Corações Partidos

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... - Quer se casar comigo? - diz ele e abre uma caixinha de veludo vermelha com um enorme anel de diamantes .Nossa senhora!!!!! Isso está realmente acontecendo????. Ele não pode estar falando sério!!!. É alguma pegadinha, deve ter alguma câmera escondida, só pode. Percebo que o olhar dele de contemplação mudou para um olhar com medo. Pudera! Estou a quase meia hora sem falar nem uma palavra. E aposto com uma cara de completamente perturbada - Aan.... já pode dizer alguma coisa - diz ele quebrando o silêncio ensurdecedor, sua expressão de preocupação me destrói por dentro, como posso dizer não a ele? Como posso negar isso? Foi por esse sentimento de dó que cheguei até aqui! Foi por isso que aceitei a namorar! Mas tenho que negar!

- O quê? - pergunto espantada, minha voz parece um sussurro, nem sei se ele me escutou, mas é a única coisa que consigo dizer. Eu estava prestes a explodir, queria sumir dali por algo instantâneo e até mágico.

- Você quer se casar comigo? - pergunta ainda com o sorriso no rosto!

- É, eu ouvi isso.. Só não consigo entender o porquê. Sei que me ama e blábláblá. Mas eu acabei de fazer 23 anos, sou tão nova e não estou falando só de mim, de você também. Você é novo, tem só 24 anos. Está fazendo medicina, vai ser um grande médico, somos muito jovens para casar! - Falo isso de forma quase vomitada, rápido e sem pausas. -Você pode achar uma outra pessoa e se apaixonar por ela e me esquecer ou pode ser ao contrário, então não vamos por esse caminho - e as batalhas contra as lágrimas continuam. Eu tinha que fazer força para falar com o nó que havia se formado em minha garganta.

- Não vou não, eu te amo com todo meu ser, cada parte do meu corpo ama você, precisa de você. E não precisamos nos casar agora, podemos esperar até você se formar, ou eu me formar. Só quero passar o resto da minha vida com você!

- Eu tenho que ir, desculpa. - me levanto e vou em direção ao elevador, sinto seus olhos confusos em minha direção.

- Anna, espera, por favor... Não vá, não queria te assustar, desculpa, não precisamos mais falar sobre isso, desculpa - suas palavras soam tristes, confusas e preocupadas. Eu fecho meus olhos e respiro... Fundo, segurando as lágrimas, me viro para ele e agora é a hora! - Eu sei que você vai achar alguém, eu tenho certeza disso e vocês vão se apaixonar e casar - seu rosto está com uma expressão que não está entendendo, mas sei que no fundo ele sabe o que quero dizer.

- Não posso me casar com você, porque eu não te amo o suficiente para casar contigo. Você é bonito, inteligente, engraçado, e vai achar quem mereça tudo isso, mas eu não mereço - e as lágrimas ganham a batalha e começam a cair.

- Você não me ama? - sinto a dor em suas palavras, sinto a sua vontade de chorar. - Claro que amo, mas não assim! Não para casar, te amo como amigo, como sempre amei. Só acho que me confundi nos tipos de amor! Desculpa..

- Por favor não me deixa - ele vem até mim e pega minhas mãos e vejo seus olhos se umedecerem e logo após, as lágrimas em seu rosto, lágrimas que caiam como cristais que brilhavam sobre as estrelas. Eu nem havia notado que estávamos no térreo diante de uma mega paisagem - Você pode me amar do jeito que quer, você pode ser feliz comigo, eu sei que só posso ser feliz com você - oh meu doce Gabriel, como queria que isso fosse verdade - Não me deixe - ele sussurra.

- Você não tem ideia de como queria que fosse fácil assim, mas não posso - digo tentando puxar as minhas mãos, mas ele segura mais forte e as puxa para seu peitoral definido. Oh como vou sentir falta disso . - sim você po... - o interrompo

- Não, não posso - quase sai um grito - Desculpa mas não posso - e as lágrimas caem com mais força e puxando mais uma vez minhas mãos, com sucesso agora. Devo estar linda com a maquiagem toda borrada.
- Por quê? - ele pergunta confuso.

- Por que me apaixonei por outra pessoa - digo a verdade. Ele da um passo para trás assustado.

- Desculpa, mas tenho que ir - saio correndo, aperto o botão do elevador e por sorte ele abre logo. Entro no elevador e o vejo enquanto as portas se fecham, parado, como se tivesse levado um choque ou sei lá o que, com seus olhos castanhos confusos, vermelhos e seu rosto brilhante por causa das lágrimas caindo. "Eu fiz a coisa certa! Eu fiz a coisa certa! Eu fiz a coisa certa!" fico repetindo pra mim mesma. Eu tinha que ter feito isso, não podia me casar com ele, nós dois seríamos infelizes. Ele merece alguém que o ame com todo o corpo como ele diz que me ama! Não estou triste porque terminamos.

Bom, também, mas o que mais dói é sua expressão de tristeza, de abandono, o peso de eu ter causado isso, de eu não ser capaz de ser recíproca com ele. Isso sim dói. Mas é isso que é ser humano, se pôr no lugar do outro e sentir a dor dele.

Ele me respeitava... Mais do que isso, ele me amava, queria passar o resto da vida ao meu lado e agora eu terminei tudo porque conheci outra pessoa, que acabei de admitir pra mim mesma que estou apaixonada. Mesmo sabendo que ele não sente a mesma coisa. O elevador finalmente chega à portaria, parece que demorou horas para descer... Quando as portas se abrem, por alguma razão desconhecida saio correndo e chorando...de novo. Meu coração estava à milhão, eu me enganei e desapontei um dos caras mais valiosos do mundo, aquele que qualquer menina gostaria. Passo pela porta e vejo Léo entrando no prédio e com isso corro mais rápido.

- Anna! - ele me chama, mas em vão porque não me viro. Tudo para melhorar a noite! Corro uns quatro quarteirões. Merda, meus pés..esqueci que estou de salto. Não sei como não os torci.

Cartas de um suicidaWhere stories live. Discover now