Capítulo 14

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Inês tinha seu próprio plano. Queria saber mais, precisava saber mais. E ela sabia exatamente onde procurar.

A bruxa andava de um lado ao outro no bar, ficar completamente sozinha ali era tão estranho que seus pensamentos se embaralhavam com muita facilidade.

Sentia que os policiais se juntariam contra o Corpo Seco, mas precisava saber o que eles estavam pensando. Ou melhor, queria saber o Márcia estava pensando?

A cada segundo que passava, se perguntava porquê caralhos se importava tanto com o que aquela mulher pensava.

Por que se importava se Márcia estava bem?

Por que se importava se Márcia estava segura?

Por que se importava se Márcia acreditaria em tudo o que tinha pra dizer?

Por que se sentia culpada por ter entrado na mente de Márcia? Ela sempre fez isso. As vezes pelo bem maior, as vezes de forma egoísta.

Inês, apesar de toda as dúvidas, saiu do Cafofo Bar andando lentamente em direção ao apartamento da policial.

Parecia um anjo negro flutuando, os cabelos mexidos pela brisa gelada vinda da Baía da Guanabara e a roupa preta com pequenos detalhes rendados davam à mulher aquele ar sexy, misterioso e acentuavam o boêmio da alma, mas nunca vulgar.

O silêncio das ruas da Glória faziam as ideias de Inês gritaram.

Talvez fosse mesmo a hora de deixar alguém entrar... talvez o sábio mortal Seu Ciço, tivesse razão. Como sempre.

Era por volta das três da manhã quando a mulher chegou ao seu destino. Tomou sua segunda forma e observou os dois policiais conversando pela janela.

- Olha, Eric. - a policial interrompe a "investigação" - Uma borboleta na janela...

- Que linda!

- Sabe o que dizem sobre borboletas? Dizem que simbolizam a transformação.

Márcia se levanta de onde estava e vai até a janela. Parecia que aquele bichinho estava chamando.

A borboleta bate as asas e voa alto, Márcia podia jurar que viu um caminho brilhoso por onde ela havia passado.

Inês estava no telhado do prédio, observando o quase amanhecer quando finalmente Eric foi embora. Então retornou a janela, batendo as asas azuis, e esperou que Márcia caísse no sono para usar seus poderes.

Entrou no quarto e se escondeu nas sombras.

Nana, neném.
Que a Cuca vem pegar.
Papai foi à roça.
Mamãe foi trabalhar.

Inês mais uma vez invade as memórias da outra mulher, vai abrindo todas as portas sem pedir licença e escuta com atenção toda a conversa daquela noite fazendo suas próprias observações.

"- O boto! O boto cor-de-rosa na praia do Flamengo. Eu fiquei com ele no meu carro, pra levar pro IML, mas quando chegou a noite ele virou um homem...

- Manaus! - os dois dizem juntos."

Inês sorria satisfeita com aquilo, mais uma vez ela estava certa em sua suposições. Sabia que eles sabiam mais que o esperado!

Isso mostrava que os dois precisavam ser acolhidos ou destituídos pelas entidades. Inês sabia, agora, que os dois eram confiáveis e, por isso, precisavam ser protegidos também.

- Quase tudo! Repare que em todos os três casos têm vítimas mortas por asfixia, mas nenhuma tem marcas. Porém, isso passou batido para a investigação porque oficialmente Gabriela e Manaus morreram por causa do fogo, então não tiveram questionamentos.

- Você não acha que foi o incêndio, Márcia?

- E você acha? A gente já sabe que estamos falando de entidades, não é uma pessoa normal que está fazendo isso.

Eles sabiam muito mais do que deveriam, e logo poderiam dar nome a todos os bois, saberiam do Corpo Seco e precisariam estar atentos a todo momento.

A Cuca já pensava em como se preparar pra explicar tudo aos policiais, seria uma conversa bastante demorada.

- Certo. Amanhã eu vou até a Inês, de novo. Ela precisa ser interrogada.

- Você quer que eu vá? Parece que ela não foi  muito receptiva hoje...

E foi nesse instante que uma ansiedade acertou em cheio o peito da bruxa. Rapidamente se transportou pra realidade e saiu voando pela janela, só pousou quando chegou na orla da Praia do Flamengo e sentou na areia apreciando o restante do nascer do sol.

O lilás rosa-alaranjado do céu fez Inês finalmente se acalmar, esquecer o perigo e pensar nas perdas que sofreu... e nas que não queria sofrer.

Refletiu muito, conversou com a Inês mais íntima, tímida e vulnerável. Finalmente uma ficha e mais determinada que nunca disse pra si: O Corpo Seco não sabe com quem ele escolheu se meter.

......

Oioi pessoal! Tudo bem? Aqui estamos com mais uma atualização, dessa vez um pouco menor que o normal.

Espero que tenham gostado desse momento mais Inês. Os próximos capítulos vão ainda seguir um rumo "mais investigativo", mas não se esqueçam que  sábado é dia de encontro Marinês! Ansiosos? Eu tô!

Queria fazer umas perguntinhas, por favor me ajudem!

1. Amanhã (quinta), sexta e sábado  quero postar capítulos novos. Qual horário vocês preferem?

2. Se eu escrevesse um suspense original, vocês leriam?

Enfim, é isso! Obrigada por todas as leituras, votos, comentários, tudinho! Não esqueçam de conferir minha outra história, é uma coletânea dos meus poemas, passem !

Beijinhos, tchau!!

Nosso Amor Não é LendaOnde histórias criam vida. Descubra agora