Receptáculo

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Itadori Wasuke não conhecia a comunidade jujutsu, ou pelo menos não o seu lado bom.

Quando Uyara eliminou a maldição que os perseguia, ele a reconheceu como feiticeira e até o pequeno Yuuji pode dizer que isso apavorou seu avô.

Se anteriormente o velho tentava proteger o garoto sem que ele soubesse que algo estava acontecendo, agora eles corriam como se suas vida dependessem disso. Nem mesmo deram a chance da mulher aborda-los antes de iniciarem essa fuga desesperada.

- Eu sabia que você era assustadora, mas isso é um pouco demais. - Satoru comentou, se aproximando da amiga e acompanhando as energias dos outros dois conforme eles se afastavam.

- Não foi de propósito, dessa vez. - Ela lhe ofereceu um leve sorriso, porém logo voltar a olhar na mesma direção que ele encarava, com certa apreensão. - Nós estamos atrasados. Alguém do nosso ramo já se envolveu com eles.

Não era preciso dizer que não estavam agindo conforme os padrões normais. Gojo não estava agindo, pelo menos. Eles poderiam muito bem confrontar o idoso e reivindicar o garoto, a brasileira poderia simplesmente convence-lo a entrega-lo espontaneamente, ou até mesmo não seria estranho se escolhessem sequestrar os dois, entretanto, para que tudo ocorresse conforme planejavam, uma cooperação sincera e mutua era necessário.

Wasuke parecia ser uma pessoa muito teimosa, ranzinza e rabugenta, do tipo que facilmente encontraria defeitos nas crenças de sua mente se elas fossem feitas pela influência de outra pessoa. Logo, o caminho mais fácil não era um meio de ação estável.

Além disso, sabiam que a saúde dele estava relativamente frágil e causar uma morte súbita se fossem um pouco mais bruscos era uma hipótese real.

Yuuji não era o único que precisavam proteger, seu avô possuía informações valiosas e a genética necessária para produzir outro receptáculo. Isso sem nem dizer que ele era a única família do menino, não eram cruéis ao ponto de retirar até isso dele.

Eles deixaram que os dois soubessem que estavam se aproximando e, embora a técnica de Uyara fizesse com que o pequeno risse para ela de longe e acenasse animadamente, ela não podia ser agressiva o suficiente para causar o mesmo efeito no outro. 

O Itadori mais velho correu para a própria casa e os trancou lá dentro, ao mesmo tempo que começou a espalhar uma serie de artefatos que deveriam impedir a aproximação de maldições e feiticeiros, bloqueando, teoricamente, o caminho deles para dentro. Em seguida, rapidamente começou a juntar seus pertences de maior importância, como se considerasse aquele lugar condenado e perigoso.

Coitado.

Na distração de sua ansiedade ele não os viu ultrapassando a barreira como se ela nem existisse e muito menos percebeu que o garoto veio até eles, abrindo a porta para recebe-los.

- Olá, pequeno. - Kioku cumprimentou, enquanto se abaixavam para ficarem próximos a altura dele. - Nós podemos entrar?

Yuuji olhava para os dois como se eles fossem criaturas místicas saídas diretamente de um conto de fadas, com os olhinhos brilhando e bochechas coradas. O que piorou um pouco quando Satoru levantou o tecido de restrição dos seus sentidos e permitiu que ele contemplasse os seis olhos.

- Por favorzinho! - Ele pediu, causando um suspiro de admiração na criança.

Foi quando percebeu que a amiga não interferiu de nenhuma forma além de seu pequeno teste para chamar atenção, anteriormente, enquanto ainda estavam os perseguindo. O jovem era apenas muito inocente e facilmente impressionável mesmo.

- C-claro! - Suas mãozinhas se moveram com determinação e seu corpo se afastou da porta para deixa-los passar.

Fofo.

Jujutsu Kaisen - Orbitando um buraco negroOnde histórias criam vida. Descubra agora