ACASO

33 - Sufoco

Narrador - Point Of View

A sensação de que um cerco está se fechando e você está no meio deles é horrível, não tem para onde correr ou o que fazer, mas o pior não é isso, é saber que ninguém vai te contar como se salvar ou não, te deixam a deriva desse sentimento ruim...

Rafaella se sentia sufocada por ambos os lados, faculdade, família, estresse diário, seu pai mais presente em casa era uma tortura, à todo momento alguém diferente em sua casa, e aquilo era horrível, para quem estava acostumada a ficar sozinha, sentia que estavam invadindo seu espaço.

A todo momento se sentia instigada sobre o que tanto seu pai tratava e o porquê andava tão nervoso, era algo que a estressava, nem Gizelly conseguia acalma-la quando se tratava desse assunto.

Sebastião andava estressado, sempre com advogados, sempre conservando sobre negócios, como se estivesse com uma corda em seu pescoço, e de fato estava.

Genilda também estava presente, mesmo estando separada de Sebastião, precisava de suas assinaturas em alguns papéis, pois não tinham se divorciado legalmente, apenas separados.

Rafaella deixou sua respiração sair pesadamente, olhou para seus pais que estavam jantando sem falar absolutamente nada, à última vez que isso aconteceu ele comunicaram que iriam se divorciar e agora o que seria?

— O que está acontecendo? - Rafaella perguntou suplicante - Por que estão assim, porquê não me falam nada?!

— Não aconteceu nada filha! - Sebastião respondeu - Se acalme...

— Não, não me pede calma, eu já estou cansada de sempre ter alguém no meu ouvido esses últimos dias me pedindo calma, sempre calma e paciência e eu não quero ter calma e muito menos paciência! - Rafaella falou alterada

— Filha, você precisa...

— O que mãe? - Rafaella indagou - Vai me dizer o que eu preciso ou vai me falar o que está acontecendo?!

Genilda respirou fundo e deixou os talheres cair sobre o prato, assim como Sebastião que tomou um gole do vinho que estava em sua taça.

Rafaella olhou para seus pais esperando uma reposta de tudo aquilo, de todos aqueles problemas que estava acontecendo em sua própria casa e não deixavam ela saber de nada.

— É apenas um problema no meu trabalho, alguns acionistas estão me causando alguns gastos e estou tratando de resolver, mas preciso da assinatura da sua mãe em algumas coisas pois ela também leva meu sobrenome e perante a lei ainda somos casados! - Sebastião falou

— Você ensaiou essa desculpa? - Rafaella perguntou e se levantou - Vocês são patéticos!

Rafaella saiu da sala de jantar mesmo ao ouvir seus pais lhe chamarem para voltar a mesa, chegou na sala e o único lugar que lhe trazia paz ficava há 30 minutos dali...

Sebastião voltou a fazer suas viagens que sempre fazia e Genilda voltou para Goiânia.

Gizelly trazia a paz que Rafaella precisava, e foi assim por dias e dias, até quase tudo voltar ao que aparentava ser normal, mas ainda sim, intrigava Rafaella...

— Você precisa se acalmar! - Gizelly falou ao se sentar

— Eu não quero me acalmar, quero saber o que o meu pai está escondendo de mim! - Rafaella rebateu

Gizelly respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos, aqueles dias não estavam sendo fáceis pra ninguém.

Dona Márcia precisava apenas de uma reposta de Gizelly para poder preparar tudo e ir para São Paulo, e Gizelly estava se prendendo para não responder que sua vontade era ficar ali e não ir para lugar algum.