Capítulo 1

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Sakura

-ARGH!- resmungo ao ler as notícias do dia no site do noticiário enquanto apoio minha xícara de café na mesinha de centro da sala de estar.

-Deixe-me adivinhar, você deparou com algum dos irmãos libertinos Uchiha no jornal que somente você lê de manhã pois é muito careta.- Karin, minha doce e querida irmã mais nova tinha o dom de conseguir me irritar tanto quanto aqueles irmãos idiotas, e revirou o olho quando eu afirmei:

-Eu odeio homens libertinos e você sabe! Mas esses conseguem se superar, principalmente o mais novo deles.

-Você não levava uma vida tão diferente quando estava em Suna, irmã...

-Karin!- exclamei - isso não vem ao caso.- falando baixo a última frase esperando que minha irmã não tivesse escutado.

-Bom, você quem sabe. Falando em homens, não acha que está na hora de vermos sobre "aquele" assunto?- diz ela com um sorriso esperançoso.

Eu sabia o que Karin queria dizer sobre "o assunto". Quando voltei para Konoha da faculdade de medicina em Suna, prometi à minha irmã que a ajudaria a arrumar um marido quando retornasse e isso já faz 2 anos. Karin e eu somos irmãs por parte de nosso pai, Kizashi, o mesmo faleceu há 3 anos quando faltava pouco para que eu me formasse em medicina na Universidade de Suna. Na época, Karin tinha 17 anos e eu 23, e ela sonhadora como ninguém já vinha falando em se casar então prometi a ela que assim que terminasse os meus estudos eu a ajudaria nessa questão, pois sei que ela se apaixonaria no primeiro elogio e poderia viver uma vida solitária e triste. Consegui adiar esse assunto por 2 anos e agora comigo tendo 26 anos e ela 20 acho que não terei mais escapatória.

Não sou uma pessoa ruim, só não acredito em amores eternos e paixões deslumbrantes como minha irmã. Desde nova tenho que lidar com perdas e a primeira delas foi a de minha mãe Mebuki quando eu tinha apenas 3 anos de idade, e ainda me lembro do ocorrido. Era uma noite de tempestade, eu odeio tempestades, nossa casa nunca fora muito grande mas tem um bom tamanho e vários quartos. Na época tínhamos uma governanta que ajudava minha mãe quando ela adoeceu e também cuidava de mim, eu não lembro o nome dela mas lembro que ela me acalentou durante a noite toda. Minha mãe teve um problema sério no coração, tinha problemas com pressão alta há um tempo mas naquela semana havia piorado, e naquela noite ela estava no quarto de hóspedes próximo a sala de estar onde seria mais fácil do socorro chegar. Ela estava pálida, mas seu rosto muito corado e tremia tanto, nessa hora veio o primeiro trovão e eu me escondi atrás das pernas da governanta, mais três trovões soaram naquela hora assim como mais três paradas da minha mãe e tão rápido como a tempestade veio ela se foi, e minha mãe também. O tempo parecia que tinha parado, mas Mebuki tinha um semblante de descanso no rosto como a brisa suave que entrava pelas leves cortinas brancas em contraste com o piso escuro de madeira. Ali eu entendi o que tinha acontecido.

Kizashi estava arrasado, e ficou assim até conhecer Tsunade um ano depois. Ela é mais velha que ele e nunca havia se casado, quando eu estava com 6 anos recém completos Karin nasceu. Ela é uma mulher linda, mas juro que foi o bebê mais esquisito que vi até hoje. Nasceu completamente careca e era muito branca e pequena, mas seus olhos castanhos-avermelhados eram a coisa mais bela que eu tinha visto até então. Neste dia eu sabia que iria protegê-la de tudo de ruim que existe no mundo, faria de tudo por ela assim como Tsunade faz de tudo por nós. Tsunade é uma mulher durona, mas ao mesmo tempo gentil como ela só, ficou do lado do nosso pai em todos os momentos, mesmo quando por obra do destino seu coração parou assim como o de minha mãe, mas diferente dela Kizashi foi rápido como um sopro de outono.

Eu não me considero órfã, amarei Mebuki eternamente mas Tsunade esteve comigo em todos os momentos, desde o primeiro dia de aula, minha primeira menstruação, quando perdi a virgindade com meu melhor amigo que hoje assumiu-se gay, e até mesmo quando todos me achavam maluca por querer entrar na faculdade de medicina mais difícil do país, na Universidade de Suna. Mas nesse momento ela está ouvindo a conversa entre Karin e eu da cozinha e sei que ela irá intervir.

-Sakura eu acho que não podemos mais adiar um ano.- Ela afirma.

-Eu sei Tsu, a temporada de caça-homens está aberta em Konoha. Karin, prometo que esse ano eu irei te ajudar e vamos encontrar o pretendente pra você- ela acena positivamente animada- mas, fique bem longe de Uchihas!

-Sabia que você diria isto- Karin me abraça tentando não derrubar café em meu laptop- e se anima, Sakura! Quem sabe você não é agraciada com seu Kristoff.- ela sorri de lado para mim.

-Sabe que citar o homem mais perfeito que Frozen criou não vai me fazer menos realista.- afirmei.

-Não seja tão careta, Sakura!- Tsunade grita da cozinha, ouvindo toda nossa conversa novamente.

-Careta não!- grito de volta- Eu sou realista...

O Uchiha que me amavaOnde histórias criam vida. Descubra agora