Bastidores

28 2 0
                                    

Minha maternidade é contraintuitiva. Quanto mais tempo passo longe do meu filho, mais o amo. Não porque seja muito ruim estar com ele; não é isso. Mas é porque eu sou um ser livre! Eu preciso de espaço para conseguir amar alguém. E é por este motivo que os poemas de Maternidade são como são, já que não costumo passar muito tempo longe de Marvin.

"Puerpério" resume bem como são os meus dias. Antes de ser mãe, eu não entendia muito bem porque algumas mães só gritavam. Imaginava que minha maternidade seria como comercial; só sorrisos! Imaginava também que teria um mundo de momentos de distância em que poderia nutrir este amor pelo meu filho. Mas a realidade se mostrou muito diferente disso.

Com o passar do tempo comecei a observar a minha linhagem, e constatei que repito alguns padrões. Isso não é bom e nem ruim; só repito padrões. Dessas reflexões escrevi "Linhagem". Faço as pazes com as partes da minha mãe que estão em mim, junto com as partes da minhas avós materna e paterna, e de todas as ancestrais que ganhei nessa vida.

Em "Perdas" eu faço um tributo à vida que um dia tive, em que era uma delícia acordar de manhã, saudar o sol, preparar o café e sentar calmamente pra comer e me estruturar pra mais um dia de aventuras. Esse momento não existe mais; não dessa maneira.

Já em "Modo mãe britadeira" eu compartilho os sentimentos de uma puérpera em fase de troca de pele. Suspeito que a maternidade seja mesmo luto e renovação constantes, com uma pitada de chamego aqui e ali. Como dizem: "Credo! Que delícia!".

Todos os poemas deste livro falam sobre a maternidade, sim, mas digo que, uma vez mãe, não dá mais pra ver o mundo de outra forma. A maternidade perpassa todas experiências, já que não existe "ex-mãe". Uma vez mãe, sempre mãe.

MaternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora