Vinho Tinto

Sou eu.

Querida Elizabeth, sou eu.

Já faz mais de um ano desde que escrevi sobre ou para você. Mas ultimamente a tenho sentido mais viva do que nunca. Francamente, nunca imaginei que poderia senti-la de novo. Senti sua falta.

Mas ao mesmo tempo me gera estranheza, porque já não é a mesma coisa. Já não sou o mesmo e receio que você já não seja a mesma Elizabeth. As ideias que eu costumava ter sobre o amor já não são as mesmas. Isso faz parte de envelher também: se perder. E eu não sei se está tudo bem.

Pois bem, minha querida, não sei onde posso me encontrar. Talvez seja por isso que você tenha voltado. O que é você Elizabeth? Até hoje não descobri.  Às vezes penso que és uma assombração, outras vezes parece como um anjo que sussurra no meu ouvido. É provável que eu esteja louco. Mas não estou velho, apesar de já não ser jovem.

Sabe, me sinto como se tivesse cem anos, e de vez em quando vejo todos os cem anos passarem diante de meus olhos, é engraçado já que esses dias ainda não aconteceram. É divertido também imaginar aquilo que nunca serei, ou serei?

Dizem que todo o tempo pertence à Deus, não é? Deve ser mais divertido para Ele. Bem que eu poderia ser como Ele e ter o controle da minha vida.

Porque voltou Elizabeth? Não te odeio, mas não te queria aqui. É uma questão de saúde mental, se você não está, então eu estou bem. Por favor, respeite isso.

Sinto muita coisa escapando por entre meus dedos, umas me importam, já outras nem tanto. Mas ainda assim, não é como se perder fosse algo bom. As perdas são mais fáceis de administrar do que as vitórias. Isso porque esquecemos mais rápido das nossas vitórias,  já as perdas estão sempre ali, na clareza da memória.

Você sabe Liz,  que desde você só houveram mudanças na minha vida. Não te culpo. Você só estava ali.

As coisas vão mudar de novo, isso não me preocupa. O que me preocupa é saber por quanto tempo você vai ficar aqui. Vá embora logo.