Prólogo

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Istambul, 2002. Finalmente, Can havia conseguido transferir todos os dados. Nos fones de ouvido, "In the end" do Linkin Park começava a tocar. Jurou para si mesmo que esse era o último trabalho que fazia para o desgraçado, ele que cumprisse com o trato. Salvou tudo em dois CDs, enfiou-os na mochila e saiu.

O desgraçado era seu pai, Vural Karadag, que acabara de sair da prisão após longa pena por roubo e contrabando. Can passou a adolescência em orfanatos do governo, pois sua mãe havia morrido quando ele era um bebê. Seus avós também já eram falecidos. Ele odiava o pai. Agora, aos 18 anos, tudo o que Can Karadag queria era livrar-se do marginal e entrar na faculdade de Ciência da Computação. Conseguiu uma bolsa de estudos pelas excelentes notas no ensino médio e pelo inglês fluente. Dentro da educação que pôde ter nas escolas públicas, ele se dedicou ao máximo, sendo sempre o melhor aluno da escola. Mas seu emprego na gráfica não seria suficiente para pagar a matrícula da faculdade particular. Can se recusava a trabalhar na boate de Vural e envolver-se em seus negócios sujos. Então, ele fez um trato com o pai marginal: invadiria o banco de dados de uma grande empresa marítma de transporte de cargas, passaria os dados para o desgraçado e ele pagaria a matrícula da faculdade. Jurou para si mesmo que essa seria a última vez que atuaria como hacker para o pai.

O ônibus demorou mais do que ele esperava. Praguejou olhando a hora no relógio. Tinha que chegar até a boate antes que abrisse para mais uma noite. Não queria ter que discutir com o pai em meio àquele barulho e público decadente. Apertou o passo quando desceu do ônibus, ainda tinha uma hora pelo menos. A boate inferninho em Aksaray já estava pronta para abrir, mas não havia ninguém no salão. O silêncio foi quebrado por um grito.

Crime e Paixão em IstambulOnde histórias criam vida. Descubra agora