We Are Made to Love

Capítulo 07: Bu Wang

Março de 2020, Pequim

Xiao Zhan acordou assustado. Ele tinha aquela sensação grogue e desorientada que se seguia de um cochilo não intencional, a luz difusa do apartamento não dava nenhuma pista sobre a hora do dia.

Alguém bateu ou eu sonhei com isso?

Ele esfregou as mãos no rosto para tentar acordar, então cautelosamente foi olhar pelo olho mágico. Sua equipe o avisou que havia recebido várias ameaças pessoais por meio das contas do estúdio e, embora fossem intimidações vazias de internautas reclusos, disseram-lhe para ter cuidado.

Não havia nenhum sinal de vida no corredor, mas quando abriu a porta, viu uma caixa do lado de fora com o logotipo familiar do supermercado local. Ele deu um suspiro de alívio e pegou a caixa, colocando-a no balcão da cozinha. O processo contra Wajijiwa foi estressante, mas pelo menos agora tenho uma equipe em quem confio e que cuida de mim.

Ele guardou as compras e olhou para o relógio. Já passava das 5h. Se perguntou se Yibo já tinha terminado de gravar o TTXS. Desejava desesperadamente falar com ele, ver seu rosto e ouvir sua voz, mas não queria interromper seu trabalho.

Na verdade, estava se sentindo um pouco melhor do que no dia anterior. Dormir ajudou, mas ele também fez algumas pinturas para clarear a cabeça e recebeu algumas ligações sobre projetos de gravação que achava que poderia fazer sem ser notado. A ideia de poder retomar o trabalho era reconfortante e sentia-se otimista em gravar algo. Poderia se esconder em um estúdio e nem mesmo teria que ver muitas pessoas.

Já introvertido, as pressões sobre a crise tornavam as conversas com outras pessoas ainda mais exaustivas para Xiao Zhan. Ter que responder todas as mesmas perguntas, se atentar às suas palavras e se preocupar se a pessoa com quem estava conversando era confiável. Sentia falta dos dias em que não precisava ser tão cauteloso.

Minha nova realidade.

Ele estava ansioso para agir novamente, escapar para outro mundo, ser outra pessoa por um tempo, mas agora isso era impossível. Não podia ser visto em público, então filmar qualquer coisa parecia completamente impraticável. Grandes projetos como um drama ou até mesmo uma aparição em um programa também envolviam muitas pessoas, e não havia como se proteger contra aqueles que queriam causar problemas por meio de vazamentos ou ameaças.

E outro trabalho? Já estava preocupado com o abuso que seus parceiros corporativos e industriais estavam sofrendo por causa de suas associações com ele, então não queria assumir um novo trabalho que pudesse expor outras pessoas aos mesmos ataques. E qualquer coisa nova que fizesse teria que ser "segura", nada ousado. Sem fotos de moda por enquanto.

Pelo menos poderia continuar a fazer trabalho de caridade. Mas, para o caso de sua participação interferir no trabalho voltado à caridade, o fez ser o mais anônimo possível.

Era francamente deprimente ter que pensar sobre seu trabalho dessa forma.

Antes, tudo que precisava pensar era se um projeto o interessava. Agora, embora estivesse feliz por ainda estar recebendo ofertas de trabalho, era perturbador que pudesse ter que recusar oportunidades interessantes se não pudesse garantir que os outros não fossem arrastados para esse problema. Ou se o trabalho poderia ser mal interpretado. Tudo o que ele queria era trabalhar, fazer algo que amava, mas agora havia todas essas outras considerações.

Por que isso teve que acontecer quando havia chegado a oportunidade onde poderia se dar ao luxo de ser exigente do ponto de vista artístico, de escolher papéis e projetos interessantes, mais desafiadores e complexos?