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Era mais um dia como todos os outros. As mesmas pessoas medíocres, os mesmos ambientes entediantes, a mesma rotina de sempre. Como de costume, o professor mal comido de geografia passava cinco páginas de lição de casa, e ai de quem não trouxesse o dever feito no dia seguinte. Materiazinha detestável essa geografia. E quando eu pensava que nada poderia torná-la mais detestável ainda, eis que surge na minha escola aquele ser repugnante com sua careca lustrada e suas calças no umbigo. Resumindo, eu realmente odiava o sr. Webber.

O sinal irritante tocava, anunciando o início de mais uma aula de biologia, e a penúltima aula do dia. Pelo menos a srta. Montgomery não sofria de falta de sexo como o sr. Webber. Não parecia nem devia sofrer, com aqueles seios fartos, aquele sorriso experiente e sempre relaxada, como se nada pudesse tirar aquela tranquilidade dela. Fora aquele corte de cabelo que lhe dava um ar de 20 quando na verdade ela era dez anos mais velha. Um belo rosto que arrancava suspiros por onde passava, e uma voz confiante que prendia a atenção de todos os alunos e os fazia entender a matéria mais complexa do mundo em um segundo eram os
últimos detalhes que faltavam para torná-la a professora perfeita.

Pra mim, ela era um ótima educadora. Desenvolta ao falar, paciente e muito bem informada sobre tudo, sabia como eliminar todas as possíveis dúvidas de seus alunos com um sorriso no rosto e palavras simples. Minha facilidade em biologia me dava tempo de sobra para analisar seu jeito de falar, de andar, de gesticular e de agir, ao invés de prestar atenção na matéria. O que eu adorava fazer, até mesmo sem querer. Tipo agora.

- Bom dia, professora – ouvi a voz do retardado do Jack Gibson gemer assim que pude ver a cabeleira da srta. Montgomery entrar na classe. Bem daquele jeitinho 'oi sou putão quero comer você na sala dos professores', enquanto mascava seu chiclete daquele jeito vulgar que a maioria das pessoas daquele colégio estúpido costumava fazer.

- Você sabia, sr. Gibson, que uma pessoa que masca chiclete de boca aberta engole muito mais bactérias do que uma pessoa que masca chiclete de boca fechada? – Addison Montgomery, minha professora de biologia falou, enquanto colocava seu material sobre sua grande mesa – Além de ser algo extremamente desagradável de se ver.

Contive minha gargalhada num sorriso de canto de boca, praticamente comendo aquela mulher com os olhos. Adorava o jeito com o qual ela simplesmente deixava aquele babaca do Gibson no chão sem se rebaixar ao seu nível. E por incrível que pareça, ele continuava com seu mesmo jeito fútil, mascando furiosamente seu chiclete de morango, enquanto seu amigo fazia cara de chocado. Só não continuei me divertindo com a cara de azulejo dele ao ser consolado por seu amigo porque havia algo muito melhor pra ser observado naquela sala. Algo que tinha nome, sobrenome, e um sorriso estonteante.

Você deve estar pensando que eu sou a maior pervertida da face da Terra. Mas você só diz isso porque sua professora de biologia não é a mulher mais linda que você já viu pessoalmente. Ter que aguentar 50 minutos semanais com uma mulher dessas sem ter pensamentos como os meus era impossível, vai por mim. Eu sabia que era errado, que eu jamais poderia chamar a atenção de uma mulher como a professora Montgomery, mas eu me esforçava pra ser sua melhor aluna. E é claro que eu conseguia.

- Onde foi que eu parei, DeLuca? – ouvi sua voz firme perguntar se aproximando da minha carteira com um sorriso animado, enquanto apoiava uma das mãos no encosto da carteira à minha frente e se curvava pra ler minhas anotações.

- Na última aula a senhora começou a explicação sobre genética – respondi, inalando aquele perfume de mulher cheirosa que eu amava sentir toda vez que ela estava por perto. Sempre me disseram que essas mulheres ligadonas na natureza têm tendências meio hippies, ou seja, não tomam banho e consequentemente fedem. Fernanda Ferreira era a prova viva de que aquilo era puro mito. Ou então, era uma linda exceção.

My Biology (Marina)Onde histórias criam vida. Descubra agora