Jade Marquart
-Chegou bem querida?
-Acabei de entrar no taxi.
-E como é aí?
-Estou deslumbrada Elisa - suspirei olhando a cidade da janela do carro - Sei que não é Paris, mas... Sinto-me viva.
-Eu entendo, escute, não faça nada de errado até eu chegar tá? Te amo. Se cuida!
Desliguei o celular e guardei na bolsa. Estava exausta. Tinha acabado de chegar a São Paulo estava indo direto para o escritório Trade Land. Essa era a primeira vez em 25 anos que saía da minha cidade, Recanto em Minas Gerais. Sentia-me fora do lugar, como um pingüim no deserto, mas estava animada, sentindo-me liberta. Normalmente quem faz esse tipo de representação para meu pai, é meu irmão Joseph com os advogados da família. Ele estudou administração, no intuito de cuidar dos negócios do nosso pai. Joseph ficou com tudo e soube cuidar bem das terras, tal como venda de gado, produtos cultivados nas terras da família e alugueis para plantações. Ele sabe como vender, negociar e tudo o que envolve as Terras Marquart. Alem de ter total apoio do meu pai.
O escritório da Trade Lande fica na Av. Luís Carlos Berrini, uma das principais de São Paulo. Um prédio extremamente lindo e enorme, fiquei realmente encanta com tamanha beleza. Meu pai adquiriu à maioria das terras e negócios que possui dessa respeitada empresa internacional, ele era muito amigo do falecido Sr. Augusto Molinari, que deixou tudo na responsabilidade do seu filho.
As pessoas que freqüentam esse tipo de ambiente são bem sofisticadas, e importam com as opiniões alheias. Eu era bonita e rica, ainda não era bem sucedida porque estava começando, e estava ali para provar ao meu pai que eu não era mais uma garota de 18 anos. Por isso, não estava nem aí com o que aquelas pessoas achavam de mim, me importava somente com a opinião dele.
Entrei no prédio espelhado e percebi olhares curiosos sobre mim. Sabia que chamava a atenção por causa da roupa informal e não minha por ser bonita. Não era esse tipo de visual que uma advogada usava, ou que a filha do homem mais rico que a empresa mais rica desse prédio representava certamente usaria. Acho que deveria ser uma verdadeira dama, pela minha posição social. Por dentro eu sei que sou, tenho um ótimo comportamento, uma educação divina, entendo de etiquetas e moda, só não gosto de ter influencias no que visto ou deixo de vestir, não sou uma brega, apenas normal, não tenho cara de ter o dinheiro que tenho e isso nunca me incomodou, diferente do meu irmão que só pisava em diamantes. Cheguei usando uma camisa cavada azul, calça jeans e bota preta. Meu cabelo era curto e deixei solto. Eu me sentia ótima.
Identifiquei-me na portaria e a recepcionista que usava uma calça social e blazer azul me acompanhou ate ao elevador, olhando pra mim com uma cara estranha. Quando cheguei ao andar em que o diretor financeiro trabalhava, uma mulher loira, alta que vestia um terninho de saia cinza, toda trabalhada na classe, veio ao meu encontro.
- Suponho que a senhorita seja Jade Marquart - Fez uma cara estranha, e não entendi muito bem.
Tirei meus óculos escuros e sorri. Era óbvia a desaprovação dela e eu realmente achava graça de tudo aquilo.
- Sim, sou. E sugiro que avise seu chefe que estou com pressa.
A loira maquinada deve ter piscado umas mil vezes em menos de um segundo antes de sair pisando duro. Odiava essa idéia que o mercado da moda impunha sobre as pessoas, mas se parasse para analisar, eu estava completamente dentro do contexto com minhas roupas. Logo a secretaria voltou e pediu para que a acompanhasse.
Sempre fiquei na fazenda com meu pai, pois ele não aceitava que eu saísse de lá, mesmo que fosse para ajudar nossas terras, como meu irmão faz. Ocupava-me cuidando dos jardins e lendo muitos livros, sabia tudo sobre a moda mesmo que eu não a seguisse corretamente, administração, medicina alternativa, jornalismo, política e mais um monte de coisas. De uns tempos pra cá aprendi a conversar com mais firmeza e me impor em certas questões, para ser notada como mulher e não como uma moça caipira que devia ficar presa na fazendo ate o dia da morte. Tinha terminado a faculdade de direito aos vinte e dois anos e mesmo tendo OAB nunca peguei um caso, meu pai dizia que não era o tempo.
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Cor a Primeira Vista - Volume I da Série Dê-me Amor
RomanceJade Marquart se sente livre pela primeira vez, até que ela acaba nas garras de um homem cheio de mistérios, sedutor e arrogante. Ele não quer compromisso. Ela ignora seus defeitos e se entrega sem pensar duas vezes. Apesar de ser avisada sobre as...