O começo

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Continuação...

*Mika

Me deitei em seu colo e fiquei pensando em como nossas vidas iriam mudar se os exames que minha mãe vai fazer amanhã der positivo, eu estou com medo, não consigo esconder minha preocupação. Sem ao menos perceber, sinto uma lágrima solitária escorrendo no meu rosto, tento me segurar mas não consigo, abraço forte a minha mãe e digo:

-Mãe, eu tô com muito medo do que pode acontecer, eu não quero te perder- Falo com a voz embargada à apertando.
-Meu amor, eu também estou com medo, mas temos que ser fortes, independente de qualquer coisa eu sempre estarei contigo- ela responde acariciando meus cabelos.
Ficamos abraçadas por mais uns minutos e ela diz:
- Agora chega de chororo, vamos nos arrumar porque seu pais nos convidou para jantar fora hoje - Ela diz toda animada se levantando.
- Jantar fora? Onde vamos? Ninguém me falou nada- Respondo ela fazendo um sinal de pensativa.
- Bom, ele só me avisou que iríamos jantar fora, não me disse mais nada. Agora pare de curiosidade e vá se arrumar- Ela fala
me dando tapinhas na bunda.

Subi para meu quarto, tomei um banho rápido e fui escolher uma roupa, peguei um vestido preto basiquinho, e uma sandália baixa na cor creme. Prendi meu cabelo em um coque alto e fiz uma make basiquinha também, não estou muito animada para nada hoje, só de pensar que pode existir uma possibilidade da minha mãe estar com câncer, me tira a vontade de tudo, só queria que isso só fosse uma brincadeira de mau gosto, mas infelizmente tem grandes chances de ser real. Espanto esses pensamentos da minha cabeça e vou de encontro aos meus pais que me esperavam na sala, seguimos para o restaurante e chegamos lá em menos de 30 min, nos sentamos e pedimos uma entrada, depois de alguns minutos eles vieram nos servir e aproveitamos e pedimos já nosso prato, eu estava faminta demai. Ficamos comendo e conversando que nem notamos as horas passar, meu pai pediu a conta e seguimos para casa, a tensão em nós era perceptível a quilômetros de distância, mas estávamos sempre unidos, independente de qualquer coisa!
Subi para meu quarto, tomei um banho e me deitei, amanhã será um longo dia...

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*

Lya

Perdi a noção do tempo conversando com Maju, olhei quantas horas eram e já tinha passado das 20:00, desci na cozinha para fazer minha janta e logo após fui me deitar , já tinha perdido a esperanças da minha mãe chegar cedo hoje, fiquei pensando em vários assuntos aleatórios até pegar no sono.
Acordei com a claridade da janela batendo no meu rosto, sentei na cama e olhei as horas no meu celular, vi que ainda era 5:20 da manhã, mas mesmo assim me levantei e fui olhar se minha mãe tinha chegado, procurei em todos os lugares da casa e não há encontrei em lugar nenhum, peguei meu celular e vi que tinha duas ligações e uma mensagem dela, fui ler rapidamente.

Sms on..
Filha, eu fiquei presa aqui no laboratório, não se preocupe estou bem, só tenho uma pesquisa que está me deixando de cabelos em pé, eu não conseguiria dormir sem pelo menos saber mais. Prometo que amanhã eu irei tirar o dia de folga, boa noite e não se esqueça que te amo.
22:30pm

Eu deveria ficar muito irritada com minha mãe por nunca tá em casa, nem mesmo pra saber como foi meu primeiro dia de aula, mas eu entendo que se ela trabalha muito é pra dar uma vida melhor pra nós duas, e admiro bastante a garra e dedicação que ela tem pra tudo que faz. Ela decidiu ser cientista quando se separou do meu pai, nunca vi tanto empenho em uma pessoa como vi nela, mesmo nós termos alguns pensamentos bem diferentes, um dia eu quero ter a metade a garra que ela tem! Coloquei meu celular encima do sofá e subi novamente para o meu quarto e fui tomar um banho bem demorado, já que acordei cedo demais. Saí do banho e vesti meu uniforme, fiz um delineado nos olhos e deixei meu cabelo solto bem armado, peguei o primeiro tênis que vi e coloquei, peguei minha mochila e saí de casa, comecei a procurar uma padaria até que vi uma logo depois da esquina, segui pra ela o mais rápido que minhas pernas puderam andar, eu estava faminta demais para pensar em não parecer uma doida kkk, cheguei no balcão e pedi 2 sanduíches e 1 suco, comi tudo rapidamente e peguei meu caminho pra escola andando mesmo. Cheguei na escola e fui direto pra sala, me sentei no mesmo lugar de ontem e peguei meu celular para conversar com maju, vejo que entrou um menino na sala e se sentou na minha frente, não ligo e continuo mechendo no celular, até que ele puxa conversa.

-Você é nova aqui?- Pergunta curioso.
-Sim, entrei ontem. Acho que voce mão veio ne? - Respondi simpática.
-É sim, ontem eu precisei faltar. Mas eu me chamo Lucas Matias, e você?- Ele fala estendendo a mão para me cumprimentar.
-Me chamo Lya, prazer Lucas- O respondo o cumprimentando de volta.

Ficamos conversando até o sinal bater e o professor entrar na sala para começar sua aula, percebi que estava rodeada de pessoas legais aqui, acho que não vai ser tão chato assim estudar aqui.
As horas foram passando e finalmente chegou a tão sonhada educação física, a aula que eu amava fazer vários nadas, até porque sempre fui uma negação para qualquer tipo de esporte. O professor fez a chamada e nós partimos para a quadra, coloquei meu fone de ouvido e procurei um local mas afastado para me sentar, quando eu estava seguindo para lá escuto Kamylla me chamar:

-Lyaaaaaaaaaa- Ela grita correndo na minha direção e puxando uma menina.
- Oi rs?- Respondi assustada com o desespero dela correndo.
-Ah, não é nada, vi você indo se sentar sozinha lá, então achei melhor vir para te fazer companhia. Essa é a Monyk- Disse se sentando e me apresentando a menina.
-Então ta né kkkkk, prazer Monyk, me chamo Lya. Tudo bem com vocês?- Falo afim de iniciar um diálogo.
-O prazer é todo meu, estou ótima e você?- Monyk responde se sentando do lado de Kamylla.
-Tambem estou bem, estou nervosa por causa das provas, mas eu aguento!- Diz Kamylla fazendo sinal de oração.
-Provas? Que provas são essas gente?- Pergunto desesperada.
- Calma menina, acho que você não vai precisar fazer, você chegou agora ne- Kamylla fala me tranquilizando.
-E mesmo se fizer , eu te passo a cola- Monyk complementa rindo.
-Tomara que eu não precise mesmo, não sei nada sobre oque vocês estão estudando. Mas mudando de assunto, Mika não veio hoje não?- Falo olhando pra todo lado.
- Não, ela foi no médico com a mãe dela.- Kamylla fala cabisbaixa.

Ficamos juntas até o fim de todas as aulas, rindo, conversando e estudando, elas estavam me ajudando muito com todas as matérias, até marcamos de estudar na casa da Kamylla no sábado. Fui caminhando pra casa e em menos de 20 minutos eu já estava chegando, quando entrei em casa fui enfeitiçada pelo cheiro que vinha da cozinha, minha mãe deve estar aprontando alguma coisa , penso e sigo para a cozinha já dizendo alto:

- Que cheiro maravilhoso é esse mãe? Tá me chamando lá de fora. Falo sugando o ar pra dentro.
-Olha quem chegou! Boa tarde meu amor, estou fazendo estrogonoff de carne, sei que você ama. Me diz, como foram seus primeiros dias de aula? - Ela fala vindo me abraçar .
- Hmm que maravilha mãe, eu estou famintaa - Falo colocando a mão na barriga.
Estão sendo melhores do que o esperado mãe, já até conheço algumas pessoas da sala- Falei animada.
- Que maravilha filha! Eu disse que você iria conseguir se adaptar aqui, agora vá tomar um banho enquanto eu termino a comida aqui, e depois quero que me conte todos os detalhes desses dois dias- Ela fala sorrindo pra mim e mexendo a panela.
-Tabom mãe, já volto para te ajudar a arrumar a mesa.- Falo subindo as escadas.

Coloquei a mochila no lugar dela e fui tomar um banho rápido, coloquei um blusão e um short de dormir e desci pra arrumar a mesa com minha mãe. Arrumamos a mesa e nos sentamos para comer, enquanto nós comíamos, fui contando pra ela tudo que me aconteceu nos dois últimos dias que se passaram e o sorriso dela ficava cada vez maior a cada coisa boa que eu falava sobre as pessoas que tinha conhecido. Terminamos de comer e fomos assistir um filmes juntas, eu amava esse momento só nosso, nós moramos aqui em Amsterdã há mais ou menos 1 mês, e desde quando nos mudamos, ela não costuma ficar muito em casa, mas quando ela está nós aproveitamos até o último segundo. As vezes eu queria que minha mãe se esforçasse mais pra entender que amar outra pessoa do mesmo sexo não me faz menos humana ou menos filha, mas infelizmente ela ainda não vê que não tem nada demais amar e ser amada por qualquer pessoa, independente de cor, sexo ou raça.


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Aviso: o Capítulo 2 sairá ainda essa semana!

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