Capítulo 3

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Depois de uma bela noite de sono, aí estava meu querido sábado. Eram 10 da manhã quando acordei, peguei minha caneca, coloquei leite e toddy e tomei, sentada na cama assistindo um programa qualquer na TV. Quando acabei meu toddy matinal, fui arrumar a roupa para festa: "Ai meu Deus, eu tenho que estar magnífica, porém, com uma roupa nível resenha. Vamos lá." Pensei, alto. Olhei para o espelho, cabelo bagunçado, cara de sono, pijama amarrotado. Retornei meu olhar para o armário de roupas. Tirei algumas dos cabides e gavetas, e comecei a experimentar. Nada me agradava, simplesmente nada, até que eu vi, no fundo da gaveta de 'roupas de passeios noturnos' a blusa que ele havia me dado no meu aniversário. Vesti. Era ela. Agora faltava apenas o short, peguei o jeans mais bonito que eu tinha, e fez uma combinação perfeita com aquela blusa. Guardei em uma mochila, recoloquei o pijama, e fui para a sala: "Bom dia mãe" "Bom dia meu amor". Continuei andando em direção a sala do Wendler e da Polly - leia isso com aquela voz escrota que todos fazem com os animais - "Ei pitucos da mamãe!" A Polly veio pulando, e eu peguei ela no colo, beijei-a, balancei-a, e coloquei a cadelinha no chão novamente. Wendler estava ali, parado, meu coelho era quase tão sedentário como eu. - aquela voz denovo - "Wendler, baby, deixa eu te dar um beijinho?" Fiz carinho em suas orelhas gigantes, e dei um beijo na parte de traz de uma delas. Coloquei ração e água para eles e voltei para meu quarto. Tinham muitas mensagens no whatsapp. Duas no grupo das minhas amigas: "Bom dia! Hoje tem mesmo né?" "Aham. Já estou aí! Beijoos" e eu acrescentei mais uma: "A gente não fura! Vou me arrumar ". Tinham mais algumas mensagem de familiares e outras coisas, e depois vi aquela mensagem de ontem. Ai meu Deus, eu tinha esquecido da mensagem da aula! Era do Gu, e antes de abrir, meu coração disparou, mesmo sabendo que provavelmente era relacionado a festa: "Oi Lá" - era assim que a maioria das pessoas me chamavam, e você pode me chamar assim também - "Eu sei que você é essa gracinha de menina responsável e não vai ler essa mensagem antes de sair da sala, então já vou mandar: vai com a blusa que te dei? Por favor? Você fica maravilhosa nela! Até lá" O que? Eu apenas sorri e digitei "Guu, se eu te contar que antes de ler sua mensagem eu já tinha separado ela você não acretida! E para né, ou você está mentindo, ou a blusa faz milagres! Até lá" e nem deu tempo de eu tirar os olhos da tela, depois de várias leituras da mesma mensagem, ele já havia me respondido. "Que conexão! Vai estar linda no dia dos meus 18tão!" Aquele dia estava ficando cada vez mais maravilhoso. Aquela pergunta não saia da minha cabeça: "Vou conseguir? Hoje é o dia do momento especial?". Depois de dar uma passada no instagram, facebook e twitter fui tomar banho, arrumei, peguei minha mochila com tudo para a festa do Gu, e fui para a casa da Lola. Como sempre, a nossa sessão pipoca foi mega divertida, e quando estava quase na hora da tão esperada festa, tomei banho, vesti minha roupa, e as meninas ajudaram com o cabelo e a maquiagem. Olhei no espelho. Cabelo perfeito, make perfeita, sorriso destacando, roupa maravilhosa. Eu estava pronta. Em pouco tempo minha mãe chegou para me buscar, minhas amigas me deram um abraço coletivo e apenas disseram baixinho: "é hoje." Entrei no carro, conversei um pouco com minha mãe, e finalmente chegamos no meu destino. Minha mãe me deu um beijo na bochecha, eu retribui, e sai do carro. Estava eu ali. Sozinha. Eu e o portão da casa do meu amor. Respirei fundo e toquei a campanhia. Ele logo veio abrir a porta. Estava lindo e cheiroso como sempre. "Oi Gu! Parabéns! Olha, só uma lembrancinha, tá?" Estendi o braço para lhe entregar o pacote, e o abracei. "Lembrancinha? Nada vindo de você é apenas uma lembrancinha!" Ele abriu o presente. "Pérola, como você fala que essa camisa maravilhosa é uma lembrancinha? Eu amei! Obrigado!" Eu sorri. Ele pegou minha mão, me puxou para dentro de casa, e disse para que eu me sentisse a vontade. Mas absolutamente não conseguiria, tinham muitas pessoas desconhecidas ali se beijando, dançando, bebendo. Sentei em um sofá e pedi ao garçom que me levasse um copo de refrigerante. Peguei meu celular, e fiquei mexendo nele, até perceber que alguém tinha sentado ao meu lado. Era Flávia, a irmã do Gustavo. Eu a conhecia apenas pelas vezes que fucei as redes sociais dele.
"Oi. Você é a famosa Pérola?" "Sou a Pérola, mas quanto a parte da famosa tenho minhas dúvidas.." rimos um pouco, e ela continuou: "Prazer Pérola, sou a Flávia, irmã do Gustavo." "Prazer! Você tem quantos anos?" "14" "E você, 17, eu sei. Como eu ia dizendo, o Gu fala bastante em você, sei mais do que você imagina!" "Ai meu Deus! Você deve saber de coisas que nem eu mesma sei, né? O Gu descobre cada coisa!" "Isso é verdade!" Rimos novamente, e mais uma vez, ela começou a falar: "Gosta de dançar?" "Gosto, apesar de ser um pouco tímida!" "Então sua timidez acaba agora, meu amor!" Ela me levantou, e dançamos muito com outras meninas, até eu morrerde cansaço e deixá-las lá. Fui beber um pouco de água, e sai para a área externa da casa. Precisava respirar! Digas-se de passagem que meu coração não tinha desacelerado desde quando pisei no portão. Senti uma mão passar pela minha cintura. Olhei para trás. Era ele. "Pérola, minha irmã não te enturmou não?" "Enturmou sim! Ela é uma fofa! Até agora estava lá, morrendo de tanto dançar!" "Se eu não estivesse tão ocupado, ficaria sentado só observando isso." "Besta!" Eu dei um tapinha de leve em suas costas, o que fez ele me soltar, e me pedir para acompanhá-lo. Chegamos em um jardim lindo e aconchegante, que tinha duas cadeiras no meio. "Sente-se por favor. Aqui é mais quieto, queria conversar com você." Obedeci, e ele sentou ao lado. "O seu jeito é único, sabia Pérola? Você realmente vale seu nome!" "Gustavo?" "Oi" "Só queria interromper sua conversa fofa pra falar que sua piadinha foi horrível. Continue." Ele sorriu de lado. "Esse é o problema, o que te faz especial é esse seu jeito de querer tudo como num conto de fadas. E eu quero te agradar. Quero fazer acontecer do jeito que você sonha. Me ajuda?" Uma lágrima escorreu em meu rosto. "Gu... Eu... Eu não sei. Simplesmente quero que aconteça." "Então me deixe pensar mais um tempo. Eu te amo, tá?" Levantou e saiu. Eu chorei tanto, que acho que nem precisam de regar esse jardim mais. Limpei as lágrimas, e fui direto para o banheiro, arrumar a maquiagem. Por sorte, era a prova d'água. Liguei para minha mãe, pedi para ela me buscar. Chamei a Flávia, e pedi apenas que ela dissesse ao irmão que a festa estava ótima, e que precisei ir embora, mas que eu também o amo.
Foi eu entrar no carro, que desabei mais uma vez. A minha neura pelo momento perfeito tinha me atrapalhado outra vez. Porque eu tinha que ser assim? Porque eu tinha que ser tão sensível e tão obsecada por cenas de filme? Porque eu tinha que cobrar tanto de alguém que não precisava ser cobrado dessa forma? Porque eu não podia simplesmente aceitar o fato de que ele me amava, e beijar em qualquer momento? Falei com minha mãe que explicaria depois o porque do meu chororo todo, e ela concordou. Assim que chegamos em casa, digitei uma mensagem para as meninas contando o acontecido, e outra para o Gustavo: "A Flávia já te deu o recado? Beijos, te amo" e dormi, com aquele vestido mesmo.
Na verdade, não dormi direito. Acordei 300 vezes durante a noite, e cedinho já estava de pé. Meu domingo foi entediante. Primeiro, contar tudo pra minha mãe, depois cair no choro denovo, me trancar no quarto, ouvir músicas depressivas e ler parte de "Fazendo meu filme 4". Uma mensagem foi lida dentre as 500 que recebi. "Ela me deu o recado sim. Podemos conversar amanhã, na escola?" Meu coração disparou. Não, não podíamos, porque eu tinha medo de falhar novamente. Não respondi. Fechei os olhos, e acordei apenas no dia seguinte.

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⏰ Última atualização: Mar 11, 2015 ⏰

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