CAP I

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O dia amanheceu ensolarado e meu humor ardia como o sol, infernal. Abro os olhos com muita relutância, meus membros pesam como chumbo e minha cabeça também, olho para a pessoa ao meu lado na cama e as memórias da noite passada enchem minha mente.
Me levanto da cama e vou para o banheiro, me encaro no espelho e penso como meu rosto é perfeitamente normal, não sou portadora de nenhuma beleza estonteante, onde pessoas param seus afazeres para me acompanhar com os olhos. Por vezes penso que ninguém nunca realmente prestou atenção em mim. Meus olhos em formato amendoados na cor preta, sobrancelhas grossas e arqueadas, me dando um ar sarcástico, meu nariz romano e minha boca com lábios grandes e fartos, meus sorriso era quase felino, meus cabelos ondulados e rebeldes até a metade das costas, tão negros quanto meus olhos. Fico ereta na frente do espelho e observo meu corpo, minha pele num tom ocre sem graça, seios pequenos, minha barriga não era lisa e nem protuberante, minha cintura era acentuada, minhas coxas grossas, minha bunda redonda e empinada. Me tirando do momento autocrítica, meu celular toca e eu corro até o quarto para pegá-lo, olhando o visor vejo "MEG" e atendo.

— Bom dia, Meg. – chamo mesmo sabendo que ela odeia esse apelido, Megara é uma mulher séria, embora só tenha seus 32 anos.

— Já pedi para que não me chamasse assim, Morgana. Já se passa do meio-dia, seu bom dia está inválido. Resumindo: me encontre em 1h no café da Avenida 76. — ela espera um segundo para que eu murmure algo em concordância, feito isso ela desliga e eu sigo para o banheiro.

Quando saio do banho, a mulher da noite passada já está de pé e vestida, ela vem andando devagar até mim e enlaça minha cintura num abraço, em reflexo meus músculos se retesam e eu me afasto.

— Não parece a mesma pessoa que ontem estava totalmente entregue! — ela diz e sinto o amargor em sua voz. — Bem, já vou indo.

Eu ignoro e continuo me arrumando para encontra Megara, depois de alguns minutos escuto a porta bater. Visto uma calça jeans preta, camisa preta e um coturno. Vou até o subsolo do prédio onde fica a garagem e pego minha moto, uma street Bob 2009 e sigo para o endereço.

Chegando no café, vejo Megara sentada numa mesa distante e como se fosse atraída a mim, seus olhos encontram os meus no momento que desço da moto e eu dou um sorriso amarelo, recebo um revirar de olhos e uma leve curvatura em seus lábios o que eu penso ser quase um sorriso.

— Olá Meg. — digo enquanto me sento e recebo uma carranca de volta. — Ora, não seja tão mal humorada, amor.

Megara é uma mulher bonita, seus longos cabelos lisos e com cor de cobre, olhos azuis como duas safiras, seu nariz era reto e fino, a boca pequena e com lábios grossos, tinha formato de coração, era alta e robusta, seus músculos marcados. Tinha um charme natural, ela combinava com a postura de garota má, mas quem não a conhecia, poderia interpreta-la como a personificação da candura.

— Morgana, deixe de besteira e sente-se logo aí. — a voz baixa e grave. — A Ordem mandou uma nova meta.

Saber disso me deixa excitada, eu amo meu trabalho, vocês devem estar se perguntando que trabalho é esse, mas deixaremos isso mais pra frente. Fazia mais ou menos 5 anos que eu trabalhava para Ordem, uma sociedade de pessoas podres de ricas que eu não sabia quem eram, onde moravam, ou qualquer outra informação. Megara era a intermediária entre nós, embora eu acredite que ela também não saiba para quem trabalhe, o que importava era nosso dinheiro e nossa garantia de anonimato.

— Que bom. Já estava me sentindo entediada, a vida em Dreye já foi mais animada. — eu digo e dou uma olhada em volta, já fazem 3 anos desde que fixei-me em Dreye e já não tem mais tanto encanto assim. — Me diga, Meg, como é e para quando é nossa meta?

— Petrus Albanian, dono de uma das empresas que apoiam o movimento contra a presidente. Reside em Lira, mora na área dos Opíparos. — eu presto atenção em cada informação que Meg me fornece, ela põe um envelope com mais dados em cima da mesa e eu puxo para mim. — Bom, nosso encontro já chegou ao fim, até mais Morgana. Se cuida e seja uma sombra, ok? Nada de ações perigosas e teatrais. Adeus.

Depois disso ela se levanta da mesa e vai até seu Audi r8 branco, com a partida os motores dão um breve ronco e as rodas saem deslizando pela pista para seja lá onde for que Megara vá.

Me lembro de quando o continente de Astrea era uma sociedade de oportunidades para todos, se eu dissesse que iguais estaria mentindo, mas antes os Parcos ainda poderiam pelo menos ter a chance de algo, desde a reconstrução social essa chance tinha sido extinta, agora éramos todos divididos em duas classes, os Opíparos, os ricos e mandachuvas, e os Parcos, os pobres e miseráveis. Afastando esses pensamentos para não ser bombardeada por lembranças do passado, deixo uma nota em cima da mesa e piloto até em casa. Me deito e me permito descansar, já que amanhã parto para a missão.

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⏰ Última atualização: Jul 24, 2021 ⏰

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