POV Macarena
- Sabe que a sua liberdade é a coisa mais valiosa na sua vida, e você me ensinou isso. Nosso amor é simples, nos fazemos bem a ponto de conhecer um ao outro. Sua paixão por Bárbara nunca vai ser um problema pra mim, vocês são lindas juntas e se completam de várias maneiras. Eu amo você livre e nunca vou tentar te deixar presa a mim.
Eu estava deitada na minha cama, olhando o teto branco e Juan me respondia enquanto fazia carinho no meu ombro. Eu fechei os olhos, respirando fundo e tentando segurar a lágrima. Mas uma vez eu choraria por ela no colo dele e mais uma vez ele me acolhia.
Me apaixonar sempre foi algo presente. Meus inúmeros romances durante os 27 anos bem vividos que tenho, eram quase consecutivos. Juan, o meu amor mais atual parecia o mais certo. Nos entendemos em quase tudo, as trocas que tivemos desde o primeiro momento fortaleceram a relação que perdura por dois anos. Mas hoje, mais uma vez, me senti balançada por um turbulento sentimento. Quando acordei, percebi as várias ligações e uma mensagem que claramente dizia o que ela queria.
"Não fechei os olhos essa noite, tive a coragem de terminar meu relacionamento que já não existia e você sabe o motivo, mas estranhamente não foi por isso que não dormi. Preciso ver você, por favor"
Não precisei terminar de ler para me arrepiar por cada poro. Quando Bárbara surgiu a primeira vez na minha frente, não devo ter disfarçado em nada o meu encantamento. Trabalharíamos juntas por doze meses seguidos e nos primeiros minutos, meu corpo e meu coração despertaram para algo novo. Nunca antes, nos meus vários romances, uma mulher esteve em evidência. Não tive conflito, não me torturei, aceitei o que senti porque não tive escolhas sobre os meses que se seguiram. A sutileza que a envolvia, me abraçava devagar, como num feitiço. A voz, as mãos, o rosto expressivo que me dava atenção quase como uma devoção. Ela me olhava com admiração e respeito que poucas vezes senti com alguém. Me apaixonei incondicionalmente.
Foi forte, sem restrições ou pudores. Sem limitações ou scripts. Me apaixonei com liberdade e mesmo que eu nunca tenha dito, ela sabia. Quando nosso contrato de trabalho chegou ao fim, Bárbara que já namorava Giovani aceitou seu pedido de noivado, deixando claro o quanto o amava. Ele era do bem, a tratava com cuidado e carinho e aquilo parecia ser suficiente. E foi, até hoje, até essa mensagem que mesmo não tendo as palavras, eu sentia. Barbara sabe tudo sobre mim, sobre nunca me sentir presa e me permiti fazer o que quero. Diferente do relacionamento dela, eu e Juan nos sentimos livres para outras pessoas ou não e isso não era tão bem aceito na vida de Bárbara. Nossa amizade não passou por nenhum distanciamento a não ser o físico que aconteceu naturalmente por nossos trabalhos distantes. As ligações e as trocas de mensagens permaneciam frequentes e diferente de hoje, elas nunca mexeram tanto comigo.
Na minha maneira de enxergar o amor, nunca precisei tê la. Ela sendo a mulher que era, estando com quem queria, era a mulher mais linda e admirável. A independência que buscava manter trabalhando muitas vezes até tarde e madrugando no outro dia, mostrava a força dos seus vinte e seis anos. A maneira mais carnal que nos permitimos, eram por abraços, que muitas vezes demoravam longos segundos. Seus beijos e todos os carinhos que eram dignos de me deixar excitada passeando nos meus devaneios, nunca aconteceram.
- Eu vou deixar vocês sozinhas, ela certamente ficará mais à vontade. - Juan ainda me acariciava. Eu levantei meu olhar. A barba bem feita atraiu minha mão para um carinho costumeiro.
- Obrigada. - Aquela palavra bastava para ele e para a relação que tínhamos. Agradecia por tudo. Pela simplicidade e pela facilidade em me entender e me cuidar. Esse era o nosso amor.
Aquela tarde parecia mais longa que as outras. Por esperar a visita que receberia a noite, a ansiedade que não costumava ser presente, me tomou. Quando saiu do banho, Juan me avisou que iria para sua casa, me deixando na varanda, olhando a rua buscando por respostas que só teria ao anoitecer. Por quatro meses não encontrava Bárbara pessoalmente. Nossos olhares se cruzavam por telas de celulares que pareciam nos afastar quando a saudade estava presente. Pensar em revê-la me agitava inteira.
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