ꨄCap3: Os saqueadores

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      O sol escaldante da manhã me faz desejar que o inverno estivesse mais próximo do que realmente está, e decido me proteger nas sombras da copa das árvores. Estou ali andando pela floresta, a qual já me é familiar, quando escuto vozes:

-Por ali, se não queremos ser vistos- diz o homem em um tom arrogante.

Paro de andar por um momento para ouvir atentamente. Ouço galhos quebrando. Passos ecoam, seguidos por respirações ofegantes.

-Não acho que vamos conseguir nada aqui nesta região- diz outra voz, dessa vez mais grave que a anterior.

-É claro que vamos. Tem uma feira logo ali atrás, devem usar essa estrada como caminho- diz o homem 1, que é como irei chamá-lo- Com sorte podemos até conseguir algumas joias...

Saqueadores.

Ladrões de estrada que saem por aí roubando as pessoas e tudo que levam consigo. Na minha região não são comuns, mas já ouve casos em que homens que passavam a cavalo foram parados por saqueadores e agredidos logo em seguida. Permanecem escondidos na penumbra dos arbustos esperando alguém para roubar.

Agarro a sacola com as especiarias que consegui na feira e continuo a andar, dessa vez apressadamente.

-Calem a boca! Estou escutando algo- uma terceira voz vocífera, impaciente.

Congelo.

Eles conseguem ouvir meus passos por conta dos galhos que quebram sob meus pés, oque significa que não estão longe. Não posso correr, eles irão escutar. Sem contar que devem ser mais fortes e mais rápidos que eu. Não me dou ao luxo de pensar que não estão armados, pois estaria mentindo para mim mesma. Mais passos ecoam, cada vez mais próximos. Estou ficando sem tempo.

Só resta me esconder.

Olho ao meu redor. A estrada está a alguns metros de distância e há árvores para todos os lados então decido subir em uma. Viro para a mais próxima e começo a escalá-la, colocando pé depois de pé em seu tronco tentando não emitir nenhum tipo de som. Por um momento me sinto de volta no bosque perto de minha casa, escalando a árvore que eu e Noah acostumamos a frequentar desde crianças.

Mas não estou no bosque. Estou na floresta.
E não é Noah que está comigo. São saqueadores.

Quando consigo ver o primeiro o homem já estou encima da árvore, há pouco mais de três metros de distância, e logo chegam os outros três. Quatro, no total. E é necessário apenas um olhar para cima e me encontrar ali. Digo a mim mesma para não emitir nenhum som, não permito me mover ou sequer respirar alto demais.

-Tenho certeza que vi algo por aqui- o homem 3 diz, observando seu redor atentamente.

-Tem certeza que não é a bebida?- o homem 4 diz sarcástico, e logo todos estão rindo juntos, com excessão do 3, que os silencia com um olhar fuzilante.

-Vamos embora daqui- diz o 3, após um instante de silêncio.

E então eles vão embora, com o homem 3 ainda hesitante em deixar o lugar. Ele finalmente se vira para ir embora quando escuta algo e volta, encarando o chão abaixo de mim. E é quando percebo: As especiarias estão caindo de dentro da minha sacola, que estava presta entre o tronco e minhas costas.

Jogo meu peso contra o tronco, com a intenção de prender a sacola e evitar que algo mais caia, e funciona. Mas ele continua encarando as especiarias que caíram.

Até que levanta o olhar.
Me encara.

-Voltem! Encontrei alguém! Ela está na árvore!- o homem 3 grita e escuto os outros se aproximarem.

-Aonde?- o homem 2 pergunta, e o 3 se vira para encará-lo.

Sinto a adrenalina correr pelo meu corpo, meu coração batendo tanto que me pergunto se conseguem ouvir. Estou encurralada. Me concentro, respiro fundo e espero para oque está por vir...

Mas não vem.

-Ali em cima- o homem 3 olha de volta para onde estou enquanto aponta na minha direção.

A cor se esvai de seu rosto, tomada pela confusão. O homem 2 segue o olhar do 3, e logo todos estão olhando para mim.

-Aonde?- o 2 pergunta novamente, olhando para mim- Não estou vendo nada, cara!

O quê?

-Estava...estava bem ali!- ele continua apontando, a voz tremendo.

-É, foi a bebida- diz o 4 com os outros, que riem em concordância.

-Não, não foi!- ele encara novamente- Cabelo castanho, olhos escuros, e um vestido...roxo? Não. Acho que branco. Com um pano, quero dizer, um xale por cima dos ombros. E um diadema...é esse o nome?

Todos o encaram como se fosse louco. Oque não sabem é que ele acaba de me descrever.

-Vamos embora daqui- um deles diz, e eles vão. O homem 3 olha para trás uma última vez, para onde eu estou, e acho que consegue me ver novamente. Até que se vira e segue os outros. Dessa vez ele não volta.

Espero um tempo até ter certeza de que já foram. Pego minha sacola e desço da árvore. Ando a caminho de casa, ainda tentando assimilar oque acaba de acontecer.

Não entendo.
Ele me viu, e depois eu
...desapareci?

  -Mãe! Você não faz ideia do que acabou de acontecer- digo enquanto entro em casa e penduro meu xale de lã- Quando saí da feira resolvi seguir pelo outro caminho, você sabe, onde tem aquela estrada de terra

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-Mãe! Você não faz ideia do que acabou de acontecer- digo enquanto entro em casa e penduro meu xale de lã- Quando saí da feira resolvi seguir pelo outro caminho, você sabe, onde tem aquela estrada de terra...

Paro de falar subitamente quando levanto o olhar e percebo minha mãe me encarando seriamente. Estou prestes a perguntar oque aconteceu quando ela abre um sorriso.

Seus olhos brilham.

É quando finalmente sigo seu olhar até a mesa, onde vejo uma carta.

Uma carta que já foi aberta, gravada com um selo vermelho.

-Mas que...- as palavras morrem em minha boca quando me aproximo e observo a carta com mais atenção.
O selo real.

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