Capítulo 2

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O paraíso, céu ou firmamento está longe de funcionar como a grande maioria pensa. Tudo aqui é regido de maneira em que qualquer impureza ou pecado se mantenham longe. A única coisa em que somos parecidos com o povo terreno é pelo livre arbítrio, aqui não nos é tirado o direito de escolha muito menos o direito de sentir.

As regras são pesadas, afinal de contas um exército desordenado e sem disciplina só geraria rebeldia e desobediência, e nós não queríamos um outro Lúcifer solto por aí...

Aqui só entra os seres mais puros, e os que realmente se arrependeram de seus crimes, e seguiram os ensinamentos que lhes foram passados em vida, até porque o Pai é amoroso, mas também justo em suas decisões.

O céu diferente do que é contado aos humanos é um lugar comum, suas ruas são de pedra, e as casas são como outras quaisquer, contudo, aqui não há fome e nem sede, muito menos se sente calor ou frio, não existe dor e nem sofrimento.

Naquele dia havia uma pequeno furdunço nos portões, alguns anjos que tinham sido enviados para a terra para nascer como humanos, simplesmente retornaram como crianças, mas sem memórias de seu treinamento, ou de suas vidas terrenas. O que dava a entender que eles tinham sido interceptados antes mesmo de respirarem o ar terreno.
Alguns anjos que os cercavam faziam perguntas:

-O quê aconteceu? Porquê vocês estão aqui? – disse um deles em um tom de espanto.
- Pois é, vocês deveriam estar executando as missões de vocês lá em baixo... – disse outro anjo em um tom de mais firmeza na voz.
- O Pai vai ficar bravo quando souber disso...- disse mais um dos anjos com um certo pesar em suas palavras.

Os meninos e meninas que estavam ali sem entender nada choravam, até porque é o que as crianças fazem quando estão assustadas com alguma coisa.

Eu assistia tudo um pouco de longe, e o que mais me chamou a atenção, foi em uma criança específica, ela tinha a pele em um tom de ébano, seus cabelos encaracolados, e seus olhos eram de um dourado reluzente, oque me dava uma certa apreensão é que diferente das outras crianças ele não chorava, ele olhava com firmeza e pude sentir até mesmo um pouco de desdém por parte desse menino.
Eu me aproximei dos anjos e disse:

- Deixem com que eu resolva essa situação soldados... – disse com calma.

-M- Miguel? – disse um dos anjos um pouco espantado- Não se incomode com isso, você com a posição que tem, digo, um Arcanjo como você deve ter coisas mais importantes para tratar...- disse ele engolindo um pouco de saliva.

- Irmão, aqui tudo tem a sua devida importância...- eu disse sendo um pouco mais seco nas palavras. – E isso vai das pequenas coisas até as maiores. Por hora vocês estão dispensados, deixem que eu cuide desta situação.

- Mas... -ele tentou dizer algo, mas eu o interrompi.

- Mas o quê soldado? – caminho em direção a ele e o encaro de perto. – Pretende realmente desobedecer às ordens de um superior? – cerrei as sobrancelhas o olhando dentro dos olhos.

Os anjos ali abaixaram a cabeça e fizeram um sinal de negativa a balançando de um lado para o outro. Os garotos continuaram sem entender nada, exceto pelo pequeno de pele escura, ele se mantinha atento a toda a conversa, olhando tudo de maneira fria com aqueles olhos cintilantes.

Eu me virei e tentei sorrir..., mas, sorrir nunca combinou muito bem comigo. Eu sempre fui rígido com todos e sobretudo comigo mesmo, regras são regras, leis são leis e a ordem deve ser mantida, então as minhas expressões não são e nunca foram as mais simpáticas dentre toda a legião celeste.
O garoto se mantinha sério, eu me abaixo perto dele e faço uma pergunta.

- Garoto, por acaso você consegue se lembrar do seu nome?

Ele abaixa a cabeça, e pela primeira vez em toda aquela situação ele se viu confuso, mas respondeu.

- Eu acho que... Steven, acho que é isso...- ele disse aquilo me olhando nos olhos.

- E você se lembra do que aconteceu com você?
Ele balançou a cabeça negativamente e respondeu.
- Não senhor!
Sim ele respondeu como um soldado, uma gargalhada encheu a minha garganta e eu não consegui me conter.
Aquele garoto era diferente de tudo que eu já tinha posto os olhos em toda a minha existência

. Ele me deixava um pouco entusiasmado, não vou negar, esse tipo de coisa era raro de se ver.

- Vou levar vocês para que sejam cuidados a partir daqui. – disse me virando para as outras crianças de modo que elas se sentissem seguras. – Vocês não se lembram, mas seus corpos vão lembrar quando vocês começarem a serem ensinados. – Eu olho para Steven e ele se mantinha calmo.

- E você Steven, eu me encarrego pessoalmente do seu treinamento. – Abri um sorriso involuntário, mas eu não podia negar que aquele garoto me deixava extasiado.

Guiei as crianças pela cidade. O lugar é chamado de paraíso, e não é a toa.
As moradas eram todas feitas em um mármore branco, com detalhes cravados em sua estrutura, as ruas eram feitas de basalto polido. Árvores frutíferas de todos os tipos, flores que exalavam o mais doce aroma estavam por todos os lados.

Anjos voavam e enquanto faziam seus deveres, alguns ate mesmo se divertiam enquanto cantavam e tocavam instrumentos. O lugar de mais destaque em todo o reino celeste, era a praça central, que mais se parecia um pequeno bosque, mas que na verdade cerca algo que os humanos tiveram um dia o desprazer de ver e provar, sim, estou falando das árvores do Conhecimento do Bem e do Mal e da árvore da Vida.

Ambas majestosas, grandes o suficiente para se destacarem ao longe, a copa de ambas as árvores se entrelaçava, e seus frutos brilhavam com uma aura, era como se de alguma maneira eles estivessem vivos.

Chegamos a frente de um estrutura grande, que tinha suas portas guardadas por dois anjos, que ao me verem logo fizeram um continência.

-
- Levem essas crianças para dentro, e cuidem delas, e diga ao Rafael que eles precisam de treinamento adequado.

Sem pensar duas vezes os anjos abrem as pesadas portas, e mesmo do lado de fora dava pra se ter uma visão distinta do que acontecia lá dentro. Anjos treinavam arduamente, mas não se ouvia uma palavra se quer, a única coisa que se ouvia era o tilintar do choque entre as armas.

As crianças entravam aos poucos, ainda estavam arredias e inseguras a cerca do que estava acontecendo. O pequeno Steven acompanhava os outros até que eu o chamei.

- Garoto, você vem comigo...

Ele me olhou com aqueles olhos dourados sem expressão nenhuma, e imitou os soldados da frente do portão fazendo uma continência desajeitada.

- Sim Senhor!




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⏰ Última atualização: Jul 13, 2021 ⏰

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