Capítulo 1

784 55 180
                                    

Havia se passado alguns anos desde que Adrien se tornara um pianista famoso. Acontece que suas apresentações eram escassas e quase ninguém entendia a razão. A única exceção, claro, era Plagg, que sabia mais sobre sua vida do que Adrien gostaria de admitir.

Bem, Adrien simplesmente não poderia se dar o luxo de manter-se ocupado em longos concertos quando seu alter ego poderia ser convocado a salvar Paris a qualquer momento do dia ou da noite. Assim, tal peculiaridade tornara suas apresentações ainda mais famosas, com ingressos cada vez mais concorridas.

— Eu sei o que está faltando — pronunciou Plagg de repente, libertando Adrien de seus devaneios.

O rapaz já tinha amassado inúmeros papéis, que agora se acumulavam na lixeira ao lado. Aquela sonata tinha que ficar tão perfeita quanto a garota que o inspirava. Verdade seja dita: todas as músicas que compusera foram iluminadas pela paixão que nutria por Ladybug.

O artista ergueu os olhos para seu kwami e afastou a franja loira do rosto. Mantinha semelhante corte de cabelo de quando era garoto, embora seu rosto certamente não fosse o mesmo. Adrien crescera e se tornara um homem com traços marcantes, nariz longo, queixo levemente pronunciado e os inconfundíveis olhos verdes.

— O quê...? — Adrien indagou, já aguardando a piada.

— Queijo!

Plagg mal terminou de falar e viu uma bola de papel amassada voar em sua direção.

— Só estava tentando ajudar... — resmungou o pequeno.

Adrien sorriu e percebeu que de fato havia sentido ali; precisava de sua paixão. Ele se levantou do banco na frente do luxuoso piano e caminhou até a mesa do computador. Na parede atrás, havia um painel com inúmeras fotos da heroína em seu traje de joaninha.

— A apresentação é no final de semana e eu não consigo concluir essa sonata — pronunciou com dificuldade, pois estava o lápis entre os lábios.

— Então você tem alguns dias, garoto.

Adrien retirou o lápis da boca, deixando-o sobre a mesa.

— E se não ficar boa, e se ela não gostar? Nem todo o tempo do mundo seria suficiente para eu condensar meu amor por ela em meros acordes. — Dito isto, ele moveu a mão até uma das fotos e suspirou.

— Você nem sabe se ela vai estar lá, Adrien.

O humano olhou para o kwami com seu melhor olhar confiante.

— Sempre tenho essa esperança, Plagg.

♡♡♡

Havia chegado o dia da apresentação. E, como sempre, alguns amigos de Adrien estavam lá, no camarote reservado próximo ao palco. A jovem adulta de cabelos azuis não poderia estar mais emocionada; sabia que Adrien estava prestes a tocar uma composição inédita, o que lhe inspirava o coração e causava uma infinidade de novas sensações.

Claro que Marinette o admirava enquanto artista, isto jamais poderia ser refutado; acontece que ela também era apaixonada por Adrien, fazendo com que seus suspiros fossem duplamente justificados.

— Esta é a última canção da noite — ele começou a falar no microfone. — É para uma pessoa especial, alguém que eu muito admiro, e acredito que todos que estão aqui também. — Ele fez uma pausa para olhar o público que lotava o teatro, embora as luzes que incidiam sobre ele e o piano atrapalhassem sua visão. — O nome é Je t'aime*, uma canção de amor. Eu escrevi pra Ladybug.

Alya e Marinette se entreolharam com discrição, sentadas uma ao lado da outra. No fundo, a música ecoou pelo teatro, e Marinette permanecia atônita, sem saber se tinha mesmo entendido o que pensou entender, por mais que Adrien tivesse sido absolutamente claro em suas palavras.

Je t'aime - Uma canção de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora