Capítulo 1

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QUINTA, 07/01/2016  13:38

- Acontece que isso não vale a pena Bianca. Eu já disse e vou repetir, não apoiamos este seu relacionamento com o Carlos, ele não é a pessoa certa para você, são de classes sociais diferentes, sabe disso. Por qual motivo insiste em teimar? O que você ganha com isso? Desafiando minha autoridade e a do seu pai?

-Ao contrário de vocês eu não me importo com essas classificações sociais. É tão difícil entenderem que eu o amo?!

Devem estar se perguntando o que está acontecendo não é mesmo?! Bem, meus pais nunca apoiaram meu relacionamento com Carlos, a desculpa que me dão sempre é o fato de não pertencermos a mesma casta social, mas eu acho que isso é mais por implicância mesmo. Mais uma vez minha mãe está aqui, tentando me fazer terminar meu relacionamento. Em exatos sete dias eu irei me formar e eles querem que eu comece quanto antes a faculdade de direito, porém não é essa a carreira que quero seguir.

- Vamos sair mais tarde para um jantar na casa dos Winners, espero que você esteja pronta e de forma apresentável as sete, não quero desculpas ou qualquer outra coisa que venha de você. Entendeu?

- Sim, eu entendi. Posso me retirar agora ou ainda vai me encher o saco?- ela me olhou com uma cara de poucos amigos, porém apenas assentiu, e assim eu subi as escadas em direção ao meu quarto. Tranquei a porta e me joguei em minha cama. Tudo o que eu mais quero agora é dormir e acordar em outra realidade.

Meu celular começa a tocar, olhando no visor vejo se tratar do meu namorado.

                                  ☎️
“- Bianca?

- Oi meu amor, como você está? Não pensei que fosse me ligar hoje.

- Estou bem sim, mas liguei por que precisamos conversar. Encontre-me em minha casa em vinte minutos.

- Ah, está bem. Amo-te!”
                                 ☎️

Ele não me respondeu, apenas encerrou a ligação. Levantei-me, peguei meu celular, minha bolsa e fui em direção a sua casa. Ao contrário de mim, Carlos morava sozinho, por isso sempre nos encontramos lá. Morávamos relativamente perto.

Cheguei a sua casa as 14:01, toquei a campainha e esperei um pouco. Minutos depois ele apareceu na porta vestindo apenas uma calça moletom, os cabelos despenteados. Para mim ele era lindo, com cabelos negros e curtos, olhos castanhos, pele clara, um bom porte físico, ele era mais alto que eu.

- Olá. – eu disse enquanto ainda o admirava.

- Bianca, entre! – deu espaço para que eu passasse e assim o fiz. Sua casa era de tamanho médio, uma sala separada da cozinha apenas por um balcão, dois quartos e um banheiro. Praticamente todos os móveis eram brancos. Sentei-me no sofá e esperei que ele falasse. Calmamente ele veio em minha direção. –Aceita alguma coisa?

- Pode ser uma água por favor!- ele assentiu e logo foi em direção a cozinha, demorou um pouquinho e voltou com a água – Obrigada!- ele apenas se sentou ao meu lado e me olhou por poucos minutos.

- Precisamos conversar, mas antes de tudo, eu quero sentir você, por favor.

- Ah, claro! – seguimos até seu quarto, assim que o adentrei ele me abraçou por trás e começou a distribuir beijos por todo o meu pescoço. Tenho certeza que ele irá deixar marcas. Andamos até a cama onde ele se posicionou por cima de mim e continuou, até que em meu corpo restassem apenas minhas peças íntimas.

- Você é tão linda. – voltou a distribuir beijos por meu corpo e eu me lembro apenas de sentir tudo ao meu redor girar, não sei bem o que houve.

Despertei, estava sentindo uma leve dor de cabeça, deitada na cama olhei para os lados e não o vi ali, minutos depois o vi adentrar o quarto com um copo nas mãos, imagino que seja água.

- Beba, depois conversamos. – entregou-me o copo e eu apenas bebi todo o conteúdo ali presente.

- O que aconteceu?- perguntei ao sentar na cama e sentir uma leve dor em partes do meu corpo.

- Estávamos deitados e ai você simplesmente apagou. – olhei para meu corpo, estava perfeitamente vestida.

- Nós tivemos alguma relação sexual?

- Não! Como eu disse você apagou.

- Entendo! Enfim, o que queria conversar comigo meu anjo?

- Bianca, eu quero terminar com você.

Sabe quando tudo parece parar? Quando as estruturas do mundo parecem ruir? É isso que sinto agora. Um nó se forma em minha garganta, sinto meus olhos marejados.

- O que houve? Eu pensei que você me amava. Não significo nada pra você? – minhas lágrimas desciam sem controle algum.

- Olha, eu sei que é difícil para você entender ou até mesmo aceitar, porém eu não gosto mais de você como antes, nem sei se algum dia eu cheguei a te amar. Somos jovens, ainda temos tanto para curtir, tanto para fazer.  – ele agora andava pelo quarto, não mantendo nenhum tipo de contato visual comigo, todavia eu não enxergava arrependimento em seu rosto.

- Não pode simplesmente acabar assim. Carlos, meu amor, eu faço o que você quiser, só, por favor, por favor, não me abandone. – andei até ele e o abracei ainda chorando, mas  ele apenas me empurrou e olhando nos meus olhos ele declarou sua última sentença.

- Acabou. Por favor, saia da minha casa. – andando até a porta do quarto ele apenas a abriu indicando que aquela conversa já havia chegado ao fim. Não adiantava discutir, acabou. Passei pela porta do quarto e pude sentir que ele vinha logo atrás de mim. Peguei a bolsa no sofá e mesmo sem querer, atravessei a porta de sua casa e segui andando para a minha.

Foi tudo de repente, o meu mundo apenas ruiu. Lembro-me de todas as vezes que nos ficamos, das vezes que ele disse me amar, que ele prometeu estar ao meu lado. Não passou de uma ilusão.  Como devo me sentir agora?

Em pouco tempo cheguei a minha casa e graças aos céus, não havia ninguém na sala. Segui para meu quarto e ao abrir a porta me deparo com minha mãe sentada em minha cama, provavelmente me esperando.

- Onde esteve? – indagou ao se levantar e caminhar em minha direção. Não respondi, era como se eu não soubesse mais como falar. Ela me avaliou várias vezes. – Onde esteve Bianca? – dirigi meu olhar para sua face, dei um meio sorriso triste e caminhei até a cadeira da escrivaninha.

- Espero que fique feliz em saber que Carlos terminou comigo. Era isso que queriam, não? – ao olhar de relance em sua direção, pude ver seu sorriso sarcástico, sim, minha mãe estava tripudiando em cima de meu sofrimento.

- Já não era sem tempo. Enfim, são exatas 17:30, vamos sair as sete, se arrume e me poupe desta sua cara de enterro, ninguém tem culpa das suas burradas.

- Eu não quero ir.

- Isso não está aberto à discussão! – saiu do meu quarto, levantei-me apenas para trancar a porta e me jogar em minha cama. Eu só preciso chorar, mas preciso me arrumar para esse jantar onde o único objetivo de meus pais é me juntar com o filho dos Winners.

Direcionei-me ao banheiro, chorei bastante em baixo do chuveiro e depois sai para me arrumar. Coloquei um vestido preto de manga longa que vai até meus joelhos, um pequeno salto da mesma cor, prendi meus cabelos pretos em um coque frouxo, maquiagem básica e desci para esperar meus pais.

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