II.

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As horas não pareciam passar de maneira alguma. Bang estava impaciente, ainda naquela sala repleta de homens, o cheio forte de nicotina misturado com um pouco de suor, álcool e coisas a mais que ele não sabia o que eram. Sua cabeça apenas se concentrava na conversa que tivera com Hyunjin, por mais que se concentrasse em não pensar nele, em não criar expectativa, só de imaginar encontrá-lo mais tarde, ter a visão de parte do rosto do mesmo coberto por uma máscara, os olhos e boca tão rosada e chamativa mais à mostra...

Christopher balançou a cabeça, na esperança de que aquelas divagações fossem para o além. Ele não podia imaginar aquilo, não sabia nem mesmo se Hyunjin também beijava homens — mas se alguns rumores que tinha ouvido há meses fossem verdade... 

Ouviu a risada alta de seu pai, tão logo observou os senhores com quem o mesmo conversava olhando para uma das mulheres que haviam adentrado o ambiente. Uma expressão de asco tomou conta do seu rosto, ele logo sabia que tinha que sair dali.

Agradeceu quando ninguém o parou durante o caminho, mas todos estavam bastante concentrados nas damas, logo não havia motivos para notar Bang passando pela porta. Não mais bebia, porém ainda sentia um pouco o efeito em seu corpo. Pensou em ir para seu quarto provisório, tomar um banho, talvez até dormir um pouco e preparar para a noite, já sabendo que os bailes feitos pela família Hwang sempre eram um pouco mais extravagantes.

Subiu as escadas, passando pelos poucos guardas ali presentes. Sentia sua consciência voltar aos poucos, suas passadas cada vez mais normais. Quando estava prestes a dobrar o corredor que dava aos aposentos, ouviu um barulho um pouco distante vindo do lado contrário. Parou e olhou para onde tinha escutado, franziu o cenho tentando compreender o que era.

Uma música, com batidas mais agitadas do que as que tinha costume de escutar. O som também era bastante limpo, porém hora tocava, outra havia silêncio. Deu de ombros, pensando que não haveria problema ir descobrir. Imaginava ser a banda ensaiando para a festa, mas achava estranho tocar ali naquele horário. Agora mais próximo, conseguiu visualizar as paredes do castelo, os poucos móveis que avistara estavam cobertos por lençóis brancos.

Agora a música havia parado, entretanto Chan ouvia som de passos. Não precisou caminhar muito mais para que avistasse o corpo comprido de Hyunjin, este estava de costas, murmurando baixo ao tentar arrumar um dos discos sobre a vitrola. Bang soltou um arfar ao ver o objeto, grande e bonito; jamais imaginou que Hwang teria um daquele, não que não pudesse, mas só era... surpreendente.

Então viu o homem se afastar da caixa, indo parar em frente a um espelho. Suas mechas caíam em seu rosto, então ele levou o braço direito à sua boca, puxando de lá uma fita com os dentes. Depois amarrou os fios escuros, encarando seriamente seu reflexo. Chan não sabia o que ele fazia ali, mas sentia um frio percorrer sua espinha dorsal. Algo sobre a maneira que ele posava, como olhava, como estava vestido — a mesma roupa que estava na reunião, que até então Bang não tinha visto nada demais, algo sobre a maneira que o silêncio pairava no ar e como tudo era puxado para Hwang, como se ele fosse um maldito ímã.

Se antes Christopher estava surpreso, o que viu a seguir foi totalmente indescritível: a batida da música iniciou forte, algo que jamais tinha alcançado os ouvidos de Bang antes. Seus olhos, que não piscavam um segundo sequer, vislumbravam a figura começar a dançar. Cada ação forte, totalmente repleta de emoção. O mais velho deixou outro arfar sair de si, cada parte sua encantada pelo que via.

A maneira que Hwang movia fazia Bang querer parar sua vida toda se aquilo fosse o preço para vê-lo dançar eternamente. Cada passo calculado, com força e sutileza ao mesmo tempo, coisa que não dava para entrar em sua mente. De fato, Hyunjin tinha muitos mistérios e Christopher nunca teve tanta vontade de descobrir cada um deles, pouco a pouco. O mais velho estava realmente atraído pelo coreano.

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