point of view- leonardo
enquanto enrolava uma nota de 10 reais com meus dedos, corriam pelos seus olhos uma água triste.
"você acha que eu aprendi da onde, porra?" gritei.
me concentrei em fazer fileiras do conteúdo branco na mesa de cozinha a minha frente e cheirar a droga.
Minha mãe me olhava incrédula, como se não tivesse me sustentado minha vida inteira com drogas.
"Não se pague, Leonardo. Sempre tive um dilema nessa casa, nós vendemos, não usamos. nós não somos burros."
escutava seu piti enquanto encarava o pouco pó restante na minha frente.
nunca fui viciado realmente em nada, fumo maconha desde os meus 14 anos, mas nunca fui dependente, até alguns meses atrás quando tive vontade de usar.
"você é traficante, mãe. e acha que tem alguma moral de me dizer o que posso usar ou não?"
"sim, sou sua mãe."
"o primeiro beck que fumei na minha vida achei no seu quarto. cresci assistindo você colocar drogas em plásticos enquanto meus amigos tinham mães que faziam bolos quando eles estavam tristes. isso é culpa sua, é uma consequência de como você me criou."
"cale a boca." disse meu padrasto e meu irmão em sintonia nos observando do outro lado da cozinha. os dois já sabiam que estava usando e já tinham me avisado que a reação da minha mae não seria boa, o fato de eles tomarem o lado dela me irritava mais.
"eu sou uma ótima mãe. sempre fui. eu fiz o que tive que fazer para sobrevivermos, leonardo."
então colocar um menino de 12 anos para te ajudar a vender drogas era necessário? pensei. Mas não disse nada em voz alta, porque sabia que iria levar um coice se continuasse. minha mãe me obrigou a ajudar com o tráfico desde pequeno, não tivemos opção, então tentava não culpar ela, pois não tínhamos o que comer. mas algo no fundo de mim sentia um rancor, por não ter me dado uma infância normal.
Por mais que ela agora não usasse, usou pela maioria da minha infância. meus pequenos pés mal alcançavam o telefone quando tinha 8 anos e tive que ligar para o hospital porque mamãe tinha vômito no rosto e deitada no chão sem se mexer.
quando chegamos lá, o policial me perguntou se ela me obrigava a fazer xixi no potinho, o que eu não entendi o motivo dele falar com desgosto em sua voz, já que ela sempre me dava um biscoito depois de eu terminar de fazer o exame pra ela.
Levantei da mesa e comecei a sentir os picos de energia que costumava a sentir com uso de cocaína.
Minha mãe continuo a me seguir.
"Você não pode entrar nessa vida também! me recuso a deixar você passar pelo o que eu passei." gritava andando pela casa com sua vassoura e cabelos pretos iguais aos meus presos.
"Tarde demais." disse encarando seus olhos antes de fechar a porta na sua cara.
meu quarto era pequeno e bagunçado. cheio de seringas e desenhos espalhadas pelo chão e bancada.
peguei meu caderno, meus lápis, e comecei a fazer arte enquanto minha mente girava de um lado para o outro.
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O Custo De Viver
Romance"me beije. me beije, emma stein. até minha mandíbula machucar, até nossas línguas cansarem de dançar, até nossos corpos suarem e grudarem, e eu estar dentro de você. Me beije até que eu esqueça de todos os outros gostos que eu já provei, me beije pa...