me chamando pra tomar café.

Pois é, pesadelos. Sonhar acordado é pros fracos. Eu sou capaz de ver tudo dando errado mesmo que não aconteça. Acabo piscando uma, duas, três vezes pra acordar.

Não sei se os outros também sentem isso, mas muitas vezes eu olho ao redor e nem ao menos sinto que faço parte daquilo tudo.

Me sinto apenas uma espectadora da minha própria vida.
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"Have you ever felt like nobody was there?" - Dear Evan Hansen