61 - Suporte

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Narrador - Point Of View

As vezes a gente quer saber quando tudo acaba, quando a dor vai embora, porquê dói tanto, seu corpo caindo aos braços da dor, sua alma chora, grita e implora para que tudo se acabe mesmo que seja pelo impacto da queda, seu corpo pode está estraçalhado mas a dor necessita ser parada, e alguém precisa estar ali para que não doa tanto quando o abismo chegar ao fim.

A respiração calma e tranquila de Rafaella era como ter a certeza de que por aqueles momentos ela estava bem, estava em um mundo paralelo do sono, ali ninguém poderia lhe fazer mal algum e nem lhe tocar.

Rafaella não demorou a pegar no sono, e estava profundamente nele, apenas fugindo de sua realidade dolorosa, fugindo do que era dor.

Os cabelos loiros da médica eram acariciados com calma, o cheiro gostoso do shampoo inebriava quem estava dando o carinho, a sensação de estar ali com Rafaella era de paz ao menos por aqueles instantes pois logo a realidade assombrosa bateria na porta e lhes arrancará daquele mundo quase perfeito.

Gizelly tinha Rafaella em seus braços já fazia algumas horas, nada foi falado, ela apenas precisava estar ali, precisa estar ali pelo seu amor de faculdade que precisava mais do que tudo de um colo para chorar.

A cirurgiã se mexeu com calma e pegou o celular para verificar as horas, com mais calma ainda tirou seu braço e colocou um travesseiro em seu lugar onde Rafaella agarrou rapidamente sem acordar.

Gizelly seguiu para fora do quarto e foi para a cozinha, precisava comer alguma coisa assim como precisava fazer algo para quando Rafaella acordasse de seu sono profundo.

O apartamento de Rafaella era grande e Gizelly se sentia perdida dentro dele e ao mesmo tempo se sentia confortável por estar ali, era como se já fosse íntima do lugar muito antes de conhecer.

Na cozinha Gizelly procurou por algumas coisas para preparar um lanche, abriu a geladeira e tirou o que iria precisar, sabia do que Rafaella gostava, bom, rezou internamente para que os gostos dela não tivesse mudado.

Gizelly fez lanches naturais, suco e iria preparar um café, enquanto a água esquentava, os olhos da cirurgiã  estavam fixos nas borbulhas que começavam a se fazer na água.

Após preparar o café, Gizelly colocou o que havia feito sobre o balcão mas ficou na dúvida se acordava ou não Rafaella, enquanto pensava nisso se serviu uma caneca de café e se encostou na mesa, seus pensamentos estavam longes.

Pensando?

A voz de Rafaella tirou Gizelly de seus devaneios, a cirurgiã levantou o rosto e encarou a loira que já lhe encarava.

Rafaella por sua vez estava de pé ali fazia alguns minutos, observando Gizelly, absorvendo para si que uma das últimas pessoas do mundo que pensou que estaria ao seu lado lhe ajudando com a perda de seu pai seria ela, mas ela estava.

A loira passava os olhos por Gizelly dos pés a cabeça, ela estava descalça, usava uma calça preta de alfaiataria, uma blusa branca de seda que estava bem solta com alguns botões abertos e uma correntinha no pescoço, por fim seus cabelos estavam presos em um coque mal feito.

— Café? - Gizelly perguntou

— Aceito! - Rafaella respondeu

As duas seguiram para a sala e foram para a área externa, Rafaella andou até ficar próxima da hidro que estava coberta e se sentou, Gizelly lhe seguiu e sentou ao seu lado.

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