Alya
A lua é uma companheira para jovens solitários.
Estive ao redor do mundo, conheci e perdi muitas pessoas, mas algo que nunca mudou foi minha admiração pela lua. Após milhões de anos, ela permanece a mesma. Apesar de estar a mais de trezentos mil quilômetros de distância, é como se estivesse na minha frente. Parece possuir um magnetismo absurdo que me enfeitiça, silenciando o mundo ao meu redor.
Um conforto. Uma companheira.
Dizem que as madrugadas foram feitas para aqueles que enxergam o mundo de uma maneira controversa ou para os que são vistos de maneira controversa. Prefiro acreditar que elas foram feitas para todos que se sentem sozinhos, ou melhor, solitários. Ainda que não admitam, todos já se sentiram assim alguma vez na vida. Alguns passam a vida inteira com a sensação de estarem sozinhos na multidão. Não penso na solidão como um monstro de sete cabeças, apenas como alguém que desistiu de ver a beleza da vida.
É difícil ver a beleza da vida com um alarme estrondoso apitando no seu ouvido após mais uma noite sem dormir. Um sentimento estranho de que algo está me perseguindo dominou minha cabeça e me fez passar a madrugada refletindo. Pensando com mais calma agora, a única coisa que está me perseguindo no momento é o azar.
Já não bastasse a insônia, a torneira quebrou e começou a jorrar água sem parar. O cachorro do vizinho, cuja existência eu não recordava, ficou incomodado com a comoção e não para de uivar. Para completar, o telefone toca sem parar.
Ando rapidamente até a sala, enquanto penso em todos os xingamentos possíveis, e pego o aparelho.
Era Liakada. Pelo menos uma coisa boa!
Desde pequenos éramos muito próximos. Grande parte dos pais acreditava que éramos namorados ou estávamos no caminho para isso. A verdade é que eu nunca me senti confortável com essa ideia.
Não me entenda mal, Lia é um garoto perfeito. Seu cabelo louro, da cor das pétalas de um lindo girassol, seus olhos castanhos como uma cornalina e os lábios rosados e úmidos...Uau. Ele é perfeito mesmo, mas não para mim.
Não sei se era por conta da nossa amizade desde da infância, ou por outro motivo, porém a ideia de beijar Lia não me atraía. Até me perguntei se eu não me interessava por homens. Depois de namorar um garoto chamado Lee na oitava série, essa dúvida não existia mais. Com o tempo, essas questões não vieram mais à minha cabeça.
— Preciso de uma notícia boa, Lia! — digo, com a voz melancólica.
— Infelizmente, vou atrasar um pouquinho. — Mais uma coisa para a listinha do pior dia da minha vida. — Algum animal com unhas incrivelmente longas parece ter arranhado o carro e minha vó está furiosa.
— Relaxa, cara. — tento acalmá-lo. — Boa sorte na busca por esse animal.
— Sei que é seu primeiro dia na escola sem seu pai e eu queria fazer com que fosse especial. — Ele era tão doce, que às vezes fazia eu me sentir uma ogra sem sentimentos. — Porém, o destino parece estar de sacanagem conosco. Tudo bem mesmo?
— Tudo bem. — dou um leve sorriso. — Qualquer coisa me avisa.
Sério?
Primeiro a insônia, depois a torneira, e agora minha carona? O que vem depois? Uma guerra?><><><><><><><><><><><><><><><><><><
Acredito que chegar atrasada no primeiro dia de aula não passa uma impressão tão responsável.
Como qualquer pessoa normal faz, me sento em uma das últimas filas. Liakada chega minutos depois e senta na cadeira mais próxima da lousa, aproveitando para me dar um sorriso caridoso no caminho. Enquanto isso, ao meu lado estava uma garota de cabelos longos e avermelhados com uma expressão um tanto curiosa. Desviei o olhar na mesma hora. Peguei uma caneta esferográfica e comecei a acompanhar a escrita da professora, mas me distraí com o barulho dos ponteiros mexendo no relógio central da sala.
Quando volto a atenção à professora, percebo que perdi quase toda a explicação sobre a matéria. Nenhuma novidade, por enquanto.
A professora falava algo sobre mitocôndrias quando o sinal tocou. Assim que me levanto, sinto uma mão agarrar meu braço e, ao direcionar o olhar para a dona, vejo a garota desconhecida me encarando.
Esse dia fica mais estranho a cada minuto que passa.
— Preciso que venha comigo. — A voz da ruiva era meiga, porém poderosa.
— Oi? — Minha cabeça estava muito confusa, ainda presa nas primeiras palavras dela. — Ir para onde?
— Se quiser continuar viva, me siga. — Como um cachorro fiel seguindo o dono, fiz o que pediu.
Alunos de todas as turmas saíam para lanchar, os professores se direcionavam para as salas exclusivas e as faxineiras se sentavam para descansar. Estávamos virando o corredor secundário, quando escuto um som intenso e agonizante. Olho para trás e vejo minha...espera aí.
Por que a professora de biologia estava com asas?
A garota desconhecida tira uma adaga dourada do bolso e parte para o ataque, porém a ave é mais veloz e joga a tal para o outro lado do corredor. Ela solta um muxoxo e, quando tenta se levantar, é atingida por um armário.
Ouch! Aquilo deve ter doído.
— Alya Murray Jean! — Como aquela coisa sabia meu nome completo? — Você não sabe o quanto eu esperei por este momento.
Não tenho tempo para pensar, pois a mulher pula em cima de mim e tenta me arranhar. Por sorte, desvio antes e acabo caindo de frente para os armários. Minhas costas bateram contra o chão, fazendo com que meus ossos produzissem um barulho estranho.
— Alya, pega! — A garota de cabelos rubros joga a adaga dourada para mim. Por um milésimo de segundo, juro ter visto uma guerra.
Agarro rapidamente e tento investir contra a professora. Ela desvia e arranha meu braço. Quando tenta me acertar novamente, consigo ser mais ágil e perfurar sua pele, ocorrendo uma leve explosão amarela em seguida. Com o rosto amarelado e um arranhão no braço, deixo a faca dourada cair no chão.
— O que? — falo alto o suficiente para que a jovem misteriosa escute. — O que acabou de acontecer?
— Nunca vi uma semideusa matar um monstro tão rápido assim. — responde, trêmula.
— Semideusa? Monstro? — retiro o armário de cima dela e ajudo a ruiva a se levantar. — Do que você está falando?
— Oh, você não sabe. — nego com a cabeça. — Vamos! Quanto mais tempo passarmos aqui, mais monstros surgirão.
Olho ao redor e agradeço por ter apenas nós duas no corredor.
— Mas eu nem sei seu nome. — Como se isso tivesse me impedido de seguí-la antes.
— Roux, Prodótis Roux. — diz, me puxando para fora do colégio××××××××××××
Olá leitores! Caso você queira saber o que vai acontecer com Alya, leia Alya & a herança do luar.
Na bio do meu Instagram tem as informações sobre esse livro e outro! (iza.brasileiro)
beijinhos e até a próxima :))
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Alya & A herança do luar
FantasíaYin e Yang são duas energias opostas, assim como Alya e Katastrofi. Duas garotas que tinham tudo para serem normais, tirando o fato de serem descendentes dos deuses gregos. Para melhorar suas vidas, ou piorar, elas recebem uma profecia que une o des...