O Uchiha que me amava

Capítulo 2

Sasuke

Olho despreocupadamente o relógio soar 19:00, desisto de terminar de ler os relatórios semanais que meu irmão Itachi deixou na minha mesa hoje de manhã. Sou o último a deixar o prédio comercial localizado no centro de Konoha, ficando apenas Kabuto, o gentil guarda noturno que me pediu para fazer algumas horas extras no prédio das empresas Uchiha. Não é extremamente alto, mas o suficiente para ter 20 andares onde em cada um atua um setor que atuamos, fora a administração geral que ocupa os 5 mais altos sendo o 20º andar exclusivo para os escritórios de Itachi e o meu.

Itachi, meu irmão mais velho, é o advogado principal da empresa e eu sou o administrador, quase um CEO. Nossa empresa é um conjunto de marcas do setor alimentício, começou em uma fazenda que produzia laticínios com nosso avô Madara e herdada por nosso pai Fugaku. Quando nosso pai morreu há 18 anos atrás, nosso avô voltou a tomar conta dos negócios. Madara era um homem antiquado, mas gostava de mudanças e nos criou dentro do mundo dos negócios, enquanto fazíamos faculdade, nosso avô nos conseguiu um estágio de meio período na empresa como office boys, para aprender como todos os cargos funcionam desde o mais baixo. Itachi começou a atuar como advogado 4 anos antes de eu me formar, já que ele é 4 anos mais velho também, e nesse período eu atuei como recepcionista do escritório do meu avô. Quando eu me formei em administração, iniciei uma especialização em economia, porém precisei parar pois meu avô estava doente e não podia mais trabalhar e tive que tomar o cargo de administrador. Madara morreu há 2 anos de forma tranquila, dormindo em sua cama na casa da fazenda onde tudo começou para nossa família. Sinto sua falta, mas sei que ele nos criou com todo amor que Fugaku também teria nos criado.

Ao caminhar pelas ruas de Konoha até meu apartamento, dou uma rápida passada no bar que meu irmão e eu frequentamos e o vejo sentado em um banco conversando com Deidara, o barman.

-Saiu tarde hoje irmãozinho.- disse Itachi tomando um gole de sua cerveja.

-E teria saído mais cedo se você não enrolasse tanto na hora de me entregar os relatórios.- digo pedindo a Deidara uma dose de whisky.

-Precisa relaxar, trabalho demais não te fará bem e...

-Eu sei, seu bocó, mas não consigo relaxar enquanto as causas da defasagem no setor de laticínios ocorre bem na minha cara.

-Outro motivo para relaxar, seu tolo. Iremos para Kusagakure em menos de um mês e poderemos ver de perto o que está acontecendo, o problema pode ser maior do que esperamos.

-Eu sei, isso me assusta.- admito, bebendo o restante de minha bebida e me levantando para seguir rumo ao meu apartamento.

-Mamãe sente sua falta em casa, e temos muitos quartos vagos por lá. Podia passar lá um dia desses em vez de ir para seu apartamento vazio e solitário.

-Não é vazio e solitário, eu tenho o Martin.- falo para meu irmão de forma irritada. Itachi consegue alterar e rápido minha paciência.

-Seu gato gordo não contará para a nossa mãe de sua decisão.- eu sabia a que decisão Itachi se referia- e não se esqueça que o primeiro baile da temporada é no final de semana e eu irei te acompanhar. Não que eu esteja afim de me casar também, mas quem sabe eu descolo uma gatinha.- a forma que Itachi trata a situação me faz revirar os olhos.

-Irei jantar com vocês amanhã, não se preocupe que direi tudo que nossa mãe tem que saber. Sabe que também não quero me casar mas sinto que devo. E você vá logo para casa também.- afirmo quando saio, percebendo que Itachi provavelmente está no bar desde a hora que saiu do trabalho.

Saio andando rumo à minha casa, meu cantinho. Não que viver com minha mãe e Itachi em nossa mansão fosse algo negativo, pelo contrário. Mas senti que precisava de um espaço só meu, e para meu gato, pois sempre acabávamos o jantar em discussões e a maioria envolvia a empresa. A caminhada dura cerca de 20 minutos, eu tenho carro, mas gosto de fazer este percurso andando pois posso pensar e as ruas são seguras. Nosso prefeito Minato investiu muito na qualidade de vida e segurança de Konoha, não havendo perigo que eu possa enfrentar em meu trajeto rotineiro. Quando abro a porta, Martin já me espera ao lado de seu pote de ração, afinal minha existência serve apenas para alimentá-lo. Penso em assistir algum programa de reformas de casas antes de dormir, mas apenas peço uma comida enquanto leio o jornal do dia antes de dormir. Novamente notícias sobre Itachi e eu em alguma festa, não nego que participo delas e gostava dessa publicidade quando era jovem e inconsequente, mas aos 28 anos não aguento mais estar nesse tipo de notícia toda semana e me sinto extremamente irritado. Terminando meu jantar apenas tomo um chá de camomila e me deito até a manhã seguinte, onde eu finalmente diria à minha mãe que estou decidido a achar uma esposa.

O decorrer do dia seguinte foi mais tranquilo que eu esperava, no trabalho apenas atendi algumas ligações que minha secretária Ino me repassava, e no resto do dia terminei de ler os relatórios que Itachi havia deixado na minha mesa no dia anterior. O setor de laticínios realmente está com problemas, não apenas financeiro mas a qualidade parece ter decaído consideravelmente, sorte que Itachi e eu estaremos na pacata cidadezinha de Kusagakure, que nos fornece os produtores e criadores de gado, para averiguar a situação de perto.

De noite, minha mãe já nos esperava na mansão, peguei carona com Itachi que deixou sua ida ao bar para outro dia. Nossa mãe odiava quando bebíamos, e de certa forma ela não está errada.-Sasuke, querido- Mikoto me abraça gentilmente quando entro na casa.

-Oi mãe, consigo sentir o cheiro bom daqui da porta- pelo cheiro vejo que ela preparou sua especialidade: lasanha de frango- como tem passado?

-Sabe que sinto sua falta em casa, mas sei por que precisou ir morar só- ela se aproxima de meu ouvido- é ótimo não ter vocês dois brigando enquanto tento apenas ter uma refeição tranquila.- rio ao ouvir sua confissão.

-Eu também adoro não ter que brigar com o cabeça oca todo jantar- ironizo e recebo um olhar de alerta que imediatamente obedeço, pois se tem uma pessoa no mundo que consegue me assustar, ela é Mikoto.

O jantar seguiu silencioso e delicioso, minha mãe é a melhor cozinheira do mundo segundo o especialista eu. Não toquei no assunto da temporada de bailes e nem Itachi, até que ele terminou de lavar os pratos.

-Mãe, sabia que Sasuke e eu iremos participar da temporada de bailes de Konoha esse ano?- diz Itachi. Todo ano Konoha promove uma série de bailes beneficentes nessa época do ano, e a maioria dos casais da cidade se formou neles, uma época também conhecida como casamenteira e caça-maridos/esposas, dependendo a orientação de cada um.

-Sasuke que história é essa?- Mikoto pergunta diretamente para mim, pois sabe que apesar de ser o que ela mais deseja, Itachi é a última pessoa que deseja se casar.

-Pretendo sossegar, mãe- ela me olha com a sobrancelha erguida de forma desconfiada- sim, esse é meu objetivo apesar de você achar que meus motivos são irracionais.

Ela suspirou, desde que tenho a convicção de que irei morrer com a idade de meu pai, minha mãe e Itachi acham que é medo e um medo ridículo que desenvolvi, mas estou apenas convicto. Já tivemos inúmeras discussões sobre isso, e posso ver em seu olhar cansado que discutir é a última coisa que a mulher de olhos e cabelos negros em minha frente quer.

-Tudo bem filho, acredito em você.- ela passa a mão pelos cabelos impecavelmente arrumados- Conte comigo de precisar de ajuda- ela sorri pra mim e retribuo.

Ainda assistimos um filme de comédia com nossa mãe antes de Itachi me levar para casa. Ele parece incrivelmente animado com a ideia de ir a vários bailes nas próximas semanas, sei bem seus motivos e nenhum deles envolve se envolver seriamente com a mesma garota por vários dias,  eu não me sinto tão animado quanto devia. Sei que estou afim de me casar e sossegar, mas não estou afim de conhecer pessoas. Não pretendo achar uma esposa para ser dona de casa, é uma ideia ultrapassada para nossos tempos e eu não compactuo com este pensamento, eu gostaria que ela tivesse uma profissão, isso significa que ela seria inteligente e nos garantiria no mínimo alguma conversa interessante, não estou atrás de modelos mas quero que ela seja bonita. E definitivamente, em hipótese alguma, eu, Sasuke Uchiha, irei me apaixonar.

Espero que tenham gostado, até a próxima!