Nosso Amor Não é Lenda [Concluída]

Capítulo 23

- Como assim? - pergunta Márcia. - Você não pode fazer isso, Inês!

- Faz sentido. - Iberê diz. - Expulsar o espírito, só expulsar, é o mínimo de dano que podemos causar da menina e controlá-lo, de dentro pra fora, é uma ótima estratégia para enfraquecê-lo.

- Além de conseguir ganhar um pouco mais de tempo para vocês.

As esperanças foram aumentando, não queriam tirar o pé do chão, mas o plano estava tomando forma, finalmente! Tinham esperança de que ninguém ia morrer... ao menos ninguém inocente.

- Ligue para o Eric, Márcia. Vamos nos preparar para cercar Luna e controlar os movimentos do Corpo Seco até mim. Depois que ele estiver em mim, eu vou tentar enfraquecê-lo e ganhar um tempo para que vocês ajudem a Luna a se recuperar.

- Márcia e Eric podem ir com Luna para outro lugar, tirá-la de perto do perigo. E nós ficamos aqui, para trazer o Corpo Seco de volta quando eles já estiverem longe. - Camila acrescenta.

- É o mais próximo de um plano perfeito que podemos ter. Ligue para ele, policial, não deixe ele desconfiar. O fator surpresa é essencial para derrotamos o Corpo Seco.

Ligação ON

- Alô, Márcia?

- Oi Eric! Tudo bem? Como está a Luna?

- Ah... dentro do possível, está tudo bem. Luna está... melhor. Posso te ajudar?

- Estou aqui no Cafofo. Camila está aqui e perguntou por vocês... Não querem aparecer? Só pra jogar conversa fora.

- Claro! Já já estou aí...

- Mais uma coisa! Não conte pra Luna, tenho uma surpresa para ela.

- Claro! Tchau!

- Tchau, Eric.

Ligação OFF

- Eles estão no caminho.

- Vamos, se ajeitem e fiquem preparados!

Todos escutam as ordens de Iberê, até mesmo Inês. Os dois não eram os melhores amigos, existia uma briga de poder entre eles. Os dois são poderosos, e sabem disso. Mas hoje a prioridade de Inês era outra, não interessava ser a mais forte, ou a mais poderosa, o que interessava era proteger aquela menina tão especial para a Márcia. Sabia que não conseguiria viver com ela mesma se não fizesse tudo que estava ao seu alcance para proteger a policial de qualquer dor que pudesse sentir.

- Foi mesmo um milagre que Isac tenha convencido o Iberê. - Márcia diz baixinho para a bruxa. - O que está fazendo? Não deveria estar em posição?

- Alguns chás e óleos que podem ajudar Luna. Assim que o Corpo Seco estiver em mim, leve ela para meu quarto. Esses chás vão dar força e use os óleos para proteção.

- Sim, senhora.

Inês dá um breve risinho.

- Por que era tão importante que o Iberê se juntasse a vocês?

- O Corpo Seco morre de medo dele, foi assim que ele morreu a primeira vez. Mesmo que a gente não saiba exatamente como, é essencial ter o Curupira com a gente. A simples presença , vai balançar a confiança do espírito.

As duas ficam em silêncio por um tempo.

- Eu preciso ir. Fique escondida em um lugar que consiga nos ver e seja rápida com a Luna. Mantenha o Eric com você, ele é um alvo frágil.

A bruxa estava pronta para caminhar até seu sacrifício quando sentiu as mãos trêmulas da policial puxando seu braço.

Foi muito rápido, sutil e bruto ao mesmo tempo, mas quando percebeu o movimento estava tão próxima de Márcia que não conseguia pensar. Apenas sentia a respiração da mulher, quente e pesada, bem próxima do seu rosto.

Márcia avançou num beijo lento e delicado, o primeiro. Sentiram  corpo arrepiar com se passe uma corrente elétrica entre elas. Quando se afastaram, estavam em outra realidade. Era como se ouvissem seus corações batendo juntos, e nenhum problema no mundo fosse separá-las. 

Mas aos poucos foram voltando ao planeta Terra, e o que foi como uma porta arregaçada para uma nova aventura particular, passou a pesar como uma despedida.

- Obrigada por proteger a Luna.

- Cuidado, Márcia.

- Você também.

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Todos em posição, apenas esperando o inimigo.

- Não esqueçam do plano, o tempo é crucial. - Diz Iberê.

- Eles chegaram.