Sweet Lie

Be Able

E estava eu, parada, novamente, como sempre: pensando nele. Nos seus olhos fáceis de decifrar, sempre o traindo, mostrando-me amor e desejo ao invés de ódio. Estava pensando na sua boca bem detalhada. No seu cabelo fino e sempre arrumado. Nos movimentos que fazia com as mãos e braços ao falar e explicar algo. Na sua paciência e impaciência de todas as horas. Enfim, em cada – mínimo – detalhe dele. E lembrei-me de uma cena, inesquecível.

 

Flashback on

 

- Você sabia que eu te amo?

- Eu também amo você

- Mas você demonstra o contrário...

- É porque tenho medo de expressar meu amor por você. Tenho medo de dizer que te amo e que alguém roube este sentimento de mim, que é só meu. Só meu.

 

Flashback off

 

E era medo, sempre foi. Impedindo-me de amar e de ser amada. Era medo de dizer “adeus” e nunca mais dizer “olá”. Medo de perder. Medo de ficar sozinha. Medo estampado na cara.  Eu deveria saber desde o começo que nunca fui mulher capaz de amar, porque sou medrosa. Uma covarde. Mas minha querida avó sempre me dizia “Tudo é possível minha flor, só depende de você” e realmente, só dependia de mim, mas eu era incapaz. Incapaz de saber diferenciar um amor de besteira qualquer, de realidade para contos de fada. E era aquele mesmo conto: felizes para sempre. E existia algum para sempre para nós? Não sei, e talvez, jamais eu saberia. O amor é essa coisa estranha que mesmo depois de você viver ele, ele ainda te surpreende. Eu não planejava tremer quando o abraçasse, ou mesmo sonhar acordada com ele, mas aconteceu. Eu não imaginava que pudesse em tão pouco tempo sentir tanto a falta dele, ou mesmo sentir tanto o impacto do seu sorriso, mas aconteceu. Palavras nunca foi problema antes dele, e insegurança não fazia parte da minha rotina, mas aconteceu. Eu não planejei nada disso, mas ele me aconteceu.