2.

337 37 10
                                    

Na manhã seguinte, como o combinado, Nyx voou até a Casa dos Ventos. O frio de inverno já estava começando a ficar forte a ponto do jovem ter sentido o peso das roupas grossa quando alçou voo de casa.
Mas no fundo Nyx amava a sensação gelada contra o rosto, sempre o mantinha alerta e, de certa forma, focado ao redor.

Ele não sabia dizer se era algo que vinha do instinto feérico ou se foi resultado dos constantes treinamentos com o pai e os tios. Ou então aquela casa, que sempre tinha deixado Nyx intrigado, e com certo receio.

O jovem balançou a cabeça, como se o movimento espantasse o pensamento sobre a casa.

Puxando as asas junto ao corpo, Nyx entrou no lar de seus tios.

E uma bola costurada em couro atravessou a visão do adolescente, fazendo pular em um sobressalto.

Gargalhadas ecoaram pelo cômodo.

Duas gargalhadas. Ambas ele conhecia muito bem. Porém completamente diferentes, porque uma era de um illyriano de quase dois metros de altura e outra era um uma menininha, que de fofa só tinha o rosto rechonchudo.

– Quase te pegamos, Nic! – May gritou entre risadas.

Uma figura pequena de calças e uma blusa de mangas estava de braços cruzados próximo à porta. Seu cabelo castanho escuro, trançado ao redor da cabeça quase a deixava com um ar angelical, principalmente em conjunto com os olhos azuis acinzentados.

Ao lado dela, um Cassian completamente relaxado, com metade do corpo apoiado no batente da porta, ria.

– Foi por pouco mesmo – o tio admitiu, como se fosse um erro nos treinamentos que sempre aplicava em Nyx.

– Não achei que precisasse me preocupar na casa dos meus próprios tios – o jovem jogou sua bolsa com alguns pertences em uma poltrona e sentou em outra ao lado.

– O inimigo não avisa quando vai atacar – a pequena illyriana apontou para o primo.

Nyx não manteve a atenção na prima.

– Achei que já tivessem saído – o mais novo comentou, observando as roupas de Cassian.

Ele não vestia nenhuma peça pesada ou preparada para voar no frio. Apenas o couro illyriano comum, sem a forragem grossa.

– Seu pai não disse? – Nyx negou com a cabeça à pergunta do tio. – Vamos todos atravessar, tem uma nevasca se aproximando e o voo não é a melhor opção.

Nyx pensou em perguntar para onde eles iriam, mas achou que seria falta de educação, já que ninguém havia se preocupado em dizer isso a ele.

– Mas, é claro, seu tio insiste que voar seria a melhor opção – a voz de Nestha entrou pelo cômodo antes de sua presença.

Ao ouvi-la, May correu de encontro a ela, já com os braços abertos, pronta para se pendurar na mãe.

– Oi, tia Nes – Nyx não conteve o sorriso ao ver a tia, sempre tão elegante, perdendo a compostura ao puxar a filha para si.

– Oi, meu sobrinho – com May no colo, ela se aproximou de Nyx, para depositar um beijo em sua testa. – Espero que tenha trazido muitos livros de aventura para passar esses dois dias.

Missão babáOnde histórias criam vida. Descubra agora