O coração de Mikasa estava congelado no tempo, talvez no homem que agora estava debaixo da terra por três anos.
Ela quase se recusou a ir à festa organizada por Historia nos distritos internos, para comemorar o início da paz em Paradis. Propostas de homens eram ouvidas cada vez que ela se apresentava para qualquer evento que Historia a convidava, e comentários de pessoas que a odiavam eram ainda mais prevalentes. Mikasa não gostava de atenção e parecia que quanto mais o tempo passava, mais atenção recebia.
Mas acima de tudo, Mikasa Ackerman não achava que ela merecia toda a diversão daquela noite. Ela não era digna do perdão de Paradis, não depois de ver os horrores que o homem que ela amava havia causado. Ela não conseguia se perdoar por amar Eren Yeager, por ainda estar de luto por ele. Nem agora, nem nunca.
Assim, a felicidade era uma mercadoria que ela não podia pagar. Amantes de monstros não mereciam nada.
Ela se perguntou se a mesma coisa passou pela mente de seus amigos quando ela entrou na sala, seguida por vários pares de olhos.
"Traidora", algumas vozes ecoaram, dando a ela o desejo de revirar os próprios olhos. Por alguma razão, os Yeageristas concentraram todo o seu ódio nela, chegando a usar calúnias contra ela sempre que a viam.
Ela não entendia, nem gostava, mas Mikasa aprendera a conviver com isso. Talvez ela merecesse, ela pensou tristemente.
Seus pés a levaram para a primeira sacada que viu. O que ela estava fazendo lá? Historia a havia convidado, mas para quê? Que propósito ela tinha com todas essas pessoas? Mikasa tinha uma casa, uma casa vazia com um fogão frio e uma cama dura e ainda mais fria, mas uma casa que ela mesma construiu. A Ackerman poderia estar tricotando algo, ou fazendo qualquer outra coisa em vez de sufocar com o vestido que a rainha Historia mandou para ela usar.
— Mikasa?
Mikasa se virou, certa de que ela poderia reconhecer aquela voz em qualquer lugar.
— Jean! — Disse ela piscando de surpresa ao vê-lo. — Você ficou um pouco mais alto.
Ele usava um terno preto de aparência chique, que de alguma forma realçava o tom avelã em seus olhos.
— É eu sei! — Disse ele, coçando a nuca sem jeito. — Devo estar parecendo um poste de luz.
— Eu não acho. — Mikasa respondeu, brincando com as mangas bordadas do vestido. — Bem-vindo a festa.
— Obrigado! — Ele disse, dando a ela o sorriso mais gentil que alguém tinha lhe dado há algum tempo. — Armin está procurando por você em todos os lugares.
— Eu imaginei... ele te pediu para me procurar?
Jean ergueu um maço de cigarros na frente de Mikasa, dando passos lentos até que ele parou ao lado dela.
— Eu queria fumar um pouco! — Disse ele, movendo o pescoço de um lado para o outro. — Tem uma grande multidão lá... e eu tinha algo diferente em mente pela primeira vez que te vi de novo.
— Como assim?
— Primeiro, não ficar fedendo a cigarro. — Jean riu, colocando um na boca, lutando com o que parecia ser um isqueiro. — Em segundo lugar, Connie e eu pensamos que flores seriam apropriadas.
— Para esconder o cheiro de cigarro?
— Boa! — Jean respondeu olhando de canto para ela. — Como você está ultimamente?
Sua pergunta foi educada o suficiente, mas Mikasa sabia das camadas de significado que ela transmitia. Ela esteve separada deles por três anos inteiros, congelada no tempo e na dor, e Jean sabia disso tão bem quanto o resto de seus amigos. Uma resposta cordial veio a sua mente, mas ela não achava que Jean seria a pessoa para acreditar em uma mentira, não dela.
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𝐋𝐀𝐔𝐆𝐇𝐓𝐄𝐑 ★ (𝐣𝐞𝐚𝐧𝐤𝐚𝐬𝐚)
Romance𝕷𝖆𝖚𝖌𝖍𝖙𝖊𝖗 | 𝖧𝗈𝗎𝗏𝖾 𝗆𝖺𝗂𝗌 𝖽𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝖺𝗅𝗀𝗎𝗇𝗌 𝗁𝗈𝗆𝖾𝗇𝗌 𝗊𝗎𝖾 𝗆𝗈𝗌𝗍𝗋𝖺𝗋𝖺𝗆 𝗂𝗇𝗍𝖾𝗋𝖾𝗌𝗌𝖾 𝗉𝗈𝗋 𝖾𝗅𝖺; 𝖾𝗅𝖾𝗌 𝖾𝗋𝖺𝗆 𝖻𝗈𝗇𝗂𝗍𝗈𝗌 𝗈 𝗌𝗎𝖿𝗂𝖼𝗂𝖾𝗇𝗍𝖾, 𝖻𝗈𝗇𝗌 𝖿𝗂𝗅𝗁𝗈𝗌 𝖾 𝗂𝗋𝗆𝖺̃𝗈𝗌 𝖼𝗈𝗆 𝖻𝗈𝗆 �...