Uma História de Fogo e Sangue

Onde faço minha reclamação? Eu não queria ser reclamada.

Enquanto eu despertava e me deparava com Leo dormindo segurando minha mão, um garoto loiro, alto e bronzeado que usava uma camisa do Darth Vader, entrou no cômodo.

-Ah você acordou! Prazer, eu sou Will Solace.

-Hm, S/N Brown.

- Bom, S/n, você passou por muita coisa e precisa descansar um pouco. Mas tudo isso foi impressionante. Tudo bem que você ainda não sabia que era filha de um deus, mas é poderosa, derrotou uma furia e sobreviveu, depois se curou rápido. Como nenhum monstro te encontrou antes?

- Eu não sei... Eu via eles antes, não com muita frequência enquanto estava no Brasil, mas quando vim pra cá sim. Só que eu acho que eles nunca me viam, só a Sra Dodds.

- Diferente... Mas que bom que Leo e Quiron te encontraram, e ele não sai do seu lado desde então.

-Desde quando especificamente?

-Uns 4 dias. Você precisava de tempo pra se recuperar e ele se recusou a sair até que estivesse bem. Enfim, você já está melhor e eu tenho que ir. Leônidas acorda!

Leo pula num susto e abre um sorriso ao me ver consciente, depois cora e solta minha mão.

-Seu nome é Leônidas? -Falo rindo

- Não enche S/N -diz ele fingindo incomodação

- Eu preciso trocar de roupa, mas você vai me mostrar esse acampamento depois?

- Claro que vou, eu sou um cavalheiro

Leo se virou de costas educadamente enquanto eu vestia minhas roupas, uma mistura de sentimentos crescia dentro de mim: eu queria ou não queria que ele se virasse pra olhar?

Só nesse momento pude reparar que meus braços estavam enfaixados e meu rosto coberto com todo o tipo de unguento, eu devia estar um nojo. Como poderia deixar Leo me ver nesse estado? Se bem que diferença não faria, ele já tinha visto de qualquer jeito e eu estava morrendo de vontade de sair daquele lugar.

-Prontinho, vamos?

Leo se vira e me acompanha até a saída. O acampamento era lindo, cercado por um campo de morangos (que Leo me explicou serem vendidos e servirem como renda para o acampamento) e colinas.

Não pude deixar de achar a situação engraçada, há menos de 2 meses eu havia apresentado a Tritan High School para Leo, para que ele não se sentisse deslocado, e agora a situação era exatamente o contrário.

Leo me levou até a praia, a quadra de vôlei e ao bunker 9, a oficina de trabalho particular dele.

- Então você trabalha aqui? E monta todas essas coisas sozinho? -falei, pegando e analisando alguma coisa complicada demais pra que eu pudesse identificar.

- Ei, ei, ei. -O garoto correu em minha direção e tirou a engenhoca do meu alcance- Larga isso! Quer levar um choque e se machucar mais do que já tá?

- Minha autoestima vai nas alturas com esse comentário, Valdez. -digo revirando os olhos. Que tato.

- Desculpa S/N, é que eu não posso mais ver você se ferir por minha culpa.

- Sua culpa? Mas como assim?

- Se eu tivesse chego antes e te ajudado com a fúria você podia estar bem e... Se eu tivesse arranjado outro jeito de te esconder você não teria se queimado.

Toquei meu rosto com cuidado, não fazia sentido: me queimado? Ele pareceu ter entendido minha dúvida, então acendeu uma pequena labareda por entre os dedos. Me afastei com a surpresa e com medo. Pude ver a decepção nos olhos de Leo, ele também não gostava disso.