CAPÍTULO 10

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- ENCONTREI!
- A chave? - perguntei esperançosa.
- Isso aí, agora - destrancou a porta com certa dificuldade - o nosso apartamento!

Era GRANDE, tipo, maior do que eu esperava, muito maior, mas não me surpreendeu, já que o prédio é tão prestigiado e tem tantas boas avaliações, era de se esperar.

Sim eu li sobre o "condomínio" enquanto o senhor Antony tentava encontrar as chaves.

- Meu Deus, isso é enorme pai, é nosso mesmo?
- Pode ter certeza que é nosso mesmo.

Ele estava todo animado e entusiasmado, deixou as malas no chão e deitou no mesmo, sentindo o carpete, balançando os braços e pernas como se brincasse na neve.

Me juntei a ele e é realmente muito macio, eu estava em um pedaço do paraíso, olhei rápido e vi a cozinha, me levantei na hora, era maravilhosa, tinha uma bancada de mármore preto no centro, uma pia com duas cubas e armários pretos muito lindos.

- É sua.
- O que? Como assim "minha"?
- Eu mandei planejar com suas cores favoritas, bom, sua cor favorita.
- Isso ficou demais, eu tô muito empolgada.
- Aliás, eu nem te falei que a empresa se ofereceu pra comprar o apartamento né?
- OI? NÃO, não me contou, quanto é o apartamento pai?
- 200 mil, bem na verdade, se ofereceram pra pagar a metade, eu vou pagar a outra.
- Com o dinheiro da nossa casa?
- Da nossa ex-casa.

Ex-casa, isso foi estranho...

- Agora faz um favor pra todo ser vivo e toma um banho pelo amor de Deus Morgan.
- Que? eu nem tô fedendo?! - Reclamei indignada
- Tá sim, nossa senhora - tampou o nariz com uma mão e a outra me empurrava pra dentro do banheiro.

Era grande, mas não extravagante, do jeito que eu imaginava, uma pia embutida, um espelho do teto até o chão, uma banheira média, e porcelanato no chão.

- Eu nunca mais vou sair daqui - exagerei.
- Que bom - dei um soquinho em seu braço e fui para o que eu chamaria de "casa".

MEU QUARTOOOO.
Era lindo mas faltava a cama, a cabeceira, mesa, computador, a pera, tava vazio.

- Cadê minhas coisas???
- Vão chegar só daqui dois dias.
- E eu vou dormir aonde?
- No sofá uai, ele abre.
- Hum, tá.
- Calma frô, eu pedi comida chinesa.

Tentei mas não consegui conter um sorriso.

- Tá, obrigada - ri

*01:40*

Eu não estava conseguindo dormir, então fui até a varanda apreciar a vista.

Um vento frio e úmido invadiu as minhas narinas, senti meu corpo inteiro se arrepiar com a brisa suave que batia no meu rosto, a cidade toda estava iluminada, mesmo tão alto consegui ver pessoas andando de bicicleta pela pista vermelha da praça, quem anda de bike 01:00 da manhã?

Eu provavelmente faria isso se tivesse uma.
Olhei em volta observando tudo que tinha para observar, meus olhos param quando em uma das varandas do meu andar vejo um garoto parecendo estar na mesma situação que eu naquele momento, ele estava com um cigarro entre os dedos enquanto soltava a fumaça pelo nariz de um jeito bruto.

Não consegui reparar direito no seu rosto pois estava ficando sonolenta, fechei os olhos por um segundo pra sentir aquele ar fresco entrar nas minhas narinas.

- OHH GAROTA!

De repente abro os olhos assustada quando ouço uma voz aparentemente me chamando.

- Tá querendo morrer menina?

Era o cara do cigarro.
- O que? Não - respondo sem entender muito.
- Cuidado pra não cair aí - falou soltando o cigarro o deixando cair até o último andar.

Uma voz bem baixa surge de dentro do apartamento do mesmo.
Não consegui ouvir o que ela falava mas quando se juntou a ele na varanda vi que era a menina ruiva do elevador.

Acenei pra ela, e com o mesmo sorriso acenou de volta.

Entrei e me joguei no sofá, eu estava tão cansada que só dormi.

*09:20*

Abri os olhos bem de leve, fitei a casa e no corredor, vi meu pai com um terno cinza, uma calça social no mesmo tom, uma gravata e um sapato preto que quase refletia a luz do sol de tão polido.

- Finalmente acordou dorminhoca!
- Acordei - ri coçando os olhos - onde você tá indo?
- Conhecer a empresa.
- Que? Você não começava a trabalhar só na segunda?
- Então menina lerda, eu vou CONHECER a empresa.

- Ata - ri - tem alguma coisa pra comer?
- Torrada com queijo, quer?
- Quero claro, aliás, acho que eu vou dar uma volta na cidade hoje.
- Sozinha?? Sozinha não vai, do jeito que você é vai se perder e eu vou ter que chamar a polícia pra te procurar.
- Que exagero, eu só vou ficar na praça que tem aqui na frente do prédio.
- Então pode ir, mas chama a filha dos LeBlanc pra te acompanhar.
- Quem?
- A ruiva lá, é... Scarlett!
- Mas eu nem conheço ela, não vou com ela não pai.
- Então você não vai sair, fica em casa mesmo.
- Ué, o que eu vou ficar fazendo o dia todo aqui?
- Joga videogame, assiste aquela série lá do lobo adolescente, se vira filha.

- Então você já tá indo?
- Tô, eu volto 12:00, faz um espaguete por favor?
- Faço sim, vai lá, te amo.
- Também te amo - disse com um olhar suspeito e fechou a porta.

Agora é só esperar 30 minutos e eu posso ir no parque.

Vesti uma calça jeans clarinha de cintura alta, uma blusa manga longa de tricô vermelha de botão que vai até a metade da barriga, fiz uma trança frouxa no rabo de cavalo e calcei um tênis branco.

Agora é só por um alarme pra não esquecer de voltar pra casa e fazer o espaguete.

*10:10*

Tranquei a porta, separei a chave da porta das outras 30 e coloquei no bolso.
Quando o elevador abre uma senhorinha com um andador está lá, entro e aperto no 1° andar.
- Você é nova aqui criança?
- Eu? Sou sim, me mudei ontem.
- O que faz em uma cidade tão perigosa como essa?

Ela era meio estranha...
- Eu trabalho em um estúdio de fotografia na cidade vizinha.
- Você deveria tomar cuidado - disse pegando no meu braço [...]

LUA NEGRAOnde histórias criam vida. Descubra agora