Haerim mal havia aberto os olhos e, pelo sol já alto do lado de fora de sua janela, já sabia que estava atrasada.
Em um pulo apressado levantou-se da cama, quase caindo da mesma no processo, ela sabia que era desastrada, mas não fazia ideia da gravidade da situação até acabar tropeçando em seus próprios pés e indo de cara no chão. Como se prevesse um futuro, uma semana atrás ela havia forrado seu quarto todo com um carpete felpudo, que amorteceu a queda.
Sequer se passaram cinco segundos e ela já estava em pé novamente, não tinha tempo nem para dizer um "ai", então tudo que fez foi uma careta que se dissipou tão rápido quanto ela estava indo em direção ao banheiro.
Depois de ter tomado um banho rápido, ela ajeitou seu cabelo que estava uma bagunça e se vestiu com as primeiras roupas que achou, depois pagou sua mochila com os materiais que usava na faculdade. O tênis ela deixou para amarrar quando já estivesse na rua, estava realmente atrasada.
Como se pudesse se movimentar na velocidade da luz, Haerim saiu de seu apartamento e desceu até o térreo pelas escadas, o elevador estava demorando muito.
Quando ela fnalmente havia chegado na portaria do prédio, não pôde nem parar para respirar, e, mesmo já cansada, correu ainda mais até alcançar a rua. Se apoiou em um carro que estava estacionado ali perto para poder amarrar os cadarços, o que fez o mais rápido que conseguiu.
Quando se levantou para continuar correndo, ela percebeu que o carro devia estar no mesmo lugar há meses, quem sabe anos, pois estava cheio de pó, e ao olhar sua blusa, percebeu que havia se sujado.
Pronta para abrir o berreiro ali mesmo e com os olhos já lacrimejando, ela notou outra coisa: em meio àquele pó todo, estavam escritas as letras que formavam a palavra "oi", separadas uma da outra. Haerim só conseguia pensar em como a caligrafia de quem escreveu aquilo era horrível, quase não conseguiu entender o que estava escrito.
Pensou que o dono daquela letra quase indecifrável não devia morar mais por aqueles lados, porque parecia que as letras estavam borradas pelo tempo, e, como já estava no fundo do poço, não se importou de dar uma amostra de sua caligrafia perfeita deixando um recado logo embaixo do que estava escrito.
"Sua letra é feia", escreveu ela antes de sair correndo para ver se ainda alcançava o ônibus que a levaria até a faculdade.
[★]
- Alô, Elly! Você pode atender agora ou tá ocupada agredindo a moda?
Em geral, Haerim era recebida em sua faculdade com abraços e sorrisos, mas naquele dia tudo que recebera foram risadas.
- Começou a palhaçada cedo hoje, né, Doyeon?! Quando você veio usando uma calça jeans com estampa de onça ninguém falou nada, acho isso um absurdo! - Se fez de brava e se sentou no mesmo lugar de sempre: no lado da sala onde ficavam as janelas, a vista ali dava para o campus, que era muito bonito.
De onde estava, pôde ver uma garota tocando violão em um banco que ficava perto de um jardim, no qual ela não tinha prestado muita atenção quando passou correndo por lá.
- Mas você não pode comparar a calça da Dodo com uma blusa de zebra e calça legging estampada com a cara do ministro da educação, Elly...
Com os olhos arregalados ela tirou seus olhos da garota bonita lá embaixo e olhou para o que estava vestindo. Pelo menos ela estudava moda, podia dizer que era a nova tendência do momento.
- Mas eu posso explicar! - Ela engoliu em seco, já estava quase suando a procura de uma explicação. De súbito, lembrou-se de uma coisa muito importante - Vocês sabem que eu sou sobrinha dele, né?! Minha mãe me obrigou a ter essa calça, e, bem, como eu iria negar? Em troca, ela me deu uma daquelas barras de chocolates famosas no... - Tentava recordar o nome do lugar - Bacalhau... Berinjela... Banana... Enfim, era muito gostoso o chocolate!
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caligrafia.
Fanfictiononde elly jurava de dedinho que a letra de lua era a mais feia mundo.