Um sorriso falso

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"Não pensou em falar? comentar talvez?! Eu não me importaria nem se fosse por meio de uma carta!!" Dionísio fala irritado enquanto anda em círculos pelo cômodo. " Está prestes a estourar uma guerra, Poseidon contra Zeus. Agora além de decidir se mato o menino Jackson tenho que descobrir o que fazer com você!"

Naquela sala de jogos estavamos eu, o Sr. D e Quiron. Claro que Percy não seria arrastado para lá, ele era um novato. Mas eu estava no acampamento a mais de um ano e obviamente sabia quem era meu pai.

" Qual o seu nome menina?" Quiron pergunta com calma, olho pra ele e me forço a lembrar que ninguém alí sabe meu nome.

" Alya, Alya 'tod'"

Ele suspira cansado e depois olha para o deus do vinho que continuava falando com sigo mesmo e rodando.

" Pode ir Srta. Tod, qualquer coisa a chamo novamente, mas por enquanto está liberada."

Aceno em compreensão a Quiron e saiu da casa grande. Ando até onde está acontecendo a fogueira, tinham muitos campistas lá e quando me aproximei aqueles que me viram faziam uma cara de desgosto. Viro o rosto e subo o capuz, sigo pelas sombras até o chalé de Artemis e depois de me certificar que a porta estava trancada me jogo na cama e chamo Thalia.

Ela sabia que eu não queria conversar no momento em que apareceu, então apenas se ajoelhou diante de mim e fez uma espécie de cafuné até que eu adormecece.

Tão frio, mais frio do que eu estou acostumada. Olho para cima e vejo meu pai, em seu trono e com sua coroa negra na cabeça.

"Eu o quero morto" foi a primeira coisa que ele disse, não: bom dia, como vai?, Eu te amo.

Não... A primeira coisa que ele diz é: Eu o quero morto.

"Quem?" Questiono e ouço minha voz se perder, quase como se eu estivesse no fundo do mar.

"Perceu Jackson, ele é um ladrão. Eu o quero morto e você fará isso para mim."

Não tinha sentido aquilo, Percy? Um ladrão? Não tinha como. Balancei a cabeça em negação.

"Não estou convencida, não vou matar alguém a quem julgo inocente." Não sou grossa, mas sim firme ao falar.

Hades então se levanta e com tota a sua ira e me olha, sinto as paredes se fecharem sobre mim e o teto despedaçar. Me sinto em uma caixa onde agora já estou sentada com as mãos curvadas tentando não ser esmagada.

"Você é muito parecida com ela..." É a última coisa que escuto meu pai dizer antes da 'caixa' se fechar ao meu redor, me fazendo cair na escuridão....

Acordo assustada, o suor tinha grudado minhas roupas na pele. Olho ao redor em busca de informações sobre onde estou. Ao reconhecer meu beliche no chalé de Artemis tento respirar com mais calma.

" Não foi real, não foi real." Repeti isso para mim mesma durante o banho, e enquanto trocava de roupa.

Isso ficou na minha cabeça enquanto eu comia na mesa de Artemis e só deixei para lá quando algo me distraiu.

"Posso sentar com você?!" Percy diz já colocando sua bandeja de comida na mesa e se sentando.

Tento não pensar nas palavras de meu pai enquanto ele se ajeitava no banco.

" Não é comum sentar-se em uma mesa que não a do seu chalé." Digo tentando não soar maldosa.

" Bom, eu estou sozinho na mesa de Poseidon e você está sozinha na mesa de Hades então..."

" Essa não é a mesa de Hades, Hades não tem uma mesa e nem um chalé no acampamento. Do mesmo jeito que não tem um trono no Olimpo." Falo com um toque de tristeza, aquilo não era muito legal de se pensar.

" Eu, bom... Sinto muito, isso não parece justo." Ele diz meio envergonhado

" Ok, sem problemas. Essa é a mesa da minha prima Artemis, ela me permite usar tanto sua mesa quanto o chalé dela." Forço um sorriso ladino " Ela não gostaria de saber que permiti um menino sentar-se aqui, mas acho que uma vez não vai matar."

Conversamos pouco, ele não demorou a perceber que sou mais de ouvir do que falar. Quando acabamos ele foi conversar com o seu amigo Sátiro e eu me juntei a Will e Clarisse. Praticamos esgrima e arco e flecha, também acabei sendo arrastada pelo Solace a uma aula de artesanato que mesmo que parecesse uma chatice acabou sendo legal.

Voltei para o chalé 8 sem jantar ou participar da fogueira, não queria ver mais nenhum dos olhares de medo, nojo, raiva ou pena que quase todos os campistas davam.

Deitei-me na cama e fiquei olhando para cima por um bom tempo, me levantei e fiz alguns abdominais e polichinelos, quando acabei me deitei novamente. Peguei um livro embaixo da cama e tentei ler, quando li o mesmo parágrafo 7 vezes desisti de tentar fugir do sono e me aprontei para dormir verdadeiramente.

Eu pedi a Morfeu uma noite tranquila, mas parece que não foi possível....

Estava tão frio quanto antes, olho para frente e vejo meu pai, mas ele estava na frente do trono e não sentado nele. Ele andava em passos lentos de lá para cá, olhando para o chão e depois para mim.

"Ele vai receber uma missão, sei que vai, e você vai mata-lo no decorrer da missão." Ele diz enquanto continuava andando, olhando para os próprios pés.

"Não vou mata-lo, ele é uma criança que nunca fez mal a você, nunca fez mal a ninguém!" Digo, mas estava com medo de não conseguir permanecer naquela luta verbal com meu pai por muito tempo.

"Se você o matar eu devolvo a vida delaapontou então para um ponto próximo a parede a minha direta, lá congelada estava Sally Jackson. " Senão me obedecer eu a matarei de vez e nem em mil anos você a encontrará"

Meus músculos se enrrigeceram, meus dentes se cerraram e olhei para o deus dos mortos com uma vontade louca de mata-lo a mãos nuas.

"Você está disposto a destruir uma família por causa de uma suposição idiota que um menino de 12 anos roubou algo de você?!"  Quando falei sobre a destruição de uma família ele olhou para mim, com os olhos brilha do com algo parecido com reconhecimento, mas foi apenas por alguns segundos antes de se tornarem neutros novamente.

Ele estalou os dedos e Sally Jackson sumiu, ele andou até mim e parou a menos de 90 centímetros.

"Obedeça, vai ser melhor para todos. Mate o garoto e até penso em deixa-la escolher para onde a alma dele vai." Ele então deu-me as costas e minha visão escureceu, cai para trás como se desmaiasse.

Antes de tocar o chão meus olhos se fecharam de vez para a escuridão...

Acordo como se estivesse caindo ainda, meu coração estava prestes a sair do peito e o cheiro de morte estava por todo o chalé. Levantei tentando entender qual sentimento era predominante naquele momento, a raiva, o medo ou a tristeza.

Sai do chalé vestida, mas nenhum pouco pronta para mais um dia, escutei alguém não muito longe me chamar e vi Annie e Will correndo até mim. Ambos estavam tão felizes que mesmo como coração ainda batendo rápido me forcei a sorrir também.

O que eu devia fazer?

Essa foi a pergunta que pairou sobre a minha cabeça pelo resto do dia, enquanto eu sorria para todos os que estavam a minha volta e praticava normalmente minha rotina...

O que fazer?

Foi isso, o que acham?!

Alya 'Tod' a filha de Hades e a anja de TanatosOnde histórias criam vida. Descubra agora