⸺﹕❪ 𝗧his 𝙛𝙪𝙘𝙠𝙞𝙣𝙜 𝗻𝗶𝗴𝗵𝘁𝗺𝗮𝗿𝗲 is 𝘸𝘦𝘢𝘳𝘪𝘯𝘨 me 𝗼𝘂𝘁

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EU CONSEGUIA sentir aquelas mãos nojentas passeando por meu corpo pequeno e frágil, ele estava me molestando novamente. Nada adiantava para fazer as pessoas acreditarem em mim, que a pessoa na qual meus pais tinham uma grande confiança estava fazendo isso com a filha querida deles, por mais que ele fosse muito óbvio com o que queria, ninguém nunca conseguia ver ou ouvir o meu desespero. Eu estava a ofegar constantemente com minha ansiedade aparente, eu estava a exalar o meu medo daquele homem tão vivamente. Nunca consegui esquecer aquele rosto que me olhava com tamanho desejo. Ele possuía manias estranhas comigo, sempre afrouxou o colarinho da sua camisa quando estava perto de mim, esfregava suas mãos em meu queixo com brutalidade e alisava as minhas costas. 

Até que um dia, numa madrugada em que finalmente pude dormir, ele chegou no meu quarto e me puxou para seus braços, ele usava uma máscara preta que cobria todo o seu rosto, deixando apenas seus olhos descobertos. Eu gritei o mais forte que eu conseguia. Quando meus pais apareceram na porta, este homem olhou para os meus pais comigo no colo enquanto eu me debatia tentando me soltar daqueles braços largos e fortes. A última coisa que eu me lembro daquele dia foi ouvir meus pais gritando depois dele tampar meu rosto com um pano com clorofórmio me obrigando a respirar aquele cheiro horrível. 

Os efeitos imediatos de uma concentração de 100 partes por milhão no ar são tonturas, cansaço, dor de cabeça, confusão mental, torpor, sensação de anestesia, tonturas e até desmaios, mas não uma inconsciência tão fulminante como a que vemos nos filmes. Era torturante. Depois de poucas horas de tortura enquanto ele ainda segurava aquele pano em meu rosto enquanto dirigia em alta velocidade, eu caí mas terríveis graças do pedófilo. 

Eu me lembro vivamente de tudo o que passei nos dias em que estava naquele lugar com ele me usando como se fosse o seu brinquedinho. Ele visitava continuamente meus pais como se ele não fosse o meu sequestrador, meu abusador, e meus pais confiavam nele cegamente. Mas meu irmão gêmeo passou a desconfiar bastante dele, meu irmão é bastante ardiloso e é deveras esperto com investigações, juntar o que descobriu e chegar a conclusão em menos de 2 semanas, me orgulho que ele tenha se tornado o detetive que ele sempre sonhou em ser atualmente. 

Ele, apesar de ter apenas 7 anos de idade, ajudou a polícia com a investigação quando um policial viu o seu verdadeiro potencial. Quando me encontraram, eu estava vendada, amarrada em um canto com correntes, uma mordaça em minha boca. O chão estava encharcado de meu sangue seco, assim como meu corpo desnutrido e desolado. Quando ouvi a porta ser aberta, rapidamente entrei em desespero e as lágrimas começaram a escorrer em meu rosto com soluços reduzidos e murmurando enquanto tentava me acostumar com aquela dor excruciante. 

Meu irmão gêmeo não se importou em ver aquela cena traumatizante, ele apenas correu até mim e me abraçou. Eu me acalmei assim que senti aqueles braços pequenos rodeando meu corpo frágil, tirando aquela venda de meus olhos. Ver aqueles tristonhos e brilhantes olhos cheios d'água fazia meu coração se apertar, sempre odiei ver meu irmão daquele jeito e isso nunca mudou. Quando vi que haviam homens atrás dele, comecei a me debater de medo enquanto as correntes faziam um barulho agressivo. Meu irmão colocou a mão em minha bochecha com seus olhos fixados nos meus, e enfim, sussurrou: — “Está tudo bem, Luz do Luar. São policiais e estão aqui para nos ajudar a prender aquele homem asqueroso.” 

Quando finalmente saí daquele cativeiro, não conseguia mais ir para lugar nenhum, vivia no meu quarto com a porta trancada e a única pessoa daquela casa que podia entrar era meu irmão. Desde aquele dia ficamos mais grudados do que antes, e pra qualquer lugar que eu fosse obrigada a ir, como a escola e o psicólogo, meu irmão iria junto comigo. E sempre que eu precisava ir ao banheiro, ele me esperava na frente da porta. Ele se afastou de todos os seus amigos para cuidar de mim e não deixava nenhum homem se aproximar de mim, e se um professor precisasse conversar comigo, Hyunjin estaria lá. 

Um tempo depois, meu pai acabou falecendo misteriosamente enquanto ia para o seu trabalho. Eu e Hyunjin tínhamos 13 anos na época, mamãe sofreu muito com a morte dele e quando já tínhamos 15 anos, mamãe um dia apareceu grávida. Ficamos surpresos que ela ainda conseguiu engravidar com uma idade um tanto quanto avançada. Ela disse que, enquanto fazíamos uma viagem escolar para a França nos últimos meses, ela viajou para o Japão e lá ficou com alguns 'caras' mais velhos e mais novos os usando como 'tapa buraco' para esquecer a tristeza que foi perder o homem da sua vida tão misteriosamente. Cuidamos de nossa mãe nos últimos 9 meses, sempre atenciosos com ela, fazendo todos os seus desejos, cuidando da casa pra ela enquanto ela trabalhava em casa. 

Nos surpreendemos quando descobrimos que eram gêmeos iguais a nós, já que na ultrassom não mostrava que eram dois. Quando o médico perguntou onde estava o pai para registrar as crianças, quase choramos ali mesmo e tivemos que explicar a ele. O médico nos deixou registrar nossos irmãos, já havíamos decidido o nome de ambos os gêneros quando ainda não sabíamos o sexo, então foi fácil. Para o menino foi: Nishimura Riki. Mamãe queria que ele tivesse o sobrenome de descendência de sua família em homenagem a sua falecida irmã, já seu nome coreano ficou como Hwang Chulsoo, mas nunca o chamamos assim, apenas por Niki. Apenas falamos seu nome coreano quando ele fazia alguma coisa errada, o que era muito raramente. Para a menina colocamos um nome coreano mesmo: Hwang Hoyeon. 

Mamãe estava feliz por cuidar novamente de uma criança, mas esta felicidade não durou por muito tempo. Quando a mamãe voltou a trabalhar fora depois que Niki e Hoyeon já tinham seus 3 anos de idade, ela morreu atropelada por um carro que vinha em alta velocidade em sua direção. Hyunjin estava mais revoltado do que antes, ele simplesmente esqueceu de estudar e começou a procurar pistas sobre o assassinato de nossos pais. Ele ainda cuidava de mim, não me deixava ir sozinha em lugar nenhum sem ele. Mas quando ele passou a se aprofundar mais, eu comecei a sair sem ele, apavorada com as pessoas ao meu redor sem ele ao meu lado, ansiosa com aqueles homens que me encaravam e insegura quando precisava atravessar. 

Eu sabia que precisava aprender a me defender sem precisar do meu irmão, mas era difícil pra mim, ficou muito mais difícil depois que meus pais morreram. Niki e Hoyeon continuavam sendo aquela criança alegre, na época eles não compreendiam, sempre me perguntando a mesma coisa: — “Mama,  por que a mamãe foi embora?” Eu sorria quando Niki me chamava de “Mama”, ele não sabia como falar meu nome então me chamava assim, mas sempre desaparecerá quando perguntava sobre a mamãe. Eu nunca soube o que responder, então sempre o abraçava e falava: — “Ela precisou ir, docinho, ela não aguentou e precisou subir para o céu”. 

Eu não conseguia mais responder a mesma coisa para aquela criança, mas era minha única resposta para aquela pergunta. Esta porra de pesadelo está me esgotando a cada dia que que se passa e eu não posso fazer muita coisa pra mudar isso. 』

— Você foi muito bem hoje, Yeji.. — Falou a minha psicóloga que estava quieta apenas me ouvindo falar enquanto anotava em seu bloquinho. — Desde o começo da nossa sessão, vejo que eu fui a pessoa que você conseguiu se abrir melhor. 

Dei um pequeno sorriso em concordância, me recusando a encarar seus olhos castanhos cor de mel, observando minhas mãos brincando com meus dedos. A sala ficou em silêncio por longos minutos até a mulher à minha frente começar a falar novamente. 

— Tendo em vista sua evolução, podemos terminar mais cedo hoje. — Dizia enquanto ajeitava sua mesa sorrindo pra mim. — Vejo-te na próxima quinta-feira, Srta. Hwang. 

— Até a próxima, Sra. Kang. — Levantei-me, me curvando diante dela e saindo com minha bolsa. 

   ֺ 。 ⊹ . my 𝗹𝗼𝘃𝗲, this f𝙚𝙖𝙧 breaks my 𝘣𝘰𝘯𝘦𝘴, can you h𝙚𝙖𝙧 𝗶𝘁?Onde histórias criam vida. Descubra agora