paroxetina ;; choi beomgyu

to

(alerta de gatilho nesse capítulo).

2017.26.08

querido diário, meus braços ardem.
eu sinto falta de ar, eu chorei muito.
eu me sinto tonto, sinto como se eu fosse desmaiar a qualquer momento.
e, bom, se tivesse como desmaiar e ficar assim pra sempre, eu não reclamaria.

a última coisa que ouvi ou pude ver antes de minha visão ficar completamente escura, foi alguém de cabelo azul gritando meu nome, mas sua voz parecia distante.

BEOMGYU's DIARY – off.

quando acordei, me vi em um quarto com paredes brancas e detalhes azul bebê.
escutei um "pi" repetitivo e irritante, então olhei para o lado e vi um monitor cardíaco. Droga, não tinha dado certo.

meus braços estavam enfaixaros, havia uma agulha grudada em minha mão, eu estava recebendo soro.

gritei para chamar minha mãe, mas minha voz não saiu, eu estava completamente fraco.

eu já era totalmente inútil, não vi diferença.

e então, eu me levantei, tirando todos os aparelhos idiotas que me prendiam, inclusive a agulha que transmitia soro para o meu corpo.

eu havia feito uma carta para meus pais, uma para minha avó, e outra para Soobin.

era o dia, eu não aguentava mais adiar.

⚠️ GATILHO.

eu senti lágrimas quentes descendo pelo meu rosto, mas eu não demonstrava nenhuma emoção.

eu estava feliz, de verdade! eu iria ter a tão sonhada liberdade, mal podia esperar.
fiquei triste apenas por ter que deixar os meus meninos para trás, mas não posso levá-los... eles são anjos, não merecem ir ao inferno comigo.

eu deixaria para trás as pessoas que mais amo nesse mundo, mas ainda estava com um sorriso no rosto, pois, pela primeira vez em muito tempo, eu fiz algo por mim.

as lágrimas ainda se faziam presentes quando eu cheguei ao terraço, sorrateiramente.
se alguém me visse, era o fim de tudo.

eu não sei como meus pais reagiram ao me ver desmaiado, o banheiro ensanguentado e meus braços magros, porque foi a última coisa que eu me lembro de ter feito.
e foi a primeira vez que eles me viram sem moletom depois de um tempo.

eu estava na ponta de um prédio extremamente alto, um dos melhores hospitais de Seul.

eu me senti intimidado por um momento, mas não arrependido, então eu cheguei mais perto, devagar, pensando se não tinha esquecido nada.

cartas, presentes, e meu celular estava comigo, já que peguei na mesinha do quarto em que eu estava.
tudo em ordem.

eu olhei para o céu, esperando que, se o paraíso existisse, eu fosse para lá, porque eu merecia.
se suicídio é pecado, por que Deus deixou eu sofrer tanto na Terra? Ele sabia que uma hora eu não aguentaria mais, porém nunca fez nada para eu melhorar, por mais que eu tenha rezado milhares de vezes com as lágrimas mais dolorosas que poderiam cair de olhos humanos.

então, eu respirei fundo, extremamente fundo, porque era meu último suspiro.
minha vida inteira passou como um filme de 30 segundos na minha cabeça, e mais uma lágrima caiu dos meus olhos.
eu vou deixar o Beomgyu de 10 anos extremamente chateado agora. Mal terminei o ensino médio, e ele sonhava em ser astrólogo.
bem, fica para uma próxima vida, pequeno Gyu.

escutei alguém chamar meu nome logo atrás de mim, mas pulei antes que essa pessoa me alcançasse, pois eu sabia quem era.

SOOBIN POV.