Reste à mes côtés pour toujours - (romance lésbico)

Capítulo 1

Essa história poderia ser mais uma, entre tantos outros romances. Do príncipe encantado que encontrou seu amor verdadeiro e viveram felizes para sempre, ou àquela, onde uma menina recebeu uma fada madrinha e foi para o baile, acabando por se apaixonar pelo príncipe e esquecendo o sapatinho de cristal, fazendo com que ele buscasse aquela moça delicada e bonita pelo reino todo e blábláblá... Tem tantos assim, não acha? Sempre o príncipe encantado salvando a princesa indefesa. Mas este romance não foi, e nunca vai ser um desses clichês, e pela época não podemos nem classificá-lo como um romance, seria mais fácil chamá-lo de pecado, ou então poderia dizer que é uma história de resistência, revolução e... o amor, puro e cru. Podemos começar?

''Dizem-me que o dia começa com Deus, mas

começo o dia pensando no objeto do meu amor pois, 

penso em você, incessantemente''.

- Poema escrito por Maria Christina para Isabel de Parma nos anos de 1730.

Isabel de Parma foi a primeira esposa do arquiduque José da Áustria, futuro Sacro Imperador Romano José II. Era filha de Filipe, Duque de Parma e Luísa Isabel da França. Ela ficou conhecida por seu relacionamento lésbico com a cunhada Maria Cristina, Duquesa de Teschen.

Inglaterra, Londres, 1797

- Filha, pegou tudo? Tem certeza que pode fazer isso? - Dona Amélia pergunta, enquanto arruma o laço branco do vestido de empregada em sua filha. Enquanto a outra, arruma o lacinho também branco em seus cabelos loiros - nem tão longos mas nem tão curtos - e meio enrolados, que caíam, adoravelmente, soltos em seus ombros. Sua filha dá um sorriso e rola os olhos, se virando pra sua mãe e segurando seus ombros, logo à respondendo:

- Mas é claro, mamãe. Já tenho dezoito anos, preciso te ajudar em casa. Além disso, o emprego que a senhora me arrumou paga muito bem. Vamos! Fique alegre por mim! - Lily, a menina-mulher diz sorridente, enquanto vê sua mãe dando um sorrisinho e suspirando de alívio.

- Eu estou feliz, filha... Eu realmente estou. Só estou com medo de você se meter em problemas, é seu primeiro trabalho e em uma das famílias mais influentes da Inglaterra, você deve tomar bastante cuidado em falar ou fazer algo - sua mãe à adverte, colocando suas duas mãos na face de Lily, levando a loira fechar os olhos e sorrir, sentindo a ternura de sua mãe passar pelas mãos dela. Lily coloca suas mãos em cima das de sua mãe e responde:

- Mãe, eu posso ser nova mas não sou boba, fique tranquila. Vou fazer todo o meu trabalho certo e vou ser apenas uma das empregadas naquela mansão. E só são quinze dias que vou ficar por lá, lembra? De dois em dois dias eu fico com a senhora, é simples - Amélia por fim concorda e anda para trás, pensando no quanto sua filha estava bonita, como sempre.

- Sim, eu sei... Preciso ser menos mãe coruja - a mais velha brinca e as duas riem. - Você fica linda em qualquer coisa, até mesmo se colocar uma abóbora na cabeça. Não deixem te reparar muito, você se destaca das outras pela beleza - Dona Amélia diz por fim e Lily ri discordando.
- Fique tranquila - a mais nova respira fundo e solta. - Eu preciso ir, mamãe - Lily diz sentindo um aperto no coração, não querendo transparecer que estava com tanto medo, pois se sua mãe notasse ela não iria deixá-la ir.

Dona Amélia concorda com seus olhos marejados e a leva até a porta de sua casa humilde, vendo Lily subindo em sua bicicleta. Quando a mais nova se dirige até o caminho de seu pequeno vilarejo acaba deixando sua bicicleta cair no chão e corre até sua mãe, começando um abraço apertado. Depois de alguns minutos as duas se olham já com seus olhos cheios de lágrimas e sorriem uma para outra.