Ferida.

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Hinata:

Ao cruzar a porta do prédio, pude notar vários olhares direcionados a mim. As lágrimas rolavam sem parar. Eu chorava em silêncio, mas parecia que mesmo assim as pessoas notavam.

Quando passei pela recepcionista, ela me chamou para peguntar se eu estáva bem, apenas acenti com a cabeça e sai.

E foi quando eu sai que tudo começou a desmoronar...

No exato momento em que sai do condomínio, pude respirar um ar mais leve, e que foi o gatilho pra meu choro se intensificar.

Comecei a correr entre as pessoas das calçadas, esbarrava na maioria, e nem me desculpava como de costume. Era xingada e empurrada. Mas nada disso importava, nada fazia sentido naquele momento.

Meu coração estáva apertado no peito, e eu sentia que a qualquer momento ele pararia de bater... minhas pernas fraquejavam vez ou outra, mas eu não parava de correr, não podia. Não! Tinha que continuar.

Ventos fortes faziam as folhas das árvores se mexerem, e o lixo que havia no chão se movia de lugar. O céu estáva cinza escuro, e um vento frio soprava com força.

Como o Toneri que pela manhã havia me dito para me agasalhar, havia dito coisas tão.... ruins comigo?

Não podia ser real... não fazia sentido algun.

Estáva parada no meio da calçada, quando uma onda de pessoas passou me empurrando. Vinha uma chuva forte à frente. Até os carros aceleraram para chegar logo em casa.

- eii garota não fique ai parada! Vá pra casa!- gritou um senhor que esbarrou em mim.
- eu até voltaria...se eu tivesse uma...- disse em um sussuro inaudível.

E então os pingos de chuva engrossaram. Não era uma chuva com raios e trovões. Era apenas água e ventanias frias.

Meus tênis que outrora foram brancos, se encontravam marrons por pisar na lama nas calçadas. Minha roupa estáva completamente molhada, mas eu não me importava.

Caminhava sem destino pelas ruas vazias de Osaka. Quem quer que passase por ali não iria notar minhas lágrimas em meio as gotas de chuva.

O que quer que tivesse acontecido naquela sala era mentira, Toneri não era daquele jeito!

Girei meus calcanhares e corri de volta a casa, mas no meio do caminho, veio o choque de realidade...

Ele não era assim...ou...eu que não conhecia ele de verdade?

A insegurança aumentou. E voltei a correr sem rumo na chuva forte que caia.

Cheguei a um parque aberto. Minhas pernas já doiam por tanto andar e correr. Então avistei uma árvore ao longe.

Quando cheguei perto da árvore, percebi onde realmente estáva....

No lugar onde tivemos nosso primeiro beijo.

Meu coração doeu mais ainda, coloquei a mão em meu peito doído, e aos poucos fui me agachando no gramado molhado.

Em fim, eu pude realmente chorar de verdade. Chorar pesada e copiosamente. Chorava tanto que o ar sumia, e me via ter que lutar para respirar. Chorei tanto que o corpo não parava de tremer. Entre soluços e suspiros pesados, me afogava naquelas malditas lágrimas.

Estáva tendo uma crise de ansiedade...

A quanto tempo eu não tinha uma daquela?

Desde que tinha o conhecido!

Que irônico não?

Um filme passava em minha mente. Desde a primeira vez que o vi, o primeiro beijo de baixo daquela cerejeira, a viagem ao interior, os dias que passamos juntos em casa, da viagem a Tóquio, o jantar, o pedido de noivado.... tudo passava como um lupin na minha cabeça.

Recomeço (Tonehina)Onde histórias criam vida. Descubra agora