CAPÍTULO 2

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CASA DOS WINNERS 19:15, QUINTA, 07/01/2016


Saímos de casa às sete em ponto. Não era novidade para ninguém que eu estava insatisfeita por estar saindo de casa. Além de terminar um relacionamento unilateral que durou praticamente dois anos, sentia que algo estava estranho, mas não sabia ao certo dizer o que era.

Meu pai estacionou o carro em frente a propriedade dos winners e então fui obrigada a descer do carro. Eles eram uma família da alta sociedade, bem como a minha, assim como também eram uma família de advogados, por isso o desejo dos meus pais em unir as empresas através de um casamento. Um pensamento arcaico eu diria.

A casa era bonita, era preta com janelas de vidro, um jardim na frente, ou seja, uma típica casa de ricos.

- Vamos Bianca, pare de ficar sonhando acordada. - minha mãe disse enquanto andávamos em direção a casa.

Assim que chegamos na entrada, meu pai tocou a campainha.

- Bianca, desamarre essa cara. Não quero dar uma má impressão por conta de seus caprichos infundados. - minha mãe disse me lançando um olhar de desgosto e desaprovação. Mesmo que as palavras estivessem travadas em minha garganta, nada disse, apenas coloquei meu mais falso sorriso, enquanto pacientemente aguardava que atendessem a porta. Alguns minutos depois, uma mulher alta, com cabelos pretos ondulados que chegavam ate metade de suas costas nos atendeu com um sorriso receptivo.

- Boa noite! Por favor, entrem e sintam -se à vontade, meu marido irá descer daqui alguns minutos.

Ela nos deu passagem e entramos enquanto éramos guiados para a sala que julguei ser a sala de visitas. A casa era ampla e muito bem decorada com cores alegres.

- Como vai querida?- pronunciou minha mãe com um sorriso que julguei ser falso. - Faz tempo que não nos vemos.

- Verdade! Bianca, você está linda meu bem. Se tornou uma bela mulher.

- Obrigada senhora winner. A senhora está igualmente elegante. - tentei ser o mais simpática possível, pois mesmo estando quebrada por dentro, não é de minha natureza ser rude com as pessoas ao meu redor.

- Por favor, sem formalidades. Me chame de Clara.

- Está bem.

Minha mãe puxou um assunto e lá se foram longos minutos esperando o senhor winner aparecer. Depois de minutos que, para mim pareceram uma eternidade, finalmente ele apareceu na sala.

- Boa noite! - se pronunciou com o mesmo ar simpático que sua esposa. - espero não ter demorado muito! - meu pai se levantou e o cumprimentou com um aperto de mãos, assim como minha mãe. Então, ele olhou em minha direção e abriu um sorriso radiante que me deixou um pouco desconfortável. Não levem para o lado ruim, mas não somos próximos. Vim a essa casa no mínimo duas vezes e os encontrei apenas em eventos da empresa dos quais era obrigada a comparecer. - como você cresceu minha querida. - me puxou para um abraço e, mesmo um pouco desconfortável o retribui.

- É um prazer revê -lo senhor winner.

- Criança, me chame de Gustavo, senhor me faz parecer um velho. - todos sorriram em uníssono e eu apenas dei um pequeno sorriso concordando.

- Bom, vamos jantar!

Seguimos Clara em direção a sala de jantar. Gustavo se sentou na ponta da mesa de dez lugares, Clara ao seu lado direito, eu ao seu lado e meus pais a nossa frente. O jantar seguiu tranquilo, algumas piadas sem sentido foram feitas, mas permaneci em silêncio o tempo todo, mesmo quando tentavam me incluir, dava respostas curtas e voltava a me concentrar em meu prato.

Um tempo depois voltamos para a sala, enquanto Gustavo e meu pai foram para o escritório, minha mãe falava animadamente sobre alguma coisa até que Clara se virou para mim afim de me incluir na conversa.

- E você Bianca, namorando? - não sei bem o que houve, mas tudo que meu coração queria era sair do meu corpo e pular de um prédio bem alto, ou se afogar em um lago bem fundo. Ainda doía, e era compreensível, pois tudo aconteceu a poucas horas atrás, ainda estava quebrada por dentro, mas por fora tinha uma cara clássica de desinteresse.

- Não, no momento estou solteira. - tentei ser o mais amigável possível, ela não tinha culpa, talvez ninguém além de mim tenha culpa. Minha mãe observava tudo com sua típica cara falsa, mas seu olhar dizia muito, ele deixava transparecer sua raiva, seu desgosto, tudo direcionado a mim.

- É uma pena que meu filho não está aqui, vocês se dariam bem.

Quando ela citou seu filho, vi o rosto de minha mãe mudar para uma feição interessada.

- O Jeferson? Ele está trabalhando?

- Ah, não! Meu filho resolveu fazer a faculdade de direito no Canadá, ele achou que seria melhor estudar lá.

- Então ele decidiu seguir os passos de vocês?

- Sim. - deu um sorriso ameno.

- Que bom amiga! Bianca não teve o mesmo senso, decidiu cursar medicina.

- Sério Bianca? É uma linda profissão. - claramente a reação dela foi completamente diferente da reação dos meus pais.

- Obrigada!

- Querida, terminamos! - Gustavo se sentou ao lado de sua esposa, meu pai fez o mesmo com minha mãe. - Sobre o que falavam?

- Meu bem, sabia que a Bianca quer cursar medicina?

- Sério? É uma linda profissão, meus parabéns.

- Novamente, obrigada.

Meus pais pareciam meio incomodados, então decidiram que já era hora de ir. Nos despedimos do casal e seguimos para nossa casa. Saímos de lá perto das 22:23, não demorando assim para estarmos em casa. O trajeto foi feito em silêncio absoluto, o que não achei ruim. Não é surpresa que meus pais abominam a profissão que pretendo seguir.

Ao chegarmos em casa, fui direto para meu quarto, precisava pensar, aconteceu muitas coisas hoje. Não vou dizer que não estou triste pelo término do meu relacionamento, eu o amo, mesmo que ele já tenha me dado motivos para não fazê -lo, mas quem manda no "coração" não é mesmo?!

Decidi tomar um banho para ver se me ajudava a relaxar. Ao terminar, coloquei uma blusa de mangas que fica extremamente grande em meu corpo e andei até minha escrivaninha. Cheguei à conclusão de que não irei atrasar minha vida, não mais. Não há, de fato, nada que me prenda neste lugar.

Entrei em um site de viagens e resolvi comprar uma passagem, ainda possuía o cartão dado por meus pais então logo comprei para o dia seguinte. Iria recomeçar em outra cidade, não que eu esteja literalmente fugindo, mas chega de adiar minha vida. Já tenho 18 anos, preciso tomar as rédeas da situação.
Meu voo sairia às onze, por isso comecei a arrumar minhas coisas, levaria apenas o básico. Uma mala seria o suficiente. Após terminar, deitei-me e logo adormeci.

《《《《《《《《♡》》》》》》》》

Acordei cedo, hoje seria minha viagem. Ao olhar para o relógio, constatei não passar das 07:00 AM. Levantei -me e tomei um banho, coloquei minhas roupas, conferi meus documentos e afins, logo pegando minha mala é descendo. Nesse horário meus pais não estariam mais em casa, o que era um alívio, não queria ter de confrontar minha mãe. Chamei um carro por aplicativo que não tardou a chegar, entrei e fomos direto para o aeroporto. E aqui estou eu, indo começar uma nova etapa da minha vida.

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⏰ Última atualização: Jul 24, 2021 ⏰

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