CAPÍTULO 4 ○ AS REGRAS (Degustação)

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"Atenção! Dizem que o amor e o ódio podem ser confundidos com grande facilidade

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"Atenção! Dizem que o amor e o ódio podem ser confundidos com grande facilidade. Os sintomas de ambos incluem: palpitações no peito, mãos geladas, sensação de desmaio e falta de ar. O autodiagnóstico pode custar a sua vida (romântica). Ao persistirem os sintomas, um programa casamenteiro deverá ser consultado."

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MARIA FLOR

— Meu nome é Calebe Ventura — ele diz com uma voz rouca e grave que entra pelos meus ouvidos e se esparrama por todo o meu corpo como uma toxina, enquanto eu continuo presa em um espaço-tempo paralelo, tentando encontrar algum sentido na cena que se desenrola na frente dos meus olhos, mas não consigo.

Pensei que ele não tivesse mais o poder de me afetar, porém, minhas mãos trêmulas e geladas dizem o contrário.

Calebe continua o mesmo de sempre, exatamente como me lembrava. Não que tenha se passado tanto tempo assim desde a nossa separação. Pessoas apaixonadas têm a mania boba de guardar na memória cada minuto do dia, das semanas e meses, por serem especiais demais (doce ilusão), mas aquelas tentando se desapaixonar são diferentes. A gente prefere fechar os olhos a enxergar os ponteiros do relógio, torcendo para que isso os faça passar mais depressa.

Bom, aqui vai um spoiler sobre a vida: o tempo não cura, ele no máximo faz a gente esquecer a dor, esperando o momento certo para enfiar o dedo na ferida.

De todas as possibilidades imagináveis, em uma coisa eu estava (ironicamente) certa: o quinto pretendente é tão lindo quanto os anteriores. Fazer o quê? É a triste realidade, posso ser corna, mas não sou hipócrita. Calebe é um homem bonito e ninguém pode negar.

Seu corpo alto e tonificado foge daquele estereótipo bombado que a gente associa aos frequentadores de academias esportivas. Ele tem todos os músculos nos lugares certos, em proporções perfeitas e muito atraentes, e seu estilo meio desleixado, de quem gosta da simplicidade e vive de bem com o mundo, com uma camisa xadrez vermelha e bermuda jeans, tem um charme perigoso. Todo mundo cai na lábia do carinha descolado e gostoso que aplaude o pôr-do-sol e faz amizade com os cachorros da rua.

Eu que o diga!

Saio do meu transe momentâneo e encaro meu ex-noivo com mais atenção, sem acreditar que ele está mesmo entre os cinco candidatos a se casarem comigo. O que essa cria de satanás está fazendo aqui? Ele não tem como saber que sou a noiva — eu espero — e nem se o papa aparecesse agora para abençoar nossa união, eu aceitaria me casar com ele. Então... QUAL O SENTIDO?

É castigo? Será que estou sendo punida por todas as vezes em que me imaginei cometendo um crime contra a virilidade dele?

O choque me deixa paralisada, sem reação. Fantasiei muitas vezes como seria nosso reencontro, mas nunca, nem nos meus pesadelos mais loucos, pensei que seria em um programa de televisão. Não sei o que fazer, ou sentir. Não sei se quero chorar, ou gritar, ou sair correndo de volta para casa como uma criança em busca do colo da mãe. Ou se quero apenas jogar um microfone na cabeça dele como a boa barraqueira que habita em mim.

O NOIVO IDEAL | Livro único (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora