Capítulo 1- A CARTA

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Wilhelm on:

Amor. Uma palavra forte de ser falada, mas muito mais pesada de ser sentida. O amor hoje tem vários sentidos e significados, mas o amor em que eu falo hoje é sobre aquele amor jovem, aquele amor que te consome e te enche de esperanças.

Esse amor eu sentia pelo Simon, ou sentia. Seis meses longe de alguém é muito tempo. Tudo mudou. Eu mudei, de fato. A dor. Você só tem que sobreviver a ela, esperar que ela vá embora sozinha, esperar que a ferida que a causou, sare. Não há soluções, respostas fáceis. Você só respira fundo e espera que ela vá diminuindo. Na maior parte do tempo, a dor pode ser administrada, mas às vezes ela te pega quando você menos espera, te acerta abaixo da cintura e não te deixa levantar. Você tem que lutar através da dor, porque a verdade é que você não consegue escapar dela e a vida sempre te causa mais.

Eu senti tudo isso quando Simon me deu as costas, quando ele me deixou. Simon era a personificação da transparência, da bondade, da lindeza. Todavia, eu em certo momento, não soube dar valor ao que estava bem do meu lado, eu não fui corajoso o suficiente quando ele me pediu para me libertar junto com ele. Simon segurou minha mão por várias vezes em que ele pôde, mas na primeira oportunidade que eu tive, eu não agarrei a dele. Fraco, frágil e inconsistente, esse sou eu.

Passamos toda a vida nos preocupando com o futuro. Fazendo planos para o futuro. Tentando prever o futuro. Como se desvendá-lo fosse aliviar o impacto. Mas o futuro está sempre mudando. O futuro é o lar dos nossos medos mais profundos e das nossas maiores esperanças. Mas uma coisa é certa: quando ele finalmente se revela, o futuro nunca é como imaginamos. O futuro, o tempo me mudou, de certa forma.

Eu ainda sinto algo por ele, toda vez que penso em que passamos juntos, meu coração se enche de emoção, mas também de tristeza. Saudade. Entretanto, algo mudou dentro de mim, talvez tenha me tornando mais frio, talvez tenha me tornado mais calculista, não sei.

Eu ainda não entendo como pude ser tão covarde com Simon, fiquei esse tempo todo longe dele, sem contato, sem nenhuma mensagem de desculpas. Atitude idiota da minha parte, confesso. Pessoas passam por coisas horríveis todos os dias, e ainda sim elas conseguem ser boas e humildes umas com as outras.

Ser um cuzão não é algo que você nasce sendo, ou algo que se torna. É uma escolha. Então, resolvi deixar de ser um cuzão a partir daquele milésimo momento de reflexão, resolvi então escrever uma carta para Simon, talvez assim ele perceba que estou arrependido, escasso.

"Querido Simon, está carta é para você. E você recebe está carta porque eu estou com saudade e se o nosso amor prevalecer hoje, derrubará o presidente brasileiro amanhã. Vivemos em um mundo caótico em que é difícil entender as regras. Por que algumas pessoas são pobres e outras ricas? Por que algumas tem que fugir enquanto outros estão seguros? Por que algumas pessoas são jogadas na rua? E por que algumas vezes, quando você tenta fazer algo bom, ainda é visto com ódio? Não é estranho as pessoas desistirem, que deixemos de acreditar no bem. Mas obrigado por desistir, Simon.
Porque mesmo que as vezes pareça, nenhuma pessoa está sozinha. Todos e cada um de nós, somos uma peça importante no grande caos. E o que você faz hoje, terá efeito amanhã. Pode ser difícil dizer exatamente qual tipo de efeito, e normalmente nem sempre podemos ver como tudo se conecta. Mas o efeito de suas ações, permanecerá sempre em algum lugar do caos. Em 100 anos poderemos ter máquinas que calculem o efeito de todos e cada ação, mas até la, nós podemos confiar nisso: O medo se espalha, mas com sorte, o amor também. Wilhelm"

Naquela tarde, pedi para Sid, meu mordomo, colocar a carta no correio. Minhas mãos suavam de nervoso, tinha medo do inseguro, de ele não responder, do silêncio inevitável. Todavia, não queria ser mais um covarde na terra, queria ser perspicaz, ágil. Eu ainda sentia algo por Simon, eu só tinha que tomar coragem de dizer isso, de olhar nos olhos dele novamente e falar tudo que sinto, tudo que penso, imagino.

Em algum momento, você tem que tomar uma decisão. Fronteiras não deixam as outras pessoas para fora. Elas cercam você. A vida é uma bagunça. É assim que somos feitos. Então, você pode desperdiçar sua vida desenhando linhas. Ou pode viver sua vida atravessando-as. Mas existem algumas linhas…que são perigosas demais para se atravessar. A vida humana é feita de escolhas. Sim ou não. Dentro ou fora. Para cima ou para baixo. Aí existem as escolhas que importam. Amar ou odiar. Ser um herói ou covarde. Lutar ou desistir. Viver ou morrer. Viver ou morrer: esta é a escolha importante. E não está sempre nas nossas mãos.

No fim das contas, a fé é uma coisa engraçada. Ela aparece quando você não está realmente esperando por ela. É como se um dia você perceber que o conto de fadas pode ser um pouquinho diferente do que você sonhou. De vez em quando, as pessoas vão surpreender você. E de vez em quando, as pessoas vão até tirar o seu fôlego.

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⏰ Última atualização: Jul 24, 2021 ⏰

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