Enquanto Você Dormia

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POV. KAKASHI

O tempo, dizem que ele pode curar feridas, mas sempre nos questionamos quanto tempo é necessário para conseguir voltar a seguir em frente, era um paradoxo mental onde você parecia sempre voltar ao mesmo lugar, tudo era confuso demais, eu já não conseguia mais pensar como antes, tinham se passado um mês e Obito não dava sinais de que acordaria, mas seu corpo parecia reagir com os medicamentos e ir se curando aos poucos, mas ainda assim não nos davam esperanças, afinal o corpo de um ômega é frágil e qualquer coisa pode os matar de certa forma, eu não sabia mais o que fazer, o vazio estava se instalando em meu peito de uma forma que eu me imaginava quase como um doente dentro de casa, eu não saia do hospital, na verdade só ia em casa tomar um banho e me trocar, eu literalmente estava enlouquecendo sabendo que o homem que amo está entre a vida e a morte em um leito de hospital, assim como a dor excruciante de saber que ele perdeu o nosso filhote, eu nem sabia que ele estava grávido e acho que nem ele.

Saio dos devaneios ao escutar a campainha, levanto da cama onde estava sentado divagando olhando uma foto de Obito, eu estava entrando no cio e meu corpo doía e era isso que me impedia de estar de volta ao hospital. Suspiro seguindo até a porta e estranho ao ver Itachi ali, mas não falo nada e dou passagem, ele era o único que ultimamente tem se preocupado comigo e tem estado ao meu lado sempre, eu sabia que ele sofria tanto quanto eu, afinal era o irmão dele.

– Olá Itachi a que devo sua visita hoje? – Pergunto enquanto dou passagem para ele entrar, ele sempre fora meu melhor amigo, era também meu padrinho de casamento, já que conheci seu irmão por intermédio do próprio. Sigo até o sofá me sentando, eu não me sentia bem, só queria me trancar no quarto e não mais sair dali, observo Itachi se sentar ao meu lado e então percebo que ele estava com duas garrafas de whisky nas mãos e sorrio, não precisávamos muito de diálogo, as vezes um pouco de bebida e companhia silenciosa nos ajudava bastante e naquele momento parecia que era tudo o que precisávamos, até mesmo os olhos profundos de Itachi pareciam ter se apagado, o ômega ao meu lado era de longe aquele que conhecia anos atrás, algo tinha mudado dentro dele e acho que eu temia essa mudança de algum jeito, de algum modo eu via a sua luz se apagando dia após dia e sabia que isso era devido a barra que ele parecia estar segurando sozinho.

– Acho que eu só quero beber e esquecer nem que seja por algumas horas todo este caos que nossas vidas viraram depois do que aconteceu, eu estou cansado e sobrecarregado Kakashi e sinto como se tudo estivesse desmoronando ao meu redor – escuto ele falando e era estranho, Itachi não era o tipo que gosta de expor o que sente, sabia que tinha algo errado ai, mas apenas pego uma das garrafas e juntos no silencio nos encostamos e começamos a beber, só deixando o liquido amargo de cor âmbar descer queimando por nossas gargantas de uma forma quase cortante, mas estava aliviando a dor no peito.

Mas mesmo a bebida não me impedia de o observar com cautela, podia ver seus cabelos longos soltos e de alguma forma não conseguia mais ver a luz que ele irradiava mesmo quando não sorria diretamente, não ele estava apagado, até mesmo seus olhos estavam opacos e sem vida, Itachi estava desistindo, de alguma forma eu podia ver que ele estava se entregando a suas próprias dores e eu temia que ninguém estivesse vendo, afinal ele sempre foi muito bom em encobrir o que sentia, mas eu o conhecia a muitos anos e sabia ler as entrelinhas do que ele insistia em ocultar, mas hoje ele não parecia esconder nada, ele bebia em silencio como se com a bebida pudesse engolir todos aqueles sentimentos que eram como uma bola presa na garganta que dificultava qualquer ação física do corpo.

O emocional é tão destrutivo quanto o físico, mas ele se torna ainda mais fatal por ser algo que lhe mata lentamente segundo após segundo, te quebra aos poucos até ser tarde demais para reagrupar os cacos em uma peça inteira, te engole para uma escuridão que se torna tão bem vinda quanto a solidão e no final você se acostuma, acostuma a guardar o que sente, acostuma a não falar sobre a dor, se acostuma a deixar todos irem, mesmo quando isso só lhe causar ainda mais dor, se acostuma ao vazio no peito, ao fechar da garganta, ao sufocar das emoções, ao desligar de cada célula do corpo em destoante sintonia com a sinapse que a dor reverbera pelo corpo, se acostuma a levantar da cama dia após dia mesmo que não lhe faça sentido, acostuma aos sorrisos falsos que jamais alcançam os olhos, se acostuma a fingir uma felicidade que só quem realmente te conhece e observa percebe ser mentira, se acostuma a forçar seu corpo a obedecer e ter reações a estímulos que de certa forma você nem os sente de fato, é você se acostuma a falsas verdades e meias mentiras para manter um mínimo equilíbrio, mas no fundo você sabe que não devia se acostumar, não devia se entregar as sensações que lhe consomem por completo e observando você agora Itachi eu posso ver o quanto se entregou a própria escuridão mesmo não percebendo enquanto vira a garrafa de bebida como uma última válvula de escape antes de dizer adeus, você apenas veio se despedir e meu lado insano está me pedindo que faça algo, na verdade o meu lobo está exigindo ao perceber o quanto seu cheiro está ocupando a sala de uma forma intensa e você nem parece perceber que o seu cio havia chegado tão forte quanto o meu.

Tento me conter, mas já estava perdendo o lado racional, então deixo a bebida de lado e o puxo para meu colo sentindo como meu pau se encontrava duro a ponto de doer.

NARRADORA

Nenhum dos dois estavam em si, apenas desejando saciar seus lobos interiores, por isso não se preocuparam em trocas de carinhos ou preliminares prolongadas, só seguiram instintos dentro de beijos selvagens e corpos se movendo em sincronia, nenhum se preocupando com o dia de amanhã, nenhum parecia pensar com razão, apenas seguindo os desejos dos corpos que se entregavam a luxuria e prazer, apenas se permitindo gozar sem se preocupar com mais nada ao redor apenas no alivio de seus corpos febris e desejosos até a exaustão de seus ápices mais fortes.

POV: ITACHI.

Acordo pela madrugada sentindo minha cabeça latejar assim como o meu corpo, olho pro lado me assustando e vejo que estava nu assim como o corpo ao meu lado, eu me lembrava claramente de procurar Kakashi para bebermos e pelo visto foi uma péssima ideia, não ligando para as dores levanto em silencio sem acordar o alfa ao meu lado, recolho minhas roupas e me visto, saio sem fazer nenhum barulho e vou até me carro entro nele e encosto a cabeça no volante. ­

– O que foi que eu fiz? – sussurro enquanto tento recobrar minhas memórias, mas era tudo um branco depois de alguns goles do whisky, o resto eram borrões desconexos que eu não poderia interligar, mas pela situação do meu corpo sabia que tinha perdido a virgindade com meu melhor amigo e marido do meu irmão, eu com todas as forças estava ferrado. Ligo o carro e saio o mais rápido indo para meu apartamento, tomo um banho depois de chegar e me jogo na cama apagando em seguida já que não queria pensar mais nada sobre o que tinha acontecido.

O Marido do Meu Irmão (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora