O Prólogo

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     Destruição. Fogo. Morte.

     Era meramente tais abominações que Jungkook enxergava, e as mesmas não lhe proporcionavam sequer um segundo para soltar a respiração que pesava em seu peito.

     Cabeças longes dos seus corpos. Sangue espalhado nas humildes ruas da Vila Arbor. Como? Como aconteceu? Por que? Quem? Os pensamentos que multiplicavam-se na mente do garoto faziam com que seu estômago se revirasse e sua visão ficasse turva.

     Mãe. Yoongi. Não! Eles não podem... Não morreram. Impossível.

     Desceu abruptamente de Alfa e o som das botas batendo no chão molhado soou altamente insuportável aos ouvidos de Jungkook. O negro corcel foi amarrado ao tronco do magnífico carvalho que simbolizava o seu lar e o de todas as pessoas que conhecia, agora sem vidas, afogadas em seu próprio sangue. O animal foi deixado para trás e, com expressão penosa, seguiu seu companheiro de muitas aventuras com o olhar. O mesmo corria cambaleando, esperançoso de encontrar sua mãe e seu único amigo ainda vivos.

     Não é humanamente possível descrever com palavras tudo o que aquele grito completamente deplorável emitia. Jeon Yu-mi e Min Yoongi. As únicas pessoas que lhe sobravam para amar e amá-lo. Os dois. Mortos. 

     Sua mãe, deitada na cama. A mesma cama em que contou-lhe diversas histórias sobre sua juventude. A mesma cama em que ela o confortou quando ele mais precisava. A mesma cama em que o cheiro suado de seu abraço o envolvia quando estava assustado com a tempestade. O cheiro de sangue se espalhava por toda a casa. 

     Seu amigo, seu irmão. A luz que iluminava a escuridão dos seus dias. Seus olhos eram os mais bonitos que Jeon já havia visto. Mas agora, o brilho deles se apagou. Para sempre.

     As pernas do garoto não eram mais capazes de suportar o peso de seu corpo cansado e cambalearam, deixando-o de joelhos em frente à porta. Aquela imagem... Tampou seus ouvidos com as duas mãos e apertou os olhos, abaixando a cabeça até encostá-la no chão. O grito que soltou objetivava aliviar a tristeza e o aperto no peito, no entanto, de nada adiantou. Continuava fraco e incrédulo. 

     Aos poucos as lágrimas tornaram-se suportáveis e Jungkook pôde abrir seus olhos mais uma vez. Enxugou-os com a costa de sua mão suja de poeira. Não se importava. Nada mais importava para ele. Se forçou a levantar. Precisava despedir-se.

     Direcionou seus passos primeiramente a Yoongi. O jovem estava jogado no chão, com cortes e uma espada cravada no peito. O cavaleiro se aproximou hesitante. Tentou não pensar muito e, juntou todas as forças que ainda lhe restavam para pegá-lo no colo e depositá-lo na outra cama daquele cômodo. Ao colocá-lo ali, não conseguiu resistir ao instinto de fitá-lo. Min estava machucado, provavelmente havia sido espancado brutalmente. Seu corpo magro, porém musculoso encontrava-se pálido e, fraco. Não conseguia pensar em que tipo de ser desprezível havia feito algo com uma criatura tão pura e inofensiva.

     Penteando o cabelo do amigo para trás com a mão, Jeon suspirou e pôs- se a chorar novamente.

     - Por que Suga? - inquiriu extasiado, utilizando do apelido que havia criado para o amigo quando crianças, enquanto sentia as lágrimas ácidas descerem por suas bochechas. - Você prometeu. Prometeu que quando eu regressasse, nós iríamos ao Campo dos Cravos, sentaríamos à sombra do grande carvalho e contaríamos histórias repetidas. - Tentava falar em meio aos soluços. - Talvez nós pudéssemos até mesmo termos ido procurar a terra dos nossos sonhos de infância... Lembra? Com cavaleiros, princesas e até mesmo suas tão queridas fadas imaginárias! - Riu ao recordar antigas lembranças.

     Yoongi estava sem vida, porém estava em paz. Isso estava evidenciado em sua expressão angelical. Jeon tirou devagar e gentilmente a espada do corpo do garoto enquanto suspirava intensamente a fim de não afogar-se em seu choro mais uma vez. Ao tê-la fora do corpo do companheiro, atirou a mesma em algum canto do recinto, sem tirar o olhar da face de Yoongi.

     - Está tudo bem, meu amigo. - Disse por fim. - Eu nunca te esquecerei e, sei que também se recordará de mim por toda a eternidade. Obrigado. Obrigado apenas por ter sido você, Min Yoongi. Eu te amo, hoje e para sempre. - Depositou-lhe um beijo na bochecha e, saiu de seu leito, caminhando até a cama onde sua mãe se encontrava.

     - Mãe... - Não conseguiu continuar a fala, pois foi interrompido por um mar de lágrimas, soluços e gritos frenéticos. Segurava a mão da mulher com a mesma força que segurava seu arco. Não queria deixá-la ir. Não poderia. - Me... d-desculpa mãe. DEVERIA TER SIDO EU. - tentou dizer tropeçando nas palavras. - No lugar de vocês, deveria ter sido eu. - O choro ecoava por toda a vizinhança. Jeon não conseguia pensar de forma coerente, seus pensamentos estavam todos fora de nexo. Soube que se não partisse agora, não partiria nunca. Então, tentando e falhando miseravelmente em segurar os soluços, deu um último aperto na mão da senhora que ele mais amava.

     ✟

     E, foi nesse dia, nesse fatídico dia que Jeon Jungkook esteve na Vila Arbor pela última vez. Ele deixou seu lar em chamas, as chamas dançantes e cruéis que ele mesmo provocou, e saiu com seu, agora, único companheiro Alfa, cavalgando sem rumo pelos caminhos do Vale Verde. 

     - Que o cheiro dos longos cabelos de Viridis esteja presente em sua jornada até a ponte do grande Jardim Glorioso. - despediu-se com a oração que julgou ser apropriada.


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 Oiiiiii, espero que amem muito essa fic

To fazendo de coração mesmo... 

A leitura está meio difícil??? A partir do terceiro capítulo em diante eu vou simplificar as coisas...

Para onde será que Jungkook vai agora??  (⌒_⌒;)

A Vila do Lago Luminoso e sua Cruel Sentença #jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora