Prólogo

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Boston, 1989

— Mãe! Fala para o Taehyung tirar a cabeçona dele do meu colo!

— Para de gritar no meu ouvido, bobona!

Viro meu corpo para o lado de Minji e tampo a boca dela com minha mão na intenção de fazer minha irmã ficar calada e não interromper mais uma vez meu sono.

— Ah, seu filho da mãe!

O rosto de nossa mãe aparece na janela do carro com uma expressão de repreensão. As pontas de seus cabelos longos e mais negros do que os de minha irmã quase que encostam nos meus coturnos surrados.

— Minji, olha a boca. — Solto um riso anasalado debochando da caçula.

A Kim mais nova começa a bater forte em mim com o livro que estava lendo. Levanto rapidamente sentando no banco de couro do Opala.

— Viu o que tenho que passar? Taehyung sempre faz coisas para me irritar e eu que levo bronca. — Continua batendo no meu braço.

— Para, chata! — Passo a mão fingindo que está doendo e olho para a minha mãe com cara de cachorrinho abandonado. — Eu disse pra você, Jangmi, que não era uma boa ideia tirar do lixão essa criança.

— Acorda, Taehyung, você não notou que é o único feio da família? É porque você é adotado.

Ri zombando da minha cara e solto uma risada falsa fazendo careta. A menor aproveita e bate com o livro enorme na minha cara. Pego-o de sua mão e estendo meu braço para fora do carro ameaçando jogá-lo na rua. Minji pula em cima de mim na tentativa de pegá-lo de volta.

— Taehyung e Minji, chega! Se tiver essas briguinhas na casa da vovó eu deixo os dois de castigo no verão inteiro!

Minji e eu paramos de nos debater imediatamente. Olho para a cara de minha irmã, seus olhos estão quase saindo do rosto e está toda descabelada. Não devo estar tão diferente da pequena.

Jangmi ri alto quando percebe o estado que deixou seus filhos. Meu sorriso se abre imediatamente quando encontro o dela. Ela me disse uma vez que quando eu era bebê só sorria genuinamente com ela, isso ainda é verídico, com exceções dos meus melhores amigos, minha irmã e o Eddie Murphy, só minha mãe consegue me fazer rir.

— Agora, — Recompõe-se para continuar fazendo seu papel de mãe — Sr. Taehyung, devolva o livro para a Srta. Minji.

Reviro os olhos e entrego o livro para a menor.

— Saiba que eu vou trancar a porta do meu quarto para você não correr pra lá quando não conseguir dormir de medo. — Passo as mãos nos meus fios de cabelo tentando arrumar.

— Eu não sou mais criancinha. — Mostra a língua para mim — E esse livro do Stephen King nem dá tanto medo assim. — Balança os ombros fingindo indiferença.

— Fala isso para o xixi que aparece na sua cama toda vez que você vê alguma coisa de terror. — Gargalho alto de implicância e Minji revira os olhos corada.

— Para de perturbar sua irmã! — Mamãe dá um tapa no meu ombro. — E outra, parem com esse assunto de ''encontrada da caçamba de lixo'' porque da última vez fiquei uma semana inteira tentando tirar da cabeça dela que ela não é adotada.

— Você é muito bobona de acreditar sempre em tudo que eu falo, Minji. — Rio fraco.

Eu tenho certeza que se eu disser que vi o palhaço It e o Frankenstein conversando na rua, ela acredita. Acho que é por eu ser o irmão mais velho e ter uma certa influência sobre ela. Confesso que é engraçado usar essa influência desta forma.

JK in Wonderland | kth + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora