5. Começar a entender

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Começar a entender

Luigi

Parece que tudo virou uma gigantesca bola de neve, e em algum momento tudo ficou descontrolado.
Minha intenção era conversa com aquele ômega, ele é tão lindo...
Eu sou um homem de 30 anos, bem sucedido, sou CEO em sociedade com Zafir na minha própria empresa, eu conseguiria ter uma conversa no mínimo interessante.
Estava agindo como um adolescente desajeitado sem saber o que fazer. Mas de repente um comentário sobre a bebida acabou soando como algo preconceituoso e insultante. Como eu fui meter os pés pelas mãos assim?
Eu ia apenas mostrar como achei diferente e interessante a escolha da bebida e a forma confortável que ele bebia, era só uma desculpa boba pra puxar assunto, mas saiu como uma crítica e eu fiquei parecendo um Alfa babaca. As palavras foram todas as erradas.
Me sentia um idiota.
E em seguida aquele show do Alfa e os comentários de Matt me despertaram mais ainda a curiosidade sobre ele, saber mais sobre ele, conhecer mais dele, sobre suas opiniões e pensamentos, ele era tão inteligente e falava com tanta certeza e confiança no que dizia que me vi tentando aguçar ele, só pra ouvir mais, enquanto aqueles lindos lábios rosados continuavam a falar daquela dança como forma de expressão de arte, ele falava com tanta paixão, diferente do que ele tinha demostrado até agora, controlado e moderado. Tinha mais debaixo dessa capa, eu podia sentir isso e me vi querendo ver mais dele, do verdadeiro ômega por trás dessa imagem que ele tentava passar. A partir daí a provocação foi intencional, queria que ele continuasse falando. Mas ele me surpreendeu, novamente, se preparando para fazer a performance. Eu nem consegui falar nada, apenas respondi quando ele me convidou para o palco e fiz um esforço acima da minha capacidade pra manter minha expressão o mais neutra possível, usei a mesma que uso em reuniões da empresa principalmente as tediosas. Tudo pra não fazer papel de idiota na frente desse ômega novamente.
Ele dançou e foi a coisa mais intensa que já senti na vida, ele era maravilhoso e eu não consegui parar de fita - ló eu não quis nem piscar para não perder nada, totalmente concentrado nele. Eu sei que era apenas para me provar que eu estava errado, apenas para ganhar um desafio.
Mais fiquei olhando ele dançar, admirado, encantado, eu me conectei a ele, a aquele momento, a nós, tudo a minha volta era um borrão, eu não conseguiria desviar o olhar dele nem se quisesse, e eu não queria. Ele era sexy, muito sexy. Mas era muito mais do que isso, muito mais e inexplicável também. Eu fiquei imaginando, imaginando como seria ter aquele ômega, aquele incrível ômega reluzente de paixão e algo mais, talvez algo mais terno, profundo, comigo, só pra mim... só por mim.
O Alfa que conseguisse a afeição dele seria o mais sortudo do mundo, e depois do meu comportamento deplorável essa noite eu já sabia que não teria chances de ser eu.
A expressão distante dele não resistiu, e caiu, e por poucos segundos pensei ter visto que meu sentimento de admiração e encantamento era recíproco. Mas Meu fascinante ômega se fechou novamente, depois de se apresentar ele parecia nervoso e meio assustado. Ele apenas me agradeceu e saiu.
Espera!

"Meu ômega"?

De onde isso saiu?

Acompanhei-o de volta ao bar e ouvindo os comentários de Alex e Zafir e comecei a acreditar que o que vivemos ali não era só ilusão minha, tinha uma conexão ali, algo mudou durante aquela dança.
Ele parecia tão vulnerável quando chamou Alex de "Querido" e foram dançar.
Eu sabia que eles eram como família eu entendi aquela relação nos primeiros minutos, era quase como eu e Zafir, porém mais próximos ainda.
Não era ciúmes que eu estava sentindo, era vontade de ser "eu" a ser chamado de "Querido" mais em uma conotação romântica, que fosse eu dançando com ele daquele jeito afetuoso e íntimo. Queria colocar sua cabeça em meu ombro dançar com ele, abraça seu corpo e encosta - ló no meu, deitar aquele corpo cheio de curvas perfeitas e amá-lo, adorando, apreciando cada pedacinho dele. Eu, que até o início dessa noite não acreditava nessas coisas, nada tão terno e quente ao mesmo tempo. Que não achava que isso de conexão imediata realmente era real. Mas agora parecia ter algo ali. Algo especial e diferente de tudo que vivi até agora.

Não. Observando eles dançarem tomei uma decisão. Ele seria meu, Meu ômega. Se não. Eu tentaria o quanto ou o que eu conseguisse dele. Eu tentaria concertar as coisas e me aproximar dele novamente.

***

Eles voltaram, depois de apenas uma música. Ele se aproximou deixou uma nota no balcão pagando suas bebidas e se dirigiu ao amigo.

-Querido preciso ir, se quiser ou precisar me ligue mais tarde. O dia foi longo e difícil. -
Eu senti quando a voz dele se quebrou na última frase e senti uma dor desconhecida ao pensar que contribui pra isso.

-Claro, descanse ok?! E obrigada. -
Alex completou acenando com a cabeça, como se nada mais precisasse ser dito. Eles realmente se entendiam.

-Zafir, foi um prazer, confio em suas mãos meu amigo, cuide bem dele. Obrigado pela noite. -
Matt despediu-se usando um tom bem humorado, claramente precisou de muito esforço.

- Claro Matt. Cuidarei como precioso ele é! -

Virou-se para mim, seu olhar não alcançou o meu.

- Luigi, uma boa noite. - Abaixou a cabeça, virou se, recolheu seu moletom e óculos em cima do banquinho do bar e se virou pra sair.
Eu tinha que fazer algo, ele estava indo e talvez fosse minha última chance de reverter toda besteira que fiz essa noite, mas como se fosse um garoto inexperiente meus pés pareciam grudados no chão. Eu o vi cruzar a pequena multidão de pessoas em direção à porta.

-Ele merecia muito mais do que a vida proporciona... - Ouvi a voz de Alex nostálgica, ele olhava para Matteo enquanto o mesmo ia embora, parecia que falava diretamente para mim.

-Como assim? - Só percebi depois que as palavras saíram, que aquela era minha voz.
Alex se virou pra mim e continuou.

-Matteo é a pessoa mais inteligente e incrível que conheço. Não o Ômega. A pessoa. Nos conhecemos desde o ensino médio. Ele se esforça ao limite e sempre entrega os melhores resultados. Foi o melhor aluno da escola no ensino médio, sem apoio nenhum. Fomos pra cursos diferentes, mas na mesma universidade, ele era bolsista e se formou com notas impecáveis e com honras. Isso tudo trabalhando e estudando ao mesmo tempo. Ele trabalha duro e é extremamente dedicado, porém, continua sendo "atropelado pelo sistema"... -

-Pelo sistema? Como assim? - Zafir pergunta.

- Ele é o melhor analista financeiro daquela maldita empresa, mas continua sendo tratado como cidadão de segunda classe, sendo passado para trás, alguém sempre leva o crédito pelo trabalho que ele faz. Ele é sumariamente desvalorizado e ... -

-E? - Não contive a pergunta, queria continuar sabendo mais sobre ele.

- ... e se tudo isso já não bastasse, ele não tem muito amor ao seu redor. De qualquer maneira eu não deveria ficar falando tanto sobre a vida pessoal dele assim, é sua coisa pra compartilhar, não é meu lugar comentar, mas ele só tem a mim, e é frustrante demais ver alguém incrível nunca receber o que merece ou nem ao menos acreditar que merece mais do que a vida lhe dá. -

Ah, porra!

Eu precisava fazer algo, meus pensamentos rapidamente passaram pela noite de hoje, tudo que aconteceu em poucas horas, grande parte por minha culpa apenas reforçou tudo que ele vinha vivendo, e acreditava. Isso era injusto demais e realmente frustrante, como Alex havia dito.

-Estou indo, Alex foi um prazer, Zafir nos falamos amanhã, certo? -

Alex apenas sorriu e concordou com um aceno de cabeça, como se houvesse entendido tudo.

-Até amanhã, nos vemos na reunião das 10h00min , irmão! -

Agora eu precisava alcançar ele. Sai sem nem ao menos perceber as pessoas a minha volta, se apenas eu tivesse a sorte de concertar as coisas. Sai pra rua que imediatamente pareceu calma depois de todo o ambiente fechado da Out...

E o vi. Mais a frente na calçada olhava impaciente para a tela do celular e resmungava algo pra si mesmo então a passos largos me aproximei...

***

Um encontro inesperado com o amor. [ ABO - Mpreg] [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora