Chapéus estão caindo do céu

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Era um sábado de sol quando o primeiro apareceu em um parque. Estava passeando com minha família quando notei que todos estavam olhando para cima, e algo estava caindo do céu, deslizava como se fosse uma pena, lentamente e pousou exatamente na frente de um sujeito, que ficou examinando o estranho objeto por alguns segundos, abaixou, levantou na altura dos seus olhos e colocou na sua cabeça sem nem mesmo hesitar.


Era algo inusitado. Todos ficamos observando para saber qual seria a próxima reação do homem, manuseando algo que simplesmente surgiu do nada. O homem parecia neutro por alguns momentos até que começou a sorrir e conversar com pessoas que não estavam presentes. Nós sabíamos que ele não era louco. Algumas vezes, vimos trabalhando no comércio, bem comunicativo. Naquele instante, parecia que havia se transformado em outra pessoa: sorrindo, alegre, animado exageradamente.


Ninguém se preocupou, decidimos ignorar o sujeito. Não era nada de importante ou significante até que chegou o outro dia... havia mais chapéus caindo do céu. Estava fora de casa, como de costume, com outros amigos quando enxergamos aqueles pontos pretos descendo, debruçando embaixo do nariz de algumas pessoas, que fizeram o mesmo comportamento estranho com algum tipo resposta: apenas colocar o chapéu na cabeça e se comportar de forma inusitada. Foi aí que uma portadora de terror começou a crescer.


Quando percebi que em vários e vários pontos mais deles estavam surgindo, meus pensamentos de pânico piscaram cenários horríveis em minha mente, eles só diziam para "fugir!".


Corri tanto que parecia que os meus pulmões fossem explodir. Meu coração estava latejando como tambores nos meus ouvidos. Na distância, percebi a porta de entrada da minha casa aberta, aí o terror estava assumindo proporções que desconheci até o momento. Assim que entrei, encontrei o vovô de costas, procurando alguma coisa, em pânico.


"Cadê o papai?" Foi a única coisa que consegui dizer com um mau pressentimento.


Virou rapidamente para mim. Nunca o tinha visto tão cansado, talvez tenha vindo correndo também. Um olhar de choque foi pintado em seu rosto enrugado com palidez .


"Droga! Disse para você não sair de casa! Nós iríamos voltar rápido..." - Ele estava desesperado. Se recompôs rapidamente, fechou as cortinas, trancou a porta com a chave e me arrastou para a cozinha, preparando o velho e bom chocolate quente. Essa era a forma que usava quando percebia que eu estava chateado.


"Desculpe... sempre saio quando vocês vão trabalhar..." - Ele estava tremendo, agitado demais para segurar o pote de leite guardado na geladeira. Com dificuldade de manusear a colher e colocar Nescau.


“Você não pode ficar andando por essas ruas sozinho.” - tentou sorrir, mas os seus olhos não estavam acompanhando a emoção. “Você nunca sabe que coisas ruins estão à espreita lá fora.” - ele não respondeu minha pergunta e nunca recebi a confirmação do que eu sei agora o que aconteceu.


Naquele mesmo dia, ficamos horas no quarto, e ele tentando usar o telefone, e eu brincando com algumas coisas no tapete redondo. Quando o dia deu lugar à noite, foi quando o silêncio foi substituído por sons de gemidos compreensíveis, certamente vindo de várias direções e sendo trazidos pelo vento. Um coro musical horripilante.

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