Cap 4

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- Acompanhante de Ricelly Henrique Tavares Reis?
- Nós - me vejo levantando antes de Marília e ela me seguia conforme meus passos, a cada segundo meu coração palpitava mais e o meu medo crescia, ouso dizer que o maior medo que eu já senti na vida, é o de agora
- Vocês são da família?
- Somos - ouço Marília dizer, meu nervosismo está muito grande para conseguir esboçar alguma resposta correta, minha boca nunca secou tão rápido em tão poucos minutos
- Pois bem, o senhor Henrique está estável, ainda corre riscos e se encontra em um quadro crítico, as próximas vinte e quatro horas são cruciais para a evolução e recuperação absoluta de seu estado.
- Aí tá vivo, meu Deus tá vivo? Ele tá vivo doutor? - sem conseguir conter meu ímpeto pergunto aceleradamente e o doutor esboça uma reação de ânimo ao ver as minhas vibrações positivas
- Está sim, está! Agora é só ele ser forte para que consiga sair dessa.
- Meu Deus obrigada Jesus, obrigada doutor! - abraço o médico como numa ação e reação e acabo me dando conta disso enquanto já estava no ato - me desculpe doutor, foi a felicidade - me desvencilho dele envergonhada
- Imagine meu bem, são poucas as que tem uma reação fervorosa assim, é motivador. Esse rapaz tem muita sorte em ter uma namorada assim!
- É, ah, é que - Marília me interrompe nesse momento o que me deixa intrigada
- Muito obrigada doutor, muito mesmo. Não podemos vê-lo, imagino? - ela diz
- Ainda não, as próximas vinte e quatro horas são na UTI.
- Obrigada de coração doutor. - sinto Marília me puxar ainda sem compreender a reação dela
- Porque você não deixou eu falar, explicar que não era namorada dele? - falo enquanto ela me encarava como se a resposta fosse a mais óbvia do mundo
- Porque o médico não tem nada com isso, deixa ele pensar que vocês namoram, já temos muita coisa pra nos preocuparmos, e você principalmente, só te poupei de explicar o que nem você mesma sabe.
- Eu sei sim Marília, meu noivo é o Fernando e é com ele que eu vou me casar, isso aqui foi uma exceção, um caso de vida ou morte, literalmente
- Tá bom mai, agora vamos descansar? Não temos muito o que fazer aqui
- Vamos, mas vamos dormir onde? Hotel?
- Vamos passar na casa da irmã do tio Edson, a tia maria disse que sempre fica uma chave reserva lá quando estão viajando, vamos ficar na casa do Henrique, até porque eu nem sei quando vamos embora, aliás, quando eu vou, depois que essas vinte e quatro horas passar e tudo ficar mais calmo como eu sei que vai ficar, você pode ir pra Goiânia se quiser, eu seguro as pontas
- Tá doida amiga? Eu não vou a lugar nenhum
- Mas e o Fernando? E o seu noivado amiga?
- O Fernando pode esperar, ele não está em estado grave em um hospital, e ele compreender isso era o mínimo - afirmo com toda a certeza que havia em mim
- Tudo bem, mas se você quiser ir, saiba que eu não vou achar ruim de ficar sozinha
- Eu te conheço, você não quer aguentar isso tudo sozinha, e não precisa, por que eu estou aqui pra vocês dois, o Henrique é forte e ele vai sair dessa
- Ele é, não quero nem imaginar a possibilidade dele não ser.

Acordo de manhã, lá pelas oito horas e me deparo com uma casa completamente vazia, procuro Marília por alguns cômodos e nada, então resolvo ir a cozinha preparar algo pra comer, não que eu fosse boa nisso mas era o que tinha no momento, após alguns segundos procurando algo pelos armários escuto a porta da sala bater

- Marília?
- Oi nanica, cheguei
- Onde você estava? Te procurei até já
- Fui no mercadinho aqui fazer algumas compras, e olha só trouxe a geleia de blueberry que você ama
- Aí não acredito? Eu estou faminta, já estava até tentando achar algo pra fazer aqui
- Você? Cozinhando?
- Sim, qual o problema?
- Tá muito cedo pra um apocalipse
- Tá bem engraçadinha, então me diz o que mais você trouxe aí?
- Eu imaginei que não teríamos nada pronto então já trouxe algumas coisas feitas para só comermos, aqui um croissant, uns pãezinhos, queijo fresco e peito de peru caso você queira comer com alguma coisa
- Aí te amo amiga, eu sou péssima na cozinha, mas você não é lá essas coisas também, passaríamos fome tranquilamente se não fosse isso
- Não discordo totalmente, tanto que trouxe também uns congelados pra comermos de almoço, mas isso é simples, só pedir uma comida de restaurante, e deixar os congelados se tivermos com pressa
- Pensa em tudo! - passo de leve o dedo na ponta do seu nariz em sinal de afeto e logo me surge uma dúvida na qual afetará minha expressão de alegre para triste em milésimos
- O que foi?
- O hospital, já ligou? Deram notícias do Henrique?
- Já ia falar sobre isso, ligaram sim, por volta das sete horas, disseram que ele se manteve estável até agora e não teve nenhuma piora, nem melhora.... - ouço aquilo que me tira um pouco do foco numa expressão de susto e logo retorno a órbita com a sequência de palavras da Marília - mas calma amiga, nessa fase que ele está só de não haver piora já é uma melhora, palavras do próprio médico, então fica calma
- Ai, graças a Deus
- Já liguei também pra tia, ela está sabendo de tudo. E estão tentando pegar um voo de volta pro Brasil o mais rápido possível, mas você sabe como funciona essas viagens pro estrangeiro, complicado até pra voltar, enquanto isso vamos informando ela
- Está certo, agora amiga mudando de assunto, seja sincera
- Com o que?
- Você acha que o Fernando vai me entender? Aliás, você acha que ele tem alguma obrigação de me entender? - a olho com pesar e medo da resposta

Era Pra Ser Para Sempre?Onde histórias criam vida. Descubra agora